domingo, 25 de abril de 2010

Dos filmes que eu vi: O Menino de Pijama Listrado

O Menino de Pijama Listrado conta a história de Bruno, um garoto de oito anos, filho de um oficial da SS que passa a comandar um campo de concentração no interior.
Tal fato obriga a Bruno e a sua família saírem de Berlim, onde viviam uma vida confortável e longe dos horrores da guerra. Eles passam a viver no interior em uma área isolada, bem próxima ao campo de concentração comandado por seu pai.
Sem ter amigos com quem brincar Bruno, que se intitula um explorador, descobre por uma "janela indiscreta" uma "fazenda" onde todos usam um pijama listrado a qualquer hora do dia.
Explorando os fundos da casa, local proibido por sua mãe, ele chega até a cerca do campo de concentração onde encontra o que tanto procura: um menino de sua idade com quem pode brincar. Seu novo amigo se chama Schmuel, que é um menino judeu, prisioneiro do campo.
A narrativa do filme privilegia a relação de amizade que surge entre esse dois meninos e, ao mesmo tempo, nos mostra as mudanças provocadas em cada membro da família e nas relações que são estabelecidas entre eles, por essa nova vida tão próxima aos horrores da guerra.
Irei destacar algumas dessas mudanças.
A primeira mudança que destaco é que a casa da família passa a ser também local de trabalho de seu pai. Ali ele recebe comandados e superiores o que faz com que circulem sempre em sua nova casa diferentes patentes do exército nazista assim como prisioneiros judeus. Essa proximidade com soldados da SS e com os judeus desagrada sua mãe, que gostaria de preservar as crianças e, quem sabe a ela própria do que ocorre no campo de concentração. As divergências entre o casal vão aparecendo e as brigas se tornam constantes.
A situação se torna insuportável para a mãe de Bruno, quando ela fica sabendo que os judeus são mortos na câmara de gás e depois são cremados. Ela vai tirar satisfações com o marido a esse respeito e passa a vê-lo como um monstro. Ela entra em uma crise pessoal evidente. Não se arruma mais, se torna desleixada e se desliga da realidade que a cerca. O comportamento da mulher passa a incomodar o marido e as brigas entre os dois passam a ser constantes. Nessas horas Bruno é acolhido por sua irmã, que na verdade se apoia nele também. Algumas dessas cenas nos mostram a situação de desamparo a que ficam submetidas as crianças e adolescentes que escutam ou presenciam as brigas de seus pais.
Uma mudança significativa que ocorre na vida das crianças é que Bruno e sua irmã de mais ou menos 13 anos, não vão a escola. A escola vai até eles na figura de um professor. Ele vem doutriná-los a respeito daquilo que está acontecendo no país e da necessidade de exterminar os judeus, que são a origem de todo mau. O nazismo, enquanto uma política de extermínio do governo alemão, foi uma das expressões máximas da projeção, que é um mecanismo psíquico que supõe que o mau está fora do sujeito, que o mau é o outro, no caso o povo judeu.
Sua irmã apaixona-se por um dos soldados da SS e é facilmente doutrinada. Podemos ver no filme o olhar de espanto e horror em sua mãe ao observar as mudanças que vão acontecendo no quarto de sua filha. Ela se desfaz das bonecas que são despidas e jogadas no sótão e decora as paredes com posteres de Hitler e do nazismo. Suas bonecas, que eram muitas, são destroçadas, despidas e jogadas no sótão, numa alusão clara as inúmeras covas de corpos de judeus mortos que foram encontradas depois do término da segunda guerra.
A percepção dessas mudanças mexem com Bruno que até então tinha no pai um exemplo de bom homem. Ele passa então pelas vacilações que são próprias ao crescimento de todo ser humano. Seu pai é um homem bom ou mau? Os judeus são maus? A seus olhos seu amigo não é mau. Nem o judeu que trabalha na cozinha de sua casa e que o socorreu em um pequeno acidente que teve na ausência da mãe. Ele não gosta das aulas do novo professor e não entende por que não pode mais ler seus livros de aventura.
Bruno se vê dividido entre o olhar materno, que passa a ver o marido como um monstro e seu próprio olhar. Até então, todos na família, com exceto sua avó paterna, viam o pai como um herói, lugar psíquico de um pai na vida infantil de seus filhos.
Outra coisa que o filme nos mostra é que criança quer ter amigos e brincar. Que criança não discrimina o outro. Que a segregação passa para a criança pela fala do adulto cuidador. É com seus pais, ou seus substitutos, que a criança apreende os valores éticos e morais com os quais passa a ver o mundo e a julgar e atribuir valores aos seus amigos, familiares e as situações que assiste e vivencia.
O final do filme é inesperado e nos mostra que o holocausto é uma barbárie indescritível.
É um filme muito bonito. Nos mostra o absurdo da guerra e de como as vezes temos dificuldade de ver o que está em nossa cara quando nos deixamos cegar por uma causa ou por uma grande paixão.
O diretor desse filme é Mark Hermam. A história é baseada no livro do mesmo nome de autoria de John Boyn.

A citação abaixo, que aparece inicio do filme ( não consegui ler o nome do autor) é bem ilustrativa da história narrada:

"a infância é feita de aromas,

imagens e sons.

Até que chega a hora cinza

do entendimento"

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Enquanto isso lá no paraíso...





Não é só no meu quintal que tem pica pau e esquilo.
No quintal da Susana, nossa vizinha, também tem. Nossos outros vizinhos que teem árvores no quintal também deve ter.
Vejam as fotos que Susana me mandou.
Todos concordamos que as praias da Bahia são lindas. Mas sabemos que a grande maioria de seus moradores estão longe de viverem no paraíso...
Paraíso?! Só para muito poucos dentre os quais estou incluída.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Os códigos nas diferentes idades

"De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as Lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo."

Recebi de uma amiga essa mensagem truncada, com a explicação de que faz bem para memória.
Como vocês ja devem ter constatado a mensagem é fácil de ser lida.

Asism cmoo não lomes uma lrtea iodasla, o sacigifindo do que etsá etsrico não pdoe ser aenidpredo com a ltueria de semtone uma parvlaa da fsare e sim da fasre como um tdoo.

Essa brincadeira me lembrou a língua do PÊ, tão usada nos meus tempos de criança para truncar e dificultar o entendimento de segredos importantissimos que, quase sempre, diziam respeito a alguém por quem se estava apaixonado.

Lembrei-me também da pergunta inevitável que faziamos entre nós, amigas, quando não íamos a alguma festa: todo mundo estava lá? Todo mundo era só uma pessoa. Essa mesma pergunta podia ser feita de outra forma: tinha muita gente lá? Muita gente também se resumia a uma única pessoa.

Época boa aquela que brincávamos em códigos sem nenhuma intenção outra a não ser saber de nossas paqueras.


domingo, 11 de abril de 2010

A cor da felicidade ( ou acorda para felicidade?)

Essa noite ela sonhou que ia para algum lugar.
Não importa o lugar. Importa o caminho que trilhou.
Passava por uma estradinha muito estreita, cheia de curvas e sem nenhuma proteção. Embaixo era um enorme precipício. A viagem dava medo e gerava muita tensão.
O ponto de chegada era lindo. Era um lugar aberto, florido, uma vista deslumbrante.
Ao olhar para o lado ela descobriu uma outra estrada. Larga e segura. Constatou que a viagem poderia ter sido mais leve. Que não precisava daquele sofrimento todo. Como ela não havia percebido aquele caminho antes?
Nesse ponto o sonho ganhou um colorido especial. Será essa a cor da felicidade? Será que felicidade tem cor?? Ela se perguntou e sorriu.