quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ano novo: tempo de renovarmos nossas esperanças


Amanhã outro ano se finda.
Começa uma nova contagem de um mesmo tempo.
Dias e noites se alternam em um novo calendário.
Todavia fica tudo diferente uma vez que refazemos nossos planos e relançamos nossas esperanças. Isso muda tudo. Faz renascer a vida.
Acredito que nós, seres humanos, somos seres de esperança e de sonhos. São eles que alimentam nosso espírito. Que fazem nosso olhar brilhar. Sem brilho no olhar não existe vida.
Desejo a vocês um olhar brilhante em 2010.
Termino pegando emprestado o texto de Mário Quintana, que recebi de minha cunhada Carime, enfeitado por flores de uma Ipoméia Rosa do nosso jardim.

"O Ano Novo ainda não tem pecado:
É tão criança...Vamos embalá-lo...
Vamos todos cantar juntos em seu berço de mãos dadas,
A canção da eterna esperança."
Feliz Ano Novo !!!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Um conto de natal

Era ainda criança pequena quando Maria descobriu que Papai Noel não existia.
Filha mais nova de uma dezena de filhos de um casal, essa descoberta fora antecipada graças às traquinagens de seus irmãos mais velhos.
Seu pai era um atacadista autônomo. Para abastecer seu atacado ele viajava para São Paulo. Lá ele comprava diversos bens de consumo que eram revendidos nesses pequenos armazéns, que vendem de tudo um pouco, que existem nos lugarejos do interior de nosso país.
Sempre, antes de fazer a última compra do ano, ele levava os pedidos de presentes de natal de seus filhos, que eram comprados com as demais mercadorias que abastecia seu atacado.
Assim que chegavam as mercadorias compradas as enormes caixas eram abertas e descarregadas por seus filhos para abastecerem as prateleiras do atacado do pai.
Todavia, perto de Dezembro, sempre uma caixa enorme ficava fechada e seus filhos não tinham acesso a ela.
Um belo dia o irmão mais velho de Maria chamou os outros irmãos e disse que na caixa fechada estavam os presentes de natal.
Assim que os pais saíram eles subiram no atacado, que ficava no andar de cima da casa onde moravam, abriram a caixa. Lá estavam todos os brinquedos que eles iriam ganhar no natal!
Cada um recebeu o brinquedo que havia pedido e todos brincaram.
Perto da hora dos pais voltarem eles guardavam tudo na caixa e a fechavam, como se nada houvera acontecido.
Assim foi feito até na véspera de natal.
Quando na noite de natal os pais foram distribuir os presentes alguns já estavam até quebrados. As crianças não receberam seus presentes de natal.
A partir de então no natal passaram a ganhar só presentes úteis: roupas, calçados, etc e o natal foi perdendo a graça para a criançada daquela família.
Maria, porém, era salva pelo presente de sua madrinha de batismo que, a cada natal, lhe dava um jogo ou um brinquedo interessante.
Passaram-se vários anos e o irmão mais velho de Maria foi morar e trabalhar no Rio de Janeiro.
Quando ele era ainda solteiro, sempre no natal, que ele passava com sua família, ele trazia ótimos presentes para seus irmãos.
E Maria? Maria cresceu e se tornou madrinha. Dessas que a cada natal presenteia seus afilhados com jogos e brinquedos.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Já é natal.

