Antes de nos posicionarmos sobre a vinda de médicos de Cuba para trabalharem em nosso país fui me informar a respeito do assunto. E repasso para vocês o que li no
Repasso para vocês o que li no blog Conversa Afiada do jornalista Paulo Henrique Amorim.
Em um dos posts ele reproduz importantes e esclarecedores trechos da matéria “O Brasil tem metade dos médicos que precisa“, escrita por Paulo Moreira Leite e Izabelle Torres, para a revista Isto É.
O Brasil tem metade dos médicos que precisa
(…)
Num País com cerca de 400 mil
médicos formados, no qual pouco mais de 300 mil exercem a profissão,
nada menos que 700 municípios – ou 15% do total – não possuem um único
profissional de saúde. Em outros 1,9 mil municípios, 3 mil candidatos a
paciente disputam a atenção estatística de menos de um médico por pessoa
– imagine por 30 segundos como pode ser a consulta dessas pessoas.
(…)
A presidenta Dilma Rousseff
assinará uma medida provisória e três editais para tentar dar um basta a
essa situação dramática em que está envolta a saúde pública do País.
Trata-se da criação do programa Mais Hospitais, Mais Médicos. Embora
inclua ampliação de bolsas de estudo para recém-formados e mudanças na
prioridade para cursos de especialização, com foco nas necessidades
próprias da população menos assistida, o ponto forte do programa envolve
uma decisão política drástica – a de trazer milhares de médicos
estrangeiros, da Espanha, de Portugal e de Cuba, para preencher 9,5 mil
vagas em aberto nas regiões mais pobres do País.
(…)
Numa medida destinada a responder aos protestos que entidades médicas organizaram nas últimas semanas pelo País, o governo decidiu organizar a entrada dos médicos estrangeiros em duas etapas. Numa primeira fase, irá reservar as vagas disponíveis para médicos brasileiros. Numa segunda fase, irá oferecer os postos remanescentes a estrangeiros interessados.
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Numa medida destinada a responder aos protestos que entidades médicas organizaram nas últimas semanas pelo País, o governo decidiu organizar a entrada dos médicos estrangeiros em duas etapas. Numa primeira fase, irá reservar as vagas disponíveis para médicos brasileiros. Numa segunda fase, irá oferecer os postos remanescentes a estrangeiros interessados.
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Uma primeira experiência, ocorrida no início do ano, é ilustrativa do que deve acontecer. Em busca de médicos para 13 mil postos abertos em pontos remotos de 2,9 mil prefeituras do país, mas reservados exclusivamente a brasileiros, o Ministério da Saúde mal conseguiu preencher 3 mil vagas, ainda que oferecesse uma remuneração relativamente convidativa para recém-formados, no valor R$ 8 mil mensais, o equivalente a um profissional de desempenho regular em estágio médio da carreira. Essa dificuldade se explica por várias razões. Poucas pessoas nascidas e criadas nos bairros de classe média das grandes cidades do País, origem de boa parte dos médicos brasileiros, têm disposição de abandonar amigos, família e todo um ambiente cultural para se embrenhar numa região desconhecida e inóspita.
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Uma primeira experiência, ocorrida no início do ano, é ilustrativa do que deve acontecer. Em busca de médicos para 13 mil postos abertos em pontos remotos de 2,9 mil prefeituras do país, mas reservados exclusivamente a brasileiros, o Ministério da Saúde mal conseguiu preencher 3 mil vagas, ainda que oferecesse uma remuneração relativamente convidativa para recém-formados, no valor R$ 8 mil mensais, o equivalente a um profissional de desempenho regular em estágio médio da carreira. Essa dificuldade se explica por várias razões. Poucas pessoas nascidas e criadas nos bairros de classe média das grandes cidades do País, origem de boa parte dos médicos brasileiros, têm disposição de abandonar amigos, família e todo um ambiente cultural para se embrenhar numa região desconhecida e inóspita.
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Nos hospitais
e nos órgãos públicos, há diversos relatos dramáticos que envolvem a
dificuldade para se contratar médicos, mas poucos se comparam à situação
enfrentada por Henrique Prata, gestor do Hospital do Câncer de
Barretos, uma das mais respeitadas instituições do País na
especialidade. Nem oferecendo um respeitável salário de R$ 30 mil para
seis profissionais que seriam enviados a Porto Velho, em Rondônia, ele
conseguiu os especialistas que procurava. Henrique Prata explica: “Há
cerca de dois anos venho notando a falta de médicos no Brasil. Hoje,
oferecemos salário inicial de R$ 18 mil por oito horas diárias de
trabalho, mas não conseguimos gente para trabalhar. Está mais fácil
achar ouro do que médico.”
(…)
Num ambiente onde carências se multiplicam, as famílias e regiões mais pobres sofrem mais – o que torna razoável, do ponto de vista da população, trazer profissionais estrangeiros para compensar a diferença. Até porque emprego de profissionais estrangeiros é, na medicina de hoje, um recurso comum em vários países. Na Inglaterra, 37% dos médicos se formaram no Exterior. No Canadá, esse número chega a 22% e, na Austrália, a 17%. No Brasil, o índice atual é de 1,79%. Se considerarmos somente os países em processo de desenvolvimento e subdesenvolvidos, a média nacional de 1,8 médico por mil habitantes já é considerada uma média baixa. A Argentina registra 3,2, o México 2 e a Venezuela de Hugo Chávez 1,9. Se a comparação é feita com países desenvolvidos, a nossa média cai vertiginosamente. A Alemanha, por exemplo, possui 3,6 médicos por mil habitantes. Ou seja, o Brasil tem cerca de metade dos médicos que uma nação civilizada necessita.
(…)
Mas 22 Estados brasileiros estão abaixo da média nacional e, em alguns deles, vive-se uma condição especialmente dramática. No Maranhão, o número é 0,58 por mil. No Amapá é 0,76. No Pará, cujo índice é de 0,77, 20 cidades não têm um único médico e outras 30 têm apenas um. “Muitas pessoas acreditam que o Brasil até que tem um bom número de médicos e que o único problema é que eles estariam no lugar errado”, observa o ministro Alexandre Padilha, da Saúde, que, como médico, passou boa parte da carreira no atendimento à população carente do Pará. “Temos os dois problemas. Faltam médicos e muitos estão no lugar errado.”
(…)
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Num ambiente onde carências se multiplicam, as famílias e regiões mais pobres sofrem mais – o que torna razoável, do ponto de vista da população, trazer profissionais estrangeiros para compensar a diferença. Até porque emprego de profissionais estrangeiros é, na medicina de hoje, um recurso comum em vários países. Na Inglaterra, 37% dos médicos se formaram no Exterior. No Canadá, esse número chega a 22% e, na Austrália, a 17%. No Brasil, o índice atual é de 1,79%. Se considerarmos somente os países em processo de desenvolvimento e subdesenvolvidos, a média nacional de 1,8 médico por mil habitantes já é considerada uma média baixa. A Argentina registra 3,2, o México 2 e a Venezuela de Hugo Chávez 1,9. Se a comparação é feita com países desenvolvidos, a nossa média cai vertiginosamente. A Alemanha, por exemplo, possui 3,6 médicos por mil habitantes. Ou seja, o Brasil tem cerca de metade dos médicos que uma nação civilizada necessita.
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Mas 22 Estados brasileiros estão abaixo da média nacional e, em alguns deles, vive-se uma condição especialmente dramática. No Maranhão, o número é 0,58 por mil. No Amapá é 0,76. No Pará, cujo índice é de 0,77, 20 cidades não têm um único médico e outras 30 têm apenas um. “Muitas pessoas acreditam que o Brasil até que tem um bom número de médicos e que o único problema é que eles estariam no lugar errado”, observa o ministro Alexandre Padilha, da Saúde, que, como médico, passou boa parte da carreira no atendimento à população carente do Pará. “Temos os dois problemas. Faltam médicos e muitos estão no lugar errado.”
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Com uma média
altíssima de médicos por habitante (6,7 por mil), o governo de Havana
tem uma longa experiência de exportação de seus profissionais, inclusive
para o Brasil. Por autorização do ministro da Saúde José Serra, ainda
no governo de Fernando Henrique Cardoso, médicos cubanos foram
autorizados a atender a população brasileira em vários pontos do País.
Em 2005, quando a autorização de permanência dos cubanos no Estado de
Tocantins se encerrou, uma parcela da população chegou a correr até o
aeroporto para impedir que eles fossem embora.
(…)
como sabe qualquer pessoa que já sofreu um acidente de automóvel, um enfarto dentro de um avião ou enfrentou imprevistos semelhantes, ninguém pergunta pelo diploma de um médico que estiver por perto. Apenas agradece por sua presença única. São pessoas nessa situação que podem ser beneficiadas pelos médicos estrangeiros.
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como sabe qualquer pessoa que já sofreu um acidente de automóvel, um enfarto dentro de um avião ou enfrentou imprevistos semelhantes, ninguém pergunta pelo diploma de um médico que estiver por perto. Apenas agradece por sua presença única. São pessoas nessa situação que podem ser beneficiadas pelos médicos estrangeiros.