terça-feira, 29 de junho de 2010

Dos filmes que eu vi: Diário perdido

Ao se descobrir grávida e cheia de dúvidas se quer ter esse filho Audrey, que mora e trabalha no Canadá, retorna a casa paterna no interior da França. Essa é a trama em torno da qual gira a narrativa do filme Diário Perdido (2009) da diretora Julie Lopes-Curval.
O que assistimos a seguir é o retorno das questões fantasmáticas e recalcadas da relação de Martine, mãe de Audrey, com sua mãe Louise, repetidas em sua relação com Audrey. Temos aí três gerações avó, mãe e filha. Tais questões recalcadas são atualizadas não só pela gravidez de Audrey como também pela descoberta que ela faz de um diário perdido de Louise, sua avó materna que, supostamente, havia abandonado a família e desaparecido, sem deixar nenhum rastro há 50 anos atrás.
O sumiço de sua mãe não foi sem consequências para a vida de Martine e comparecem nas dificuldades que ela tem em estabelecer relações afetivas com seus familiares fora do mundo do trabalho.
A história, cujo título original é Mães e Filhas, é uma demonstração de como as questões recalcadas e traumáticas retornam nas relações afetivas mais próximas que o indivíduo estabelece com aqueles que mais ama e de como é difícil, do ponto de vista psíquico, crescer e se libertar da autoridade dos pais.
Martine, que é médica, vive para o trabalho, atendendo ao desejo de sua mãe que a criara para ser independente. Seu pai era um homem dominador e ciumento e impedia sua mãe, Louise, de ter algum trabalho fora de casa. Ter uma profissão era uma coisa difícil para as mulheres, naquela época. Martine sempre ouvia de sua mãe o quanto era importante ela ter uma profissão. Esse legado de priorizar a profissão Martine também passou para sua filha Audrey, que tinha sucesso no mundo do trabalho e, como sua mãe, tinha grandes dificuldades em suas relações afetivas.
Se por um lado Martine, ao mergulhar no mundo do trabalho, obedecia a sua mãe que a abandonara, por outro obedecia ao pai, recalcando a real motivação do sumiço da mãe e se recusando a falar desse assunto.
A medida em que Audrey vai desvendando o mistério que cerca o sumiço de Louise, Martine pode lidar melhor com suas questões em relação a sua própria mãe e em relação a Audrey, sua filha.
Vale a pena ver esse filme. O enredo é bom e a história muito bem contada.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Mel e canela para velhice

Sou meio natureba. Tomo homeopatia, como alho com azeite, gengibre, linhaça e outras coisas que fazem bem à saúde.
Outro dia recebi um email sobre os poderes do mel e da canela. Gostei de algumas dicas e ri de outras. Soube que mel e gengibre ajudam até na velhice. Não sei bem como. Pois a velhice é parte da vida e mais dia, menos dia, bate à nossa porta.
Aliás nesse mundão de Deus a única verdadeira igualdade e real democracia é a do tempo e da morte. Independente da classe social e do país do indivíduo o tempo passa e ele envelhece e morre. Um a um, sozinho.
Frente a essa realidade só nos resta viver e tentarmos sermos feliz. A cada dia. A cada nascer e pôr do sol.
Adoro a música de Gonzaguinha que diz: "viver e não ter a vergonha de ser feliz"....

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Receita para um bom casamento.

Ano passado Roberto e eu fizemos 30 anos de casados.
Ao comentarmos isso com um amigo ele, brincando, pediu a receita.
Eu entrei na brincadeira e escrevi o texto postado abaixo.

Receita para um bom casamento.
Misture em um caldeirão dois corações apaixonados, um montão de sonhos e esperanças, uma parcela grande de admiração e respeito de um pelo outro, tesão, alegria de viver e coragem para lutar. Espere aquecer com carinhos, beijos e algumas diferenças, geradoras de tensão e discussão. Espere esfriar. Faça as pazes. Ufa, ainda bem que cada um tem tempos diferentes. Assim quando um empaca o outro adoça com paciência e um saco de filó.
Feita as pazes acrescente no caldo uma pitada de ousadia, tesão e se prepare para muitos imprevistos e surpresas. Engrosse esse caldo com dois ritmos, temperamentos e temperaturas bastante diferentes. Contrabalance essa nitroglicerina com a capacidade de rir de si mesmo e do parceiro em dose cavalares. Acrescente algumas gotas de ciúmes, inseguranças, medos e uma dose de paciência recíproca. Não se surpreenda quando algumas vezes você desconhecer e estranhar seu companheiro e constatar que parece que você esta dormindo com a pessoa errada. Que não foi bem com esse Roberto ou com essa Ângela que você se apaixonou e casou. Muita calma nessa hora. Casamento é um caixinha de surpresas! Para essa situação não tem PROCON que dê jeito. A saída é paciência e o diálogo. A vida a dois é assim mesmo: cheia de surpresas. Deixe tudo pegando tempero e no outro dia, de repente, você vai reconhecer seu parceiro novamente e se alegrar muito com isso.
Agora jogue alguns temperos que fazem a diferença: cama grande e larga. Uma noite bem dormida é fundamental! Acrescente dois filhos maravilhosos, bons filmes, boas leituras, músicas, viagens de férias, passeios de bicicleta, festas, amigos, parentes, shows, teatro, passeios na AABB, passeios de caiaque, praia, casa de praia, uma casa acolhedora, aconchegante e uma cozinha com cheiro de lar, negócios que deram certo, bons almoços e jantares com alguns amigos para celebrar datas importantes do calendário familiar. Tudo isso neutraliza as discordâncias, cabeçadas e negócios nos quais se perdeu dinheiro.
Rege com um bom vinho, azeite de qualidade e muito diálogo, tesão, companheirismo e admiração pelo parceiro.
Atenção: uma análise é recomendável para equilibrar melhor a relação e sedimentar o canal do diálogo. Os fantasmas parentais e familiares são poderosos e ingredientes que podem desandar e solar qualquer tentativa de se viver um casamento feliz se não forem neutralizados com a ajuda de um bom profissional. Invista na relação e aposte no parceiro.
Essa receita não tem prazo de validade, e não precisa guardar em geladeira. Aliás, tem que estar sempre em movimento para não deixar esfriar.
Todavia tenha sempre em mente que isso é um casamento, que é uma relação entre dois parceiros na qual um tem sempre razão e o outro é o marido!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Das conversas que escutamos pelos caminhos

Hoje saindo da Yoga e passando, rapidamente, no supermercado escutei uma preciosidade.
Uma caixa, apontando para um Sr. que aparentava ter entre setenta a oitenta anos, comentou:
"Sabe aquele Sr.? Ele vem quase todo dia, conversa com todo mundo. Ele é casado há mais de 50 anos e nunca brigou com a mulher! Eles nunca brigaram."
Eu cá do outro lado fico imaginando como não deve ser um casamento desses!
Viver 50 anos juntos sem nunca ter brigado me cheira a uma piada que me contaram das bodas de Seu José e Dona Maria.
Eles também eram um casal que nunca brigavam. Eram um exemplo para a comunidade.
Nas bodas de ouro do casal o padre perguntou se eles podiam contar o segredo de uma relação tão harmoniosa.
Dona Maria perguntou: posso falar José?
Pode Maria, José respondeu.
E dona Maria contou a seguinte história:
Quando voltamos da lua de mel, logo na entrada da fazenda, a vaca Mimosa estava nos esperando.
Mimosa era a vaca preferida do José.
José buzinou, buzinou e nada de Mimosa sair do caminho.
Ele então falou. Mimosa saia dai! E nada da Mimosa sair. Mimosa vou contar até três.
E contou: Mimosa um, Mimosa dois e Mimosa três.
Como a Mimosa nem se mexeu José entrou no carro pegou o revolver no porta luvas e pá, pá pá!,deu três tiros na Mimosa.
Depois desse dia resolvi que era melhor eu nunca contrariar o José...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Dos filmes que eu vi: O que Resta do Tempo

Li na crítica do jornal de minha cidade que O Que Resta do Tempo é uma comédia. Só se for de humor negro.
Prefiro denominar esse filme de um teatro de absurdo. Humor negro e absurdo são elementos sem dúvida alguma necessários para que possamos olhar para a situação do Oriente Médio. Digo olhar pois compreender o que se passa na relação entre aqueles dois povos é algo da ordem do impossível, do surrealismo puro.
O diretor opta por uma narrativa que nos mostra o que se passa pelo olhar de uma criança, um menino, que vai se tornando um adulto. Esse menino tem ao mesmo tempo olhos de espanto e naturalidade. Olhos de quem se acostuma com o absurdo de uma situação que beira a loucura tamanho o non sense que se instala em sua cidade natal com a ocupação israelita.
Esse olhar é, ao mesmo tempo, o olhar de um espectador. Os palestinos veem a vida passar e são vigiados, olhados, o tempo todo pela policia israelense.
Olhar e ser olhado em um jogo sadomasoquista é a tônica desse filme.
O menino, filho de um pai que lutou na resistência palestina, é chamada à atenção na escola por dizer que os USA são um país imperialista. É pelos olhos do pai que ele enxerga o absurdo da situação imposta aos palestinos.
Pelas cartas que a mãe escreve ele tem contato com os parentes que saíram de suas terras e estabelece uma relação com eles.
Assim o diretor vai misturando suas memórias à de seus pais e nos mostra o que se passou desde a criação em 1948 do Estado de Israel até os dias de hoje.
As lembranças da prisão do pai, o tanque gigantesco que para na frente do hotel e seu cano acompanha o rapaz que coloca o lixo na lixeira e que passeia falando ao telefone. A mãe com um carrinho de bebê que é convocada por soldados israelenses a ir para casa. O jipe do exército israelense que ordena o toque de recolher no ritmo da música tocada em frente a uma boate repleta de palestinos. O vizinho de seus pais que sempre ameaça se incendiar. A pescaria noturna do pai do garoto. A mãe que assiste da varanda a vida passar. O protagonista, já adulto, com um salto de vara, pula o muro que separa a Faixa de Gaza. Essas são algumas das cenas que recortei. Com certeza você poderá recortar outras tantas.
O filme é um emaranhado de absurdos, que fazem parte de um cotidiano de milhares de famílias que vivem naquela região.
Nascer, crescer e morrer em meio a tamanho estado de arbitrariedade e violência com certeza não deve fazer bem a saúde mental de nenhum ser humano.
Fatos como os retratados nesse filme devem tornar a vida tão difícil e as relações humanas tão mais complicadas do que já são, que as pessoas parecem perderem o medo da morte sempre eminente. Conviver com exército, canhões e com a força policial no cotidiano e ainda assim resistir é um mérito dos palestinos.
Esse filme denuncia, no mínimo, a situação absurda imposta aos palestinos desde a criação do estado de Israel e a conivência da ONU com a situação.
O diretor Elia Suleiman escolheu o tom certo ao narrar sua história e de seu povo ao optar por uma espécie de teatro do absurdo.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Das diferenças entre árabes e judeus.

Não entendo nada de árabes e judeus. A não ser pelo fato de estar casada fazem três décadas com um descendente de libanês, pouco ou quase nada sei desses dois povos.
Todavia como sou curiosa, cinéfila de mão cheia e adoro ler romances e testemunhos sobre situação das mulheres, holocausto dentre outros temas, arrisco escrever sobre algumas de minhas percepções sobre essas duas raças.
Primeira história:
- De férias na Bahia, em Arraial d'Ajuda, nos deparamos com uma leva de mais ou menos mil jovens israelitas. Nosso filho, Marcelo, que tem traços árabes por ser muito parecido com o pai, era constantemente confundido por eles como sendo parte daquela galera.
Esse fato chamou nossa atenção.
Árabes e judeus ao mesmo tempo são tão parecidos e tão diferentes. Será???
  • Do ponto de vista religioso os ortodoxos, de ambas as raças, são fundamentalistas.
  • Pelo que já vi nos filmes e li em diversos livros, dentre esses religiosos ortodoxos as mulheres são oprimidas, tanto num povo quanto no outro.
  • As árabes chegam ao extremo de usarem burca. Para o marido elas podem se mostrar. Parecem gostar de jóias e de se arrumar.
  • Também pelo que vi em diferentes filmes as mulheres israelitas para terem relação sexual com o marido teem que tomar um banho de purificação. Como se viver a sexualidade fosse algo sujo!!! Elas usam roupas que as envelhecem e as deixam sem nenhum atrativo fisíco. Escondem os cabelos com perucas ou com gorros e só os mostram para os maridos na noite em que tomaram o banho de purificação.
  • Parece que esses dois povos, no que diz respeito a relação de gênero, são mais semelhantes que diferentes. Ambos oprimem as mulheres.

Também descobri que ambos são comedores de humnus e outras iguarias semelhantes.

Volta e meia me pergunto o que leva a uma raça tão parecida a se odiar tanto?

E me pergunto também como um povo que foi vítima do holocausto pode construir uma faixa como a de Gaza?? Por que reproduzir com outros povos aquilo que eles sofreram e que fazem questão de denunciar???

Essas perguntas ficam sem respostas.

E o pior é que muito disso tudo é feito em nome de Deus.

domingo, 13 de junho de 2010

Dos filmes que eu vi: Pecado da Carne

O filme israelense "O Pecado da Carne", dirigido por Haim Tabakman, é a história de um amor homossexual entre dois homens, de uma comunidade judaica ortodoxa de um bairro de Jerusalém.
Aaron Fleshman (Zohar Straus) é um açougueiro, casado e pai de quatro filhos. Ele segue todos os preceitos da religião judaica e a Torá, que é o livro sagrado dos judeus. Ao reabrir o açougue após a morte do pai e dar trabalho e acolhida ao jovem Ezri ( Ran Danker) vê sua vida e seus valores morais e religiosos virados pelo avesso.
Até a conhecer Ezri, Aaron vivia para a família, o trabalho e para religião. Ao descobrir que seu novo amigo e funcionário é homossexual ele tenta o "salvar" ensinando-o a controlar seus desejos sexuais. Para atingir seu objetivo ele leva o amigo para jantar com sua família e para rezar na sinagoga. Só que as coisas tomam outro rumo. Aaron acaba se apaixonando por Ezri e eles passam a viver uma relação homossexual ardente.
Para viver seu grande amor Aaron começa a chegar cada dia mais tarde em casa. Essa mudança em sua rotina de vida não passa despercebida por sua mulher e pelos seus companheiros fundamentalistas religiosos. Para eles Ezri é uma criatura maligna e representa a "sedução do mal". Por esse motivo ele é proibido de frequentar a sinagoga e o casal é vigiado e perseguido pelos jovens da Delegacia da Moral, religiosa.
Aaron tem seu açougue apedrejado. Cartazes acusando o comportamento dele e de seu parceiro são espalhados pelo bairro.
O que motiva Aaron insistir nessa paixão contra tudo e todos é o fato de o amor o fazer sentir-se vivo.
Em Freud o amor, a paixão, é sempre da ordem da pulsão de vida.
Cabe conferir o desfecho dessa história.

Esse filme vale a pena ser visto pois nos mostra que mesmo no seio de uma comunidade fundamentalista não é o corpo biológico que define o desejo sexual e a sexualidade de um indivíduo. A existência da homossexualidade desde épocas remotas da história atestam esse fato.
A identificação sexual ocorre ainda na primeira infância e vem a ser ratificada na adolescência. A escolha homossexual tem sempre relação com o lugar e a função do pai na história familiar de uma sujeito. Para a teoria psicanalítica o pai é sempre passado pelo discurso da mãe. Pais ausentes, "bananas", alcoolista e aqueles desqualificados por suas parceiras por alguns motivos podem possibilitar nos filhos uma identificação homossexual, seja ela feminina ou masculina.
A homossexualidade não é uma doença. É uma identificação narcísica na qual o sujeito homossexual busca amar seu parceiro ou parceira da mesma maneira que foi amado por sua mãe.
Talvez a homossexualidade assuste tanto por não possibilitar a reprodução da espécie ou talvez por escancarar que o amor, a paixão, foge aos preceitos morais, éticos ou religiosos.
Digo isso porque nesse mesmo filme um casal heterossexual é também discriminado e perseguido por viver um amor proibido.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ainda sobre passarinhos

Quando criança ela queria ver o passarinho do pai. Imagina!, naquela época, década de 60, não podia.
Não podia nem saber que criança pequena pensava em outros passarinhos, diferentes daqueles do viveiro paterno. Ainda assim ela teimava em pensar no proibido.
Um dia deu sorte.
Seu pai fora tomar banho e esquecera a janela do banheiro aberta.
Subiu na escada e ficou lá se deliciando a olhar o banho alheio. Escondida, é claro!
Só que o pai insistia em ficar de costas.
Lá pelas tantas, não se aguentando mais, pediu, com a voz meio titubeante:
Papai vira a frente que eu já vi atrás!
O pai gritou para a mulher tirar a menina dali.
A seguir ouviu-se uns tabefes e um choro.
Ainda assim, mesmo não tendo visto tudo, pensou que valeu a pena.

domingo, 6 de junho de 2010

Dos filmes que eu vi: O Segredo de Seus Olhos

O Segredo de Seus Olhos, é um filme policial Argentino que narra a história de Benjamín Espósito, interpretado por Ricardo Darin.
Após ter se aposentado do Tribunal Penal de Buenos Aires, Benjamin, resolve escrever um romance sobre o crime que mais marcou sua carreira. Ao iniciar as pesquisas sobre o caso escolhido ele rememora seu passado e entra em contato com seus próprios fantasmas.
Assim essa pesquisa coloca Benjamin em contato com Irene, sua antiga chefe, que foi o seu grande amor platônico. Por pertencer à aristocracia Argentina Irene é inacessível tanto ao amor de Benjamin, quanto ao terrorismo de Estado que se instala na Argentina no governo de Izabel Peron ( 1974), época em que se passa o filme.
Naquela época o terrorismo de Estado era realizado pela então denominada Aliança Anticomunista Argentina (AAA) que era grupo de repressão do Estado. Fizeram parte desse grupo oficiais exonerados da polícia, criminosos cíveis e matadores de aluguel. Tudo gente de "boa indole", paga para matar e cometer as barbaridades que a história e a justiça Argentina, diferente da história Brasileira, não perdoou.
Vale destacar a relação de Espósito com seu colega de trabalho Pablo Sandoval. É dele a frase que é o mote da história: ninguém foge a sua paixão.
Outra forma de dizer isso seria que ninguém foge do sintoma que o constitui como sujeito.
Essa frase se confirma na vida de todos os personagens marcantes na história:
- o assassino da trama que Benjamin, Sandoval e Irene perseguiram e colocaram na prisão. Ele era um psicopata que, posteriormente, foi arregimentado pela AAA. Esse personagem teve duas grande paixões: a moça que assassinou e um time de futebol. Como sabemos o futebol é uma grande paixão do povo Argentino.
- O jovem viúvo cuja obsessão é punir o assassino de sua esposa. Dessa forma ele a mantém viva e mortifica seu desejo. Mantendo-se fiel à esposa morta ele não faz o luto de sua perda.
É linda a cena que mostra como ele realiza a punição ao assassino de sua esposa. Ele não lhe dirige a palavra. Como sabemos é pela palavra que fazemos laço social e que nos tornamos humanos. Ao lhe negar a palavra ele coloca o criminoso no lugar de coisa. Coisa que mata. Destituindo-o do sentimento de humanidade.
- Sandoval que confessa a Espósito que sua paixão é o alcool e a briga fácil. Pura pulsão de morte.
- E o Espósito, que luta por desvendar crimes e ao mesmo tempo adia seu encontro com sua grande paixão.
O olhar e a paixão são as bússolas desse policial. Esse filme é bem diferente dos filmes americanos que acabamos nos acostumando.
A sutileza dos olhares presentes em diversas cenas, sendo decifrados por aqueles que sabem ver para onde aqueles olhares são dirigidos vão nos dando pistas da história que se desenrola.
Várias belas cenas apontam para o tema do olhar.
A cena de troca de olhares entre Espósito e sua chefe.
A cena em que Espósito capta o olhar do possivel criminoso nas fotos.
A cena do quebra cabeça das cartas cifradas do criminoso, que é desvendada por um companheiro de copo de Sandoval, é brilhante.
Esse filme vale a sala de cinema cheia, as gargalhadas e torcida do telespectador.
Mereceu o Oscar de melhor filme estrangeiro de 2010.
A excelente direção foi de Juan José Campanella.
Parabéns aos hermanos Argentinos!
Eu adorei esse filme.
Assista e me diga o que você achou!



quinta-feira, 3 de junho de 2010

Repaginando com alguns links

Coloquei três links de trabalhos e pessoas que, no meu ponto de vista, fazem a diferença e tornam nosso país um lugar melhor de se viver.
1) A Casa do Zézinho.
Você conhece o trabalho da Casa do Zézinho? Eu acompanho de longe e admiro muitooo!
Trabalhos como o que Tia Dag, sua equipe e sua rede de parceiros desenvolvem fazem a diferença e me enchem de esperança nessa caminhada por um país menos desigual.
2)A entrevista de Pedro Cardoso para o Canal Brasil.
Esse cara sabe o que diz e tem coragem de dizer. Vale a pena escutá-lo.
Acessem e digam se concordam comigo.
3) Conexões Urbanas.
Zé Júnior e a galera do Afroreggae fazem a diferença na luta por menos violência e mais direitos sociais.
Programas como esse dá gosto de assistir.
Essas pessoas e o trabalho que elas desenvolvem me fazem sentir orgulho de ser brasileira!
Deêm uma olhada e digam se concordam comigo.
PS: Eu minha filha Carolina, minha assistente para os problemas operacionais do blog, não estamos conseguindo fazer os links abrirem direto ao toque do mouse. Nem nos pergunte a causa...
Copie o endereço do link e assista. Garanto que vale à pena!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Dos filmes que eu vi: Sonata de Tóquio

O filme conta a história de uma família que, suponho, pertença a classe média baixa japonesa. O casal e seus dois filhos homens moram em uma casa confortável, localizada perto dos trilhos de um trem.
No início do filme o pai perde o emprego e não fala nada sobre isso em casa. Ele continua saindo todos os dias, como se fosse trabalhar. E passa seu dia, como tantos outros moradores da cidade de Tóquio, procurando um emprego.
Pelo visto um antigo colega de trabalho dele está na mesma situação escolhe também não falar sobre isso com sua família e faz de conta que nada está acontecendo.
Sua mulher está sempre pronta para receber os filhos e o marido. Faz as refeições e cuida da casa. Ao mesmo tempo tira carteira de motorista e sonha comprar um carro. Ela é uma pessoa importante na dinâmica familiar, vindo a ser a referência afetiva para toda a família. Parece ser ela quem administra o salário do marido.
O filho mais velho do casal pouco aparece em casa e quando o faz entra em conflito com o pai. Ele pretende se alistar como voluntário no exército americano e ir para a guerra contra o Iraque e seu pai é contra. Diz tê-lo criado para ser feliz. Nessa hora o pai demonstra que se preocupa com o filho que que gostaria que ele trilhasse outro caminho. Tudo isso é dito de uma forma muito truculenta, violenta mesmo. Ainda assim o rapaz segue seu projeto e parte para a guerra.
O filho mais novo do casal é um pré adolescente. Na escola ele enfrenta um professor tirano que quer castigá-lo por algo que ele não fez. O professor perde o moral frente a classe. Isso o deixa bastante chateado. Ele pede desculpas ao professor pelo efeito de seu ato. O professor não o acolhe.
Seu sonho é estudar piano. Ao pedir autorização a seus pais para realizar seu sonho seu pai o proíbe, de maneira violenta.
Para pagar suas aulas de piano o filho mais novo desvia o dinheiro da merenda, que ele deveria pagar à escola, e paga suas aulas de piano com esse dinheiro. Claro que a família descobre.
Nesse meio tempo a mulher desconfia do marido e o vê comendo na rua em uma fila para desempregados. E se cala.
Ninguém diz ou pergunta nada ao outro. Essa ausência de palavras é o que mais chamou minha atenção nesse filme. Os problemas que cada membro da família enfrenta não são compartilhados entre eles. Parece que tudo é vivido em uma enorme solidão. Não se conversa quase nada. Eles entram em casa, a mãe os recebe, serve a comida e muito pouco é falado
Quando falam algumas coisas, só falam, não conversam. Nada de importante é dito. Ninguém sabe de nada do outro.
É espantoso também a frieza das relações entre as pessoas. Ninguém se toca. Nenhum abraço, beijo, um aperto de mão ou outra demonstração de afeto. Nem mesmo quando a mãe vai se despedir do filho que está indo para o exército. A única vez que o pai toca nos filhos é para agredi-los.
Ainda assim parece que aquela família tem uma boa relação entre eles, para o padrão cultural japonês. Isso porque por um momento a família se desagrega e cada um parece tomar seu rumo. E todos retornam. Até mesmo o filho mais velho, que envia notícias
O pai consegue se reinserir no mercado de trabalho em uma ocupação que o envergonha e é flagrado pela mulher de quem foge. Ele retorna para casa e decide enfrentar sua nova posição e retomar a vida familiar, preservando seus valores éticos e morais.
A mãe que, por um momento parece que se cansa de cumprir sua função e se deixa levar pelos acontecimentos inesperados, também retorna para casa e lá encontra seu filho mais novo. A pai chega logo a seguir.
Fica parecendo, em um primeiro momento, que foi o fato de o pai ter perdido o emprego o fator desencadeador da desagregação familiar. Todavia entendo que foi muito mais a forma que ele escolheu para encobrir o problema que desencadeou da crise familiar que se seguiu. A mentira, a farsa, passou a ser o modo de relação que aquele pai escolheu para se relacionar com sua família. Essa mentira foi mantida e passou a ser o modo de relação que se tornou predonimante entre as pessoas daquela família.
A mulher descobre que o marido está desempregado e finge não saber.
Claro que o comportamento parental vai refletir no filho mais novo que, a despeito da proibição paterna, também vai se virar para realizar seu sonho de estudar piano escondido.
O filho mais velho ao partir para a guerra, foi quem sustentou seu desejo sem escamotear ou fingir como os demais.
Quando o pai resolve assumir sua nova posição e parar de fingir a rotina da família entra novamente nos eixos.
Esse filme vale a pena ser visto. Ele nos mostra dentre outras coisas que a mentira nunca é o melhor caminho para se enfrentar as dificudades que surgem na vida de cada pessoa. nos mostra também como as dificuldades do casal repercute na vida de seus filhos.
Esse filme é de 2008 e seu diretor é de Kiyoshi Kurosawa.