O Natal está chegando e só se fala nisso.
Estamos aqui, Roberto e eu, no sul da Bahia.
Os filhos crescem e tomam seus rumos A vida é mesmo feita de temporalidades diferentes. Agora é tempo dos nossos filhos correrem atrás de seu próprio sustento. Já fizemos isso também. Hoje ainda trabalhamos. Todavia o já construído nos possibilita nos darmos ao luxo de umas boas férias. Digo darmos ao luxo pois, como sabemos, a maioria da população brasileira nem sabe o que é isso.
O fato é que, nesse natal sem filhos, já fomos adotados pela família Falcão-Faria, onde iremos passar a noite de natal.
Nossa filha também já foi adotada por familiares de seus amigos, em nossa cidade.
Já nosso filho, que mora no sul maravilha, continua sem convites.
Interessante observamos a diferença da colonização incidindo nas relações humanas.
Algumas culturas, no que diz respeito às relações sociais, são mais abertas e solidárias que outras. Estabelecer relações sociais e ser acolhido para o natal na família de outrem é mais difícil no sul do Brasil, do que no sudeste e no nordeste. Essas afirmações são todas baseadas no senso comum. Mais que isso, no coração de uma mãe, dessas de descendência italiana, que fica aflita em pensar na possibilidade de seu filho, já bem crescido, é bom que se diga, passar a noite de natal sozinho em sua casa.
Feliz Natal para tod@s e todos que me lêem.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Algumas lembranças risiveis de meu pai

Meu pai, Seu Milton, tinha um lado muito engraçado.
Ele tinha um jeito muito peculiar de se expressar que nos fazia rir bastante. Escondido é claro! Se ele percebesse era uma bronca na certa.
Algumas de suas histórias nos fazem rir sempre que nos lembramos delas.
Vou dividir algumas dessas minhas lembranças com vocês.
Eu era criança e devia estar vivenciando o complexo de édipo, época em que, nós mulheres, achamos nosso pai o máximo. Meu pai havia estudado até a quarto ano do curso primário. Fato comum para as pessoas nascidas em 1922, que era mais ou menos época em que ele nasceu. Época em que, no Brasil, o acesso à escola não era para todas as crianças e adolescentes que muito cedo ingressavam no mercado de trabalho.
Todavia meu pai era muito inteligente e autodidata. Ele lia bastante, fazia cálculos de cabeça, o que me deixava bastante orgulhosa de ser sua filha.
Hoje penso que ele gostaria de ter estudado mais. Ele sempre brincava comigo dizendo que era doutor. Criança, vocês sabem, acredita em tudo que o adulto diz. Eu acreditava nele.
Uma ocasião nossa casa estava sendo pintada pelo Sr. Tarcílio. Ele era um Senhor simpático que me dava assunto e criança adora quem lhe dá assunto, não é mesmo?
Em uma de nossas conversas resolvi contar vantagens de meu pai, coisa que criança faz sempre também e me sai com essa:
- Seu Tarcílio o Sr. sabia que meu pai é doutor? ele morreu de rir.
- Doutor nada, Ângela. Ele retrucou.
Eu muito ingenuamente expliquei:
- É sim Seu Tarcilio. Papai é formado na estrebaria de Coimbra.
Ele morreu de rir e contou para o meus pais e irmãos.
Fui motivo de gozação por um bom tempo em minha família.
É que meu pai, brincando, me dizia que ele era Doutor formado na estrebaria de Coimbra.
Eu acreditava piamente nele e me orgulhava muito de seu título.

Das mentiras que contamos para agradar o outro.

Tenho experimentado muita coisa engraçada desde que inaugurei esse blog.
Num primeiro momento, assim que afrouxei meu super ego e me permiti escrever, fiquei desejosa de saber a opinião dos possíveis leitores.
Claro que as primeiras vítimas sempre são nossos parentes e amigos. Avisei a tod@s e a todos da existência do meu blog.
Passou-se um tempo de silêncio. Depois algumas pessoas começaram a postar comentários no blog ou a tecerem seus comentários por email.
Gozado é que pessoas que nunca entraram no blog me mandam email dizendo que o visitaram, mais que isso, que estão acompanhando o que escrevo. Porém com os recursos instalados no blog posso ver de onde são meus leitores. E a cidade dessas pessoas não aparece.
Moro de rir e me lembro das muitas mentiras que volta e meia contamos para agradarmos aos outros.
Nesse caso específico cabe dizer que tais mentiras confirmam o ditado popular: tem pernas curtas!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Coisas da vida: chega ao fim um bom ano

Está chegando o natal e as festas de fim de ano. Nessa época é comum fazermos um balanço da vida. Cá estou fazendo o meu.
Gostei do que vivi no ano que está acabando. Tanto do ponto de vista de realizações pessoais quanto do ponto de vista político.
Do ponto de vista político acho que esperei uma crise econômica sem precedentes e o que ocorreu foi a tal "marolinha", prevista pelo nosso presidente e tão criticada pela midia. Claro que continuamos a contar tostões e a política economica sempre favorece quem tem mais dinheiro.
Mas confesso que ando feliz com os rumos que nosso país vem tomando.
Sou a favor do bolsa família. Uma situação de miséria degrada o ser humano e sua família.
Não se consegue sair da miséria sem auxilio econômico efetivo. E cabe ao Estado Brasileiro prestar esse auxilio.
Esperava mais do governo Lula, no que diz respeito ao enfrentamento das questões sociais. Admiro a independência do governo brasileiro em relação ao governo Americano na condução de sua política externa. Sempre achei que o que é bom para os USA quase nunca é bom para o Brasil, e para os países de terceiro mundo.
Na área de educação o atual governo deu uma lufada de oxigênio nas Universidades Federais, que vinham morrendo a míngua: autorizou concursos para contratação de professores, aumentou salários, que estavam baixíssimos, e criou mais um quadro no plano de carreira dos docentes. Claro que tem ainda muito o que fazer. Sempre terá.
Falando do governo Lula gostaria de finalizar dizendo que chama minha atenção a raiva de algumas pessoas contra a pessoa do atual presidente. É uma raiva enorme e indignada.
Leio essa raiva como um ódio frente a transgressão do Lula que ousou mudar de classe social. Como pode um torneiro mecânico chegar a presidente do Brasil? Ainda mais sem ter se garantido em um curso superior?
Essa raiva pode ser lida de outra forma também. Frente aos infortúnios de sua vida pessoal, algumas pessoas esperavam em LULA a salvação. Como não existe mágica na condução da vida política do país, nem Lula é milagreiro, o Estado Braslieiro é o que é :fruto dos desmandos políticos de séculos. Para mudar isso não bastam dois mandatos. Soma-se a isso a comodação da população brasileira que não leva para a vida política a sabedoria que tem para organizar carnavais e torcidas.
Claro que em política, como na vida, não existem santos. Todos temos nossos próprios demônios que nos atormentam.
Meus demônios teem andado meio adormecidos. E termino o ano bem contente.
Fora as rugas e os quadris que estão mais largos tenho gostado bastante maturidade que vem com a idade. Para mim tem o significado de liberdade de viver, escrever e ir remando pela vida.
Alguns assuntos como política, futebol e religião são polêmicos sempre. Ninguém é obrigado a concordar comigo. Só estou dando o meu ponto de vista.
Claro que com isso corro risco de perder leitores, que devem chegar a meia dúzia. Paciência!Fazer o quê!? Ninguém é obrigado a gostar do que escrevo e de concordar comigo.
Acho que por isso gosto de cozinhar: uma comidinha bem feita ativa as papilas gustativas de todos os comensais e a boa mesa é sempre um fator de união entre as pessoas.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Dos filmes que eu vi: Cinema Paradiso

Cinema Paradiso é um filme italiano de 1988, que revi recentemente. É um filme belíssimo do diretor Guiseppe Tornatore. Esse filme é uma homenagem ao cinema e a vida.
O filme conta a história a partir das lembranças de Salvatore de sua infância, adolescência, e de seu amor pelo cinema.
Todo filme se passa em uma pequena cidade da Sicília, logo após a Segunda Guerra Mundial, época em que não havia televisão e o cinema era a grande diversão da população da cidade.
A história gira em torno da vida da relação de Totó, apelido de Salvatore, com Alfredo, projetista da cidade.
Totó é um menino muito vivo e esperto que perde o pai na Segunda Guerra Mundial.
Como todos os moradores da cidade ele adora cinema.
Porém o que realmente o fascina é o que se passa na sala de projeção de um filme. Lá ele pode, dentre outras coisas, ver todas as cenas já censuradas pelo pároco da cidade.
Em suas idas e vindas à sala de projeção ele estabelece uma relação afetiva, nos moldes de uma referência paterna, com Alfredo. Observando atentamente a forma como este executa sua função Totó aprende o ofício de projetista.
Após um acidente Alfredo fica impossibilitado para o trabalho e Totó se torna, o projetista da cidade.
Ao entrar na adolescência Totó se apaixona por uma moça rica e é frustrado na realização desse amor pelo pai da moça. Desiludido ele se muda para Roma e se torna um diretor de cinema reconhecido.
A morte de Alfredo o obriga a recordar toda sua vida e o leva de volta a sua cidade natal, que ele não visitava fazia 30 anos.
Lá ele assiste a implosão, pela prefeitura, do Cinema Paradiso, que é uma metáfora das mudanças ocorridas na vida dos moradores da cidade.
Algumas cenas chamaram minha atenção.
A praça da cidade é, no inicio do filme, do povo e do louco, esse totalmente integrado à vida da comunidade. Essa mesma praça, no fim de filme, é toda ocupada por carros.
As viúvas que perderam o marido na guerra. Os filhos sem pais.
A simplicidade do cotidiano dos moradores.
A escola que segrega e castiga os atrasados.
O poder da igreja na censura dos filmes.
A mãe que descarrega em Totó suas dificuldades e frustrações.
O lugar privilegiado reservado para as autoridades ou os ricos no cinema.
A medida que Alfredo, depois Totó, projetam filmes assistismos não só a história do cinema, em diferentes tempos, como também a magia que o cinema que provoca nos expectadores.
A plateia é parte da narrativa com sua alegria, risos e choros.
A história é excelente, assim como sua trilha sonora.
Eu diria que Cinema Paradiso é um desses filmes que, sempre, vale a pena ver de novo.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Por um natal mais humano.


Dezembro é tempo de natal, época de luzes, flores e promessas de vida.
A cidade aonde moro já está toda enfeitada na orla e nos bairros por onde ando.
As tardes de verão convidam a um passeio no calçadão sentindo a brisa do mar.
O horário de verão, que retarda o anoitecer, nos engana e nos convida a vivermos mais um pouco a cada dia.
Foi, há alguns anos atrás, em uma dessas tardes lindas de dezembro, ao voltar do trabalho, que me deparei, pela primeira vez, com um homem puxando uma carroça. Ele catava papel, garrafa pet, vidros e outros materiais recicláveis nos lixos e saía, como um animal, puxando uma carroça lotada com o material que ele estava coletando.
Aquela cena me causou muito mal estar e indignação.
Aquele foi o primeiro desses catadores de papel que encontrei.
Muitos outros continuam pelas ruas da cidade durante todos os meses do ano. Eles passaram a fazer parte da paisagem urbana, que reflete as desigualdades sociais de nosso país.
Como o natal é tempo de esperanças e sonhos, um sonho recorrente sempre me retorna. É o sonho de um Brasil menos desigual, com trabalho digno para todos os brasileiros.
Nesse dia as tardes de dezembro serão mais iluminadas, a brisa do mar mais fresca e as flores serão mais coloridas e perfumadas.
Procuro fazer uma pequena parte para que um dia esse meu sonho se torne realidade. O que faço é um gota dágua no oceano.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Esfirra da Lúcia

Essa é outra receita da culinária árabe, que remonta as descendência de Roberto, meu marido.
Acho a comida árabe deliciosa e ter aprendido algumas receitas de Dona Maura, minha sogra, agradou a todos aqui de casa.
Essa esfirra quem me ensinou foi a Lúcia, minha cunhada, que aprendeu com a mãe, que aprendeu com a sogra, que nem sequer falava português,...
Só nessas duas frases acima citei quatro famílias nas quais essa receita já circulou. Para cada uma dessas familias multiplique pelos seus descendentes, só para termos uma idéia do quanto é fantástico trocarmos receitas. Trocar receitas significa trocar histórias, trocar sabores, costumes.
Cozinhar é isso! Agregada a determinada receita vai o modo de ser de um povo, de uma cultura. Cada receita é parte desse universo simbólico que antecede a cada bebê que nasce. Ele já nasce imerso em uma determinada cultura, língua, sentindo aromas de certos temperos, que já vai lhe despertando o paladar.
Sintam o cheiro e o sabor dessa esfirra!
ESFIRRA DA LÚCIA
INGREDIENTES DA MASSA
  • 1/2 kg de farinha de trigo branca
  • 1 ovo
  • 1 colher de sopa de açúcar
  • 1 colher de chá de sal
  • 2 colheres de sopa de manteiga
  • 2 colheres de sopa de óleo
  • 2 tabletes ou duas colheres de sopas de fermento de padaria
  • 1 xícara de leite morno
MODO DE FAZER
Desmanche o fermento em um pouco do leite morno e farinha. Deixe descansar cinco minutos. Acrescente os outros ingredientes até ficar no ponto de massa de pão. Sove a massa. Coloque uma bolinha de massa em um copo de água: quando ela subir a massa estará no ponto para ser aberta e recheada.
Abra a massa com um rolo de madeira - não a deixe fina demais senão o recheio vaza.
A esfirra pode ser feita aberta ou fechada.
Aberta ela é redondinha, como pequenas pizzas - com a borda alta, para o recheio não cair. Fechada ela é cortada em triângulos, que depois de recheados são fechados como pequenas trouxinhas.
RECHEIO
  • 700 gramas de carne moída
  • 1 cebola grande batidinha
  • salsa, cebolinha
  • 1 tomate - sem pele picadinho
  • sal a gosto
  • 1 limão.
Misturar tudo muito bem e rechear as esfirras.
Assar em forno quente. Assa rápido. Irei observar o tempo de depois acrescento aqui.
Guardar em uma vasilha tampada e forrada com um pano de prato para que ela fique bem macia.
É uma excelente opção para um lanche.
Deu água na boca?

sábado, 5 de dezembro de 2009

Dos filmes que eu vi: A Rosa Púrpura de Cairo

A Rosa Púrpura de Cairo é um filme dirigido por Woody Allen.
A história se passa em um lugarejo, no interior dos Estados Unidos, na época da grande depressão da economia americana.
Cecília, a personagem principal, é uma garçonete apaixonada por cinema.
Para sobreviver a um casamento no qual o marido a explora e maltrata Cecília se refugia na fantasia dos filmes românticos que assiste.
Tendo ido repetida vezes assistir ao mesmo filme em cartaz no pequeno cinema de sua cidade, ela é notada pelo personagem que faz o papel de um arqueólogo. Tom Baxter sai da tela para viver um romance com ela.
Tal atitude paralisa o filme e os demais personagens ficam sem saber o que fazer, já que as cenas se misturam, ficando impossível finalizar o filme.
A plateia pede o dinheiro de volta.
Acionados pelo dono do cinema, os executivos de Hollywood entram em pânico pelo prejuízo que poderão ter caso isso se repita em outros cinemas. Eles tentam, a todo custo, fazer o personagem voltar para a tela.
Essa nova situação deixa Tom Baxter feliz por se ver livre da repetição das mesmas cenas e por estar apaixonado.
Cecília, por sua vez, que está realizando sua fantasia de viver um romance com um cavalheiro apaixonado, delicado.
Como Tom Baxter é um personagem ele vive totalmente fora da realidade e age como se estivesse em um setting de filmagem. Ele está sempre aguardando a ordem do diretor para que a cena seja cortada, após um beijo, por exemplo.
Cecília que está desempregada e cansada de ser desprezada por seu marido, embarca nessa fantasia amorosa.
Incentivado pelos produtores e com medo de perder novos contratos, o ator que fez o papel do personagem apaixonado, viaja até o lugarejo e conquista Cecília com promessas falsas.
Entre viver a fantasia e a realidade Cecília opta pela realidade.
Tom Baxter desiludido volta para tela e o filme que estava paralisado pode continuar.

