quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sobre a vida e a morte

A morte é a única certeza que temos nessa vida. Contudo para bem vivermos a vida temos que deixar a morte em paz.
Feliz daquele que consegue criar os filhos, conhecer os netos e até  os bisnetos desfrutando de boa saúde.Quando chega a velhice e a finitude para essas pessoas privilegiadas bom seria se elas pudessem ser poupadas dos sofrimentos do corpo habitado pela doença e pelo esquecimento. 
Aliás, até bem pouco tempo, para além do corpo que vai  se debilitando, a perda da memória, o esquecimento ou  caduquice,  era  esperado  na velhice.
Hoje temos dificuldade de conviver com o processo de envelhecimento como um todo e contamos com toda uma parafernália médica que nos promete maior longevidade com saúde.
Pensava nessas coisas por conta da doença de minha sogra, uma senhora de 97 anos que teve a sorte de criar e conviver com saúde com seus filhos, netos e bisnetos.
Atualmente, devagarinho, sua chama de vida está se apagando naturalmente. Só por ter chegado aos noventa e poucos anos com saúde e disposição já temos muito que agradecer.

domingo, 26 de junho de 2011

Outra lista

Ontem fui fazer supermercado e fiz uma lista de compras.
Hoje resolvi fazer uma lista diferente. Resolvi listar coisas gratuitas e que são fontes de vida, beleza e prazer.

- Tapete de flor de jambo - que na Bahia é chamado de eugênia. Ontem vi, através do portão fechado,  um desses tapetes em um quintal de uma casa das poucas que restam na rua onde moro.
- Céu estrelado de Matilde - um lugarejo aqui, no ES, cheio de cachoeiras. Uma região muito bonita. Da casa de um casal amigo vimos um céu tão estrelado, mas tão estrelado, que até hoje me sinto iluminada por aquelas estrelas.
- Chuva de frutas no chão de quintais e nas ruas.  Essa chuva não molha!  Já vi de manga, goiaba , acerola. Claro que catei todas as frutas aproveitáveis.
-  Um bom banho de mar.
-  Um bom papo.
- Uma boa companhia.
- Andar na beira do mar.
- Ver a lua cheia.
- O pôr do sol.
-  Os ipês floridos nas ruas da cidade

 E mais um montão de coisas que a vida nos dá gratuitamente.
 O que mais você colocaria nessa lista??

PS: Algumas dessas coisas, se acompanhada, ficam melhores ainda.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dos Filmes que eu vi: Meia Noite em Paris

Por gostar muito da maioria dos filmes de Woody Allen sou suspeita para comentá-los.
Após declarada minha parcialidade posso dizer que adorei  Meia Noite em Paris
A narrativa do filme é um conto de Cinderela às avessas.
Gil, um roteirista de Hollywood, que sonha em ser escritor, vai a Paris com a noiva, Inês,  e sua família. 
Ao voltar sozinho para o hotel, à noite, ele se perde pelas ruas da cidade. Perdido, acontece o inusitado: quando o relógio bate a última badalada de meia noite ele é convidado a entrar numa "carruagem" e volta no tempo, passando a conviver com seus ídolos que são os grandes mestres da literatura, pintura, música.
E toda noite esse fato se repete. 
Cada noite novos encontros em lugares que seus ídolos costumavam frequentar  são  os cenários de uma história na qual o personagem insatisfeito com o rumo de sua vida se refugia na fantasia.
Isso faz com que os  cenários do filme sejam lindos e nos levem de volta aos lugares frequentados por Picasso, Hemingway, o casal Fitzgerald, Cole Porter, Toulouse-Lautrec, Dalí, dentre outros. E o melhor é que naqueles lugares Gil reencontra todos esses grandes personagens.
Viajando na fantasia Gil vai se reposicionando frente a sua vida e vai voltando para a realidade. Esse é o grande mérito desse filme.  É a fantasia que  permite  a Gil enxergar aquilo que não quer ver e seguir seu desejo mudando o  rumo de sua vida.
Nessa história cabe ainda crítica à política do Tea Party e a prepotência americana representada pelo pai e pelo amigo pernostico de sua noiva.
È interessante perceber que Owen Wilson, ator que interpreta Gil parece ter incorporado Woody Allen no modo esquisito de ser, no tom da voz e nos trejeitos.
Esse filme é uma bonita homenagem de Woody Allen aos artistas ali retratados e a cidade de Paris, onde aquelas pessoas eram figuras fáceis nos cafés parisienses.



terça-feira, 21 de junho de 2011

Presente do G. Rosa

 Achei no email de Rachel:

" O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."
                                                  João Guimarães Rosa

sábado, 18 de junho de 2011

E vai rolar a festa.

A festa fora do jeito que planejara. Muitos risos e conversa fiada dessas que fazem bem para alma. 
Ali falaram do Chico, o Buarque. Não que o conhecessem. É que duas amigas presentes eram fãs ardorosas dele, ou de sua produção musical, sabe-se lá!
O assunto passou para os sites de relacionamentos da Internet. Encontros e desencontros foram relatados acompanhados de muita risadaria e alguns conselhos. 
Depois a canja do Conrado que trouxe  seu trompete e nos brindou com três músicas. Aliás a presença dele, suas irmãs, seu pai e sua mãe, amiga, "famosa", foi muito gratificante e  bem vinda.
A conversa corria solta e leve. Todos os presentes foram fundamentais para testemunharem a passagem do tempo, da vida  que flui, dos reencontros de  amizades eternas. Pura energia de vida.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Mãe é tudo igual.

28 Junho, 2006
Tirinha 193- de Quino postado no blog Clube da Mafalda



Tirinha 193

Ainda bem que o tempo passa.

Pensou em não dormir para não acordar um ano mais velha.
Depois pensou que isso tudo era bobagem que era melhor acordar mais velha e descansada após  uma boa noite de sono. 
Riu sozinha desses pensamentos malucos. Pensando bem dormindo ou acordada o tempo vai passar. Não tem como fugir disso. O tempo que passa é a única coisa realmente democrática que existe nesse mundo.
Riu sozinha quando pensou que chegara aos 5.7 com todos os dentes perfeitos. A geração de sua mãe nessa idade já usava dentadura.
Saiu para fazer exercícios. Estava um dia cinzento de Bélgica. Céu nublado e sol escondido. O mar continuava lá em movimento. Mar em movimento é sempre promessa de peixe, de diversão, de vida. Talvez por isso goste tanto da ilha em que mora. Ter o mar ali sempre pertinho é um privilégio. Viver, ter sonhos e saúde também. Tem mais é que agradecer a vida que tem. Por sua família, seus amigos e por tudo mais que conquistou. Bom isso de poder perceber que construiu caminhos. Ainda que, vez por outra, buscasse caminhos tortuosos ou, melhor dizendo, sintomáticos. Ainda bem que o tempo passa. Ainda bem!

 

sábado, 11 de junho de 2011

Dos filmes que eu vi: O Vencedor

O Vencedor é baseado em fatos reais e conta a história de Dicky Ecklund, ex lutador de boxe que teve seu momento de fama ao enfrentar em 1993 o campeão mundial  Sugar Ray Leonard em uma luta de boxe. Ele vence e passa a ser o orgulho de sua cidade.  Até ele se tornar viciado em crack e uma rede de TV americana ir até a sua cidade filmar sua decadência.

Essa fase da vida de Dick coincide com a época em que seu irmão mais novo Micky Ward, sonha em repetir seu feito e se tornar também um campeão de boxe. 
Micky  é treinado por Dicky que, na verdade, naquela época não tem a menor condição de ser seu treinador, de tão dependente do crack.
Micky é agenciado por sua mãe Alice, que só tem olhos para Dicky. 
Nesse ponto a narrativa ilustra bem o que acontece na vida cotidiana: quando uma mãe só tem olhos para um filho ela fica cega ao que, de fato, acontece na vida daquele filho que, normalmente, busca para si mesmo usar ou fazer coisas ilícitas do ponto de vista ético e moral.  Claro que essa postura materna só contribui para jogar mais e mais o filho preferido em escolhas que só prejudicam a ele próprio e aos que o rodeiam.
Outro ponto que nesse filme é bastante ilustrativo diz respeito ao grude familiar. A mãe subjuga todos os membros da família não permitindo que seus filhos tenham vida própria e se separem, minimamente, dela. Sabemos que crescer e se separar dos pais é a parte mais difícil e dolorosa que todo ser humano tem que enfrentar para se tornar um adulto. Essa situação começa a mudar quando Micky se apaixona por Charlene e com o apoio de seu pai, se separa, minimamente, do irmão e de sua mãe. Arranjando outro treinador e outro agente Micky passa a se colocar como desejante podendo correr atrás do seu sonho. Contribui para essa separação o fato de Dick ter sido preso.
Nesse ponto as duas narrativas se entrecruzam.  A luta de Dick na prisão para se desintoxicar e se libertar do vício do crack e a luta de Micky para se tornar um campeão. Muito bonita a cena em que Dicky percebe, ao assistir o documentário que fala de sua dependência à droga, o sofrimento de seu filho e é impulsionado a se livrar do crack
Adorei esse filme! Ele ilustra bem que o ingrediente necessário para todo sujeito se libertar da droga é o desejo e nos mostra ainda que  Dick só pode se colocar como desejante quando se livra do crack, interdita o gozo materno e se submete à Lei . 
Micky, por sua vez, só se coloca como desejante quando recebe a aposta amorosa de Charlene, que o separa, minimamente,  da mãe e do irmão, possibilitando que ele construa, de outro lugar, uma nova relação com eles.
Esse filme foi lançado em 2010  e foi dirigido por David O. Russell.
PS: esse filme pelo título é um filme que eu não faria nenhuma questão de assistir. Sabe aquela coisa de não vi e não gostei? É isso! Isso mostra como meu preconceito iria me impedir de assistir a uma excelente e bem contada história.