Ela que era defensora da Yoga começou, por força das circunstâncias, para não dizer recomendação médica, a fazer pilates. Adorou! Aquela parafernália com camas, molas, bolas. Aquele estica e puxa de alguns movimentos a levaram de volta para as coisas da infância que sonhava ter feito e o medo não a deixava fazer. Não estou falando de grandes coisas não! Estou falando de subir em arvores, andar em muros, brincar de voar em trapézios imaginários. É que ela morria de medo de altura! Sua desenvoltura era na terra e no mar e isso lhe bastava. Quero dizer bastar, bastar mesmo, não bastava não. Mais fazer o quê? Não dá para se ter tudo ou fazer tudo nessa humana vida.
Segura no Pilates, ela fazia os exercícios subindo, imaginariamente, nas mangueiras dos vizinhos, andando nos muros, mergulhando no trapézio sem rede. Compensava assim, de certa maneira, aquilo que foi perdido. Claro que só era de certa maneira. Sabia bem que o que se perdeu, fica perdido para sempre sem chance de recuperação. Só mesmo de uma forma ilusória pode se recuperar alguma coisa perdida. E não é de ilusão que se vive nesse mundo, pensava ela, quando ia feliz para aula de pilates.
Nas aulas era uma alunas aplicadas que seguia o que o professor mandava. Lembra da brincadeira na qual se faz tudo o que o mestre mandar? Era assim que se comportava. Se era para contar até vinte contava. Se era para respirar com o movimento, respirava. Contando, respirando e tentando se equilibrar não dá tempo de conversar fiado. Ela se fiava nas suas lembranças voadoras.
Até que percebeu que o professor se ocupava muito de outras coisas e os exercícios começaram a ficar repetitivos. Conversou com o professor. Ele ouviu e parece que não gostou. Na aula seguinte descascou nos exercícios aumentando o grau de dificuldade. Ela Adorou e voltou a sonhar que voava!
Sonhar é preciso!...e como!
ResponderExcluirQue lúdico! faço pilates...lembrarei de você rsrsrsrsrsrs
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