Esse filme é lindo! Woody Allen capta a função psíquica do cinema que é possibilitar que o sujeito realize suas fantasias sem gastar energia.
Ter um romance com um personagem de cinema: que ser humano, seja ele do sexo masculino ou feminino, já não viveu uma fantasia como essa???
Cecília realiza, em parte, essa fantasia. Digo em parte porque ela opta pelo amor do ator e não do personagem. Ela opta por viver a realidade e não a fantasia. Isso a salva da loucura, ainda que seja a custo de se ver desiludida ao se perceber abandonada por seu novo amor.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Dos filmes que eu vi: A vida no Paraíso

A Vida no Paraíso é um filme sueco de Kay Pollak.
É a história do maestro Daniel Daréus, que sonha em fazer uma música que abra os corações das pessoas.
Daniel é famoso e tem uma agenda lotada pelos próximos oito anos. Sua rotina é estressante. Em um de seus concertos ele tem um colapso, que o obriga a interromper sua carreira.
Para se recuperar do coração ele retorna ao povoado onde viveu sua infância e se oferece para ser o dirigente do coral da igreja.
Quer metáfora mais bonita que essa? Só trata do coração quem busca solucionar seus pontos de fixação infantis que fazem parte de suas formações sintomáticas.
Daniel volta para elaborar seus fantasmas.
Ele, que é todo travado em sua vida pessoal, aprende a andar de bicicleta, com a ajuda de Lena. Ela relembra que ninguém aprende a andar de bicicleta sozinho.
Para aprender a andar de bicicleta a pessoa tem que ter a ajuda de seu semelhante que o segura, o protege e o solta devagarinho, sem que o aprendiz perceba. Ou seja: só sendo amparado pelo outro, em quem se confia, que o sujeito acredita ser capaz de adquirir o equilíbrio necessário para andar de bicicleta. Para andar sózinho ele tem que perder o medo de cair. Só então ele pode descobrir o prazer de ver o mundo equilibrado em cima de duas rodas. Essa cena remete à dependência radical que temos para com nossos semelhantes. Que prazer Daniel demonstra ao vencer esse medo!
A chegada de Daniel ao povoado desagrada à antiga dirigente do coral que perdeu sua função, ao pastor e ao Conny, marido violento da Gabriela, integrante do coral.
Como dizia Guimarães Rosa quanto mais particular é uma história , mais universal ela se torna. Aquele coral é uma metáfora das relações pessoais e sociais. A medida em que o coral vai ensaiando e que as pessoas vão liberando seus recalques, a palavra vai circulando. Isso faz com que cada pessoa vá reconhecendo e elaborando sua própria história de vida, as relações que estabelece consigo mesma e com seus semelhantes.
Suas dificuldades e sofrimentos vão comparecendo ao mesmo tempo em que cantam e se encantam com a música e com a vida. Esse filme mostra, na vida dos diferentes personagens, os sintomas pessoais interferindo nos ensaios do coral.
Vou detalhar alguns recortes que fiz da história.
A realidade de medo de Gabriela, a mulher que apanha do marido e treme ao chegar em casa. A omissão de todos do coral que sabem de sua realidade e que fingem não saber.
O ciúme do pastor pelo sucesso do coral e pelo apreço que os coralistas tem para com o Daniel.
A moça mal falada na cidade por seu comportamento sexual e seu papel afetivo fundamental no coral e na vida de Daniel.
A discriminação e a integração do deficiente mental no coral.
A falsa moral do pastor que se excita com suas revistas eróticas femininas.
A discriminação de um gordo desde a sua infância por um colega do coral.
A vida do pastor e de sua mulher, que também é afetada pela participação dela no coral e por sua revolta, quando o maestro é destituído do cargo por seu marido.
Lena, Arne, Daniel, Olga, Amanda, Inger e todos os outros membros do coral são vozes que ganham vida. Ao falare e cantar eles aprendem a ouvir a si mesmos e ao outro. E percebem "que ficam bravos não com o outro, mas com o que o outro provoca em cada um deles".
A história nos mostra a inveja, o ciúme, a agressividade, a violência, a amor, a solidariedade, o medo, o sonho, a gratidão e tantos outros afetos, sentimentos, tão próprios da vida humana e que comparecem na relação que cada pessoa estabelece consigo mesma e com seus semelhantes.
Isso sem falar das músicas belíssimas e da alegria que os ensaios do coral nos transmitem. Só essas cenas já bastariam para tornar esse filme imperdível!

Pão Italiano de Tabuleiro da tia Tereza

Essa receita aprendi com Tia Tereza, irmã de minha mãe, que morou uns tempos lá na casa de meus pais.

Foi a primeira receita de pão que fiz e deu certo. Isso foi há muito tempo atrás. Hoje não sou nenhuma Babbeth ( vocês já viram esse filme ? É execelente!) mas arrisco bons pratos na minha cozinha doméstica.
Não tivesse eu com cinquenta e alguns anos, poderia dizer que me tornei uma cozinheira de mão cheia! Mas depois dessa idade tendemos mesmo a ficar de "barriga cheia", sejamos boas cozinheiras ou não! Nessa fase da vida é enorme a dificuldade de controlarmos o crescimento da região abdominal, com tudo que vem de acréscimo: colesterol, etc !!!

Bem, chega de conversa fiada. Vamos à receita do pão!


PÃO DE TABULEIRO DE TIA TEREZA
Bater no liquidificador:
  • 2 colheres de sopa de fermento de padaria
  • 3 ovos
  • 1/2 copo de óleo
  • 1 colher de manteiga
  • 2 copos de água norma.
  • 1 copo de leite morno
  • 1 pitada de acúçar
  • 1 colher de sobremesa de sal.

Despejar em uma vasilha.

Acrescentar 1 kg de trigo branco.

Misturar bem com uma colher de pau. A massa fica mole. Não dá para sovar.

Untar um tabuleiro grande com óleo. Despejar a massa .

Deixar descansar 40 minutos e colocar para assar em forno médio.

Esse pão é perfeito para acompanhar um cafezinho rodeado de pessoas queridas.









Frango ensopado à Indiana.

Essa receita de frango é muito apreciada em nossa casa e por nossos convidados. Ela já foi o menu de aniversários e de outras festas domésticas.
Foi Lúcia, minha cunhada, quem me passou essa receita. Gozado é que depois nem ela mesma se lembrava e tive que repassar a receita para ela.
O frango é temperado com curry, que fica divino com creme de leite que é acrescentado na hora de servir.
Sempre que faço essa receita gosto de fazer com o frango inteiro ( em pedaços, claro!), ou com coxas e contra coxas.
De modo geral prefiro as carnes escuras do frango ao peito. São mais molhadas e saborosas. Nessas receita, em especial, essa diferença fica ressaltada.

Frango ensopado à Indiana.
Ingredientes
  • 1 frango de mais ou menos um kilo e meio, limpo e cortado em pedaços.
  • 1 limão
  • 2 cebolas médias
  • sal, a gosto
  • curry a gosto ( aqui em casa a nós gostamos mais picante então eu coloco duas colheres de sopa rasas de um bom curry)
  • 1 maçã verde ( ácida)
  • um punhado de passas
  • 1 banana prata em pedaços.
  • 1 lata de creme de leite

Modo de Fazer

Temperar o frango com sal, limão e curry. Deixar marinar pelo menos duas horas.Dourar a cebola no azeite. Acrescentar o frango e mexer um pouco. Acrescentar os outros ingredientes e deixar cozinhar. Na hora de servir acrescentar o creme de leite.

Essa receita fica divina ! Acompanha muito bem um arroz branco ou integral, com uma salada.

Cabe uma observação: sempre que faço frango retiro toda a pele.

Faço isso por dois motivos. O primeiro é o fato de que, de acordo com o senso comum, os frangos, hoje em dia, crescem à base de hormônios e esses se concentram na pele da ave. O segundo motivo é o tal colesterol. Assim o frango fica mais magro.

Vocês devem estar dando risada pois como um frango com creme de leite pode ficar mais magro!!! Podem rir a vontade pois também acho graça dessas minhas compensações.

Bom apetite!