Com a aposentadoria eminente de Beth, a primeira bailarina do grupo se estabelece uma disputa entre as bailarinas que almejam ocupar esse posto.
Nina, uma bailarina jovem e perfeccionista, deseja muito ocupar o lugar e dançar como Beth, bailarina a quem ela admira e com quem se identifica. Para conseguir o papel ela tem uma rival Lily que, do ponto de vista técnico,não é tão boa quanto ela, mais tem as caracteristíscas que o diretor do grupo considera serem fundamentais para o posto de primeira bailarina. Ela é que é mais solta e mais ousada que Nina.
Lily e Nina são rivais. A primeira almeja dançar com perfeição como a outra. E a segunda almeja a liberdade, a brejeirice e a ousadia da outra.
Lutando com todas as suas forças para ser a primeira bailarina de seu grupo Nina trava uma violenta guerra especular com essas duas bailarinas, Lily e Beth, com as quais ela se identifica. Na verdade essa guerra é uma interna e imaginária que põe em cheque quem Nina é e quem ela busca ser. As duas bailarinas, que são seu objeto rival funcionam como um espelho e ela deseja ser como elas. Essa identificação imaginária é agressiva e amorosa ao mesmo tempo. Como sair dessa identificação imaginária e fazer uma síntese subjetiva das mudanças que vão ocorrendo em sua vida?
Nina é escolhida a primeira bailarina. Para dançar - interpretar -, o papel desejado do cisne branco e negro Nina terá que crescer e amadurecer, como pessoa e como artista. Essa é a mais difícil batalha que ela irá enfrentar, pois é uma luta que ela terá que travar consigo mesma, para amadurecer enquanto bailarina e se libertar das garras de sua mãe.
Até aonde vai a realidade de Nina, com tudo o que ela vivência das rivalidades, ciúmes, olho gordo, disputas e puxadas de tapete, que acontecem em toda relação de grupo e até aonde se misturam seus fantasmas inconscientes?
Para se manter no posto de primeira bailarina ela terá que sair do lugar de quem é seduzido e passar ao lugar de quem seduz. Uma bailarina, para ser reconhecida, tem que seduzir o público.
Para voar no papel do Cisne Negro, Nina precisa sair debaixo das asas de sua mãe, que a trata como criança. Ela precisa sair do lugar de filhinha "meiga" e manipulada por sua mãe e se tornar mulher.
Para fazer essa passagem Nina rouba objetos que encontra no camarim de Beth, que passa a ser também seu e se deixa levar pelas loucuras de Lily.
Como fazer essa mudança incorporando traços das duas bailarinas sem deixar de ser ela mesma? Como passar dessa relação especular, imaginária, para uma relação simbólica, única possibilidade de saída sem destruir o outro e sem quebrar o espelho que o semelhante representa? Quebrar o espelho e matar o semelhante significa encontrar a morte. O sujeito precisa do outro para se reconhecer e para saber de si.
Pulsão de morte e pulsão de vida se misturam o tempo todo nessa narrativa e nos mostra como a pulsão de morte pode ser criativa, ainda que não seja sem consequências.
Essa mudança de lugar subjetivo não se dá sem sofrimento para Nina. Realidade e fantasia se misturam de uma forma muito bonita do ponto de vista cinematográfico demonstrando a luta interior que é travada por Nina.
Gostei muito do papel do diretor do grupo de balé. Ele convoca e provoca Nina para que ela deixe emergir sua agressividade e a sensualidade recalcadas, sem exigir que ela se deite com ele em troca do papel. Ele faz uma aposta no talento e no amadurecimento de Nina como bailarina.
Toda a história do filme tem como pano de fundo a rivalidade que existe em todo grupo sempre que um de seus membros almeja ter o lugar que ele supõe que o outro, com quem ele se identifica e rivaliza, tem. Na história narrada essa rivalização é favorecida pela disputa pelo posto de primeira bailarina do grupo que será a rainha dos cisnes. Nessa disputa tem sempre um jogo, algumas vezes perverso, que acontece de fato entre os componentes do grupo que disputam chamar a atenção daquele que ocupa o lugar de líder do grupo. Essa luta favorece a emergência dos fantasma de Nina que passa a confundir realidade e fantasia.
Essa guerra especular, graças a direção de Darren Aronofsky e a interpretação de vários artistas, se transforma numa guerra espetacular.
É um filme de arrepiar.
ResponderExcluirTira a gente do lugar também.
Adorei.
Beijos.
È mesmo não é? bjs.
ResponderExcluirMuito bom filme, excelente. A luta dela é intensa.
ResponderExcluirÉ isso ai!
ResponderExcluirParece que a luta da personagem influenciou a pessoa/atriz.Incrivel, né?
ResponderExcluirA sua análise do filme está profunda, tem um olhar de analista.Muito bom!
Oi Rachel obrigada pelo seu comentário.
ResponderExcluirbeijinho.