Vale a pena ler a entrevista de Diane Keaton publicada no Globo online em 08 de dezembro de 2012.
Reproduzo para vocês a parte em que ela fala da bulimia e como foi fundamental falar disso para sua analista para se livrar desse sintoma.
É bonito ouvir de uma pessoa que não é analista para que serve uma análise
"Psicanálise para vencer a bulimia
Com Annie
Hall, em 1977, Diane influenciou a moda usando um figurino andrógino,
roupas largas, gravatas e chapéus, uma mistura que caiu como uma luva no
vocabulário feminista das mulheres da época. A ligação com a moda não
passou. Ela está presente na sua nova aventura como escritora: um ensaio
sobre a beleza. O quanto se gasta com a aparência e a obsessão pela
perfeição são as questões do livro que ela prepara. Será um ensaio
filosófico?
— Não sou filósofa — ri. — É uma livre reflexão.
Trata-se de um desafio maior do que foi fazer “Agora e sempre”, porque
não estou sendo guiada pelas palavras da minha mãe, é um texto
inteiramente autoral. Preciso encontrar as minhas palavras.
“Encontrar
as palavras” é algo que Diane conhece bem. Foram as palavras ditas no
divã da dra. Felicia Lydia Landau, uma judia polonesa, que a libertaram
da bulimia, distúrbio que a acompanhou por cinco anos depois que saiu da
casa dos pais para morar em Nova York no início da carreira. Nem mesmo
Woody Allen, seu namorado na época, sabia do que se passava. Ela sofria
com azia, indigestão, menstruação irregular e pressão baixa. E com uma
dor de garganta que não passava. No livro, ela descreve em detalhes:
“Woody não faz ideia do que eu aprontava na privacidade dos seus
banheiros. Ele se maravilhava com meu apetite extraordinário e dizia que
eu ‘empacotava’ direitinho. Sempre vigilante e sempre atenta, eu tomava
cuidado para que ele não me flagrasse”, conta no livro. A analista foi
sugestão dele, que, mesmo não sabendo da bulimia, conhecia a namorada
insegura que tinha. “Eu não conseguia trabalho, tinha 25 anos. O que
fazer? Não bastava ser namorada de Woody, uma Ali MacGraw abatida. O que
aconteceria? Devia desistir?”. Um ano depois de frequentar o
consultório da dra. Landau, ela conseguiu falar: “Enfio o dedo na
garganta três vezes por dia e vomito. Estou vomitando há anos. Sou
bulímica. Tá bom? Não tenho a intenção de parar. Nunca....”. Seis meses
depois, parou.
— É uma doença terrível, com a qual eu lidei de
maneira muito desajeitada a princípio — diz ela, sem se esquivar. — A
psicanálise me ajudou a vencê-la. Eu não só não contava para ninguém
sobre o que se passava, como estava decidida a nunca mais parar com
aquilo. Eu era uma glutona. E mudei completamente quando consegui falar.
Devo muito àquela analista, parei por causa dela. Superei mesmo. Hoje
tenho uma alimentação toda balanceada, não como nem carne nem peixe. Me
cuido. Passou. Mas, falar foi fundamental. É o que recomendo para quem
está passando por isso."