sexta-feira, 20 de julho de 2012

É policamente correto?

Fui assistir a um teatro infantil e me deparei com uma situação, que parece ser frequente hoje em dia, que é a ditadura do politicamente correto. 
Durante o espetáculo foram cantadas algumas canções infantis de forma mudada, forma essa que considero ser uma censura  a  agressividade da criança. A agressividade é constituinte do psiquismo humano e não pode ser eliminada pela censura externa. Todos os seres humanos são dotados em seu psiquismo da  capacidade inconsciente de amor e ódio por uma determinada pessoa ou objeto.
 Se a  criança canta que bateu no gatinho ela,  por falar, não precisa, necessariamente, de bater no gatinho.  
Desde Freud e do advento da psicanálise sabemos que a fala, a palavra, pode substituir a ação. 
Se a criança pode manifestar em seu discurso sua agressividade  de forma lúdica por que censurá-la?
Essa mesma censura existe para as histórias infantis. Nessas histórias as bruxas e as fadas,  os bons e os maus personagens, ajudam a criança simbolizar alguns de seus sentimentos, afetos, vivencias e fantasias. Tais personagens tem uma função psíquica e não é sem razão que tais histórias são repetidas por anos e anos a fio. 
Os personagens bons e os vilões nas mais variadas situações narradas na história, permitem à criança, se identificar ora com um, ora com outro, personagem e assim integrar suas pulsões agressivas e amorosas. Ela não só se identifica com tais personagens como também identifica-os com os adultos que a cercam, que também tem sua cota de pulsões  agressivas e amorosas.
Uma criança que em um ou outro episódio bate num bichinho ou em um coleguinha não pode ser considerada má só por esse seu ato.  Cabe ao adulto educar a criança dizendo que ela não pode fazer isso e mostrar seu desagrado. 
 A criança só vai recalcar suas pulsões agressivas se ela perceber que se insistir em ser mázinha ela pode perder o amor de seus pais , e de outro adulto que ela ame.
Se uma criança está sempre batendo ou xingando seus colegas ou cachorrinho, gatinho, é sinal de que ela está precisando de ser ajudada, que alguma coisa, não vai bem com ela. Alguma coisa está acontecendo em seu entorno e ela precisa ser convidada a falar, a dizer, porque ela está precisando fazer tais atos.   


4 comentários:

  1. Ângela, muito esclarecedor esse seu artigo, no sentido de questionar esta equivocação que ora impera em nossa contemporaneidade.

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  2. Ângela
    Muito interessante suas colocações, para mim muito esclarecedora! Tenho um sobrinho/neto que nasceu a Nova Zelândia, e os pais querem livros de histórias infantis, para manter viva a lingua materna. Vou enviar seu artigo para eles com a sua permissão, claro!
    Aprecio muito os seus escritos!Beijos

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  3. Rachel e Sonia, bom ter voces como interlocutoras.
    Rachel, então voce já é vovó!! Que barato!
    No caso do seu neto é a lingua paterna, não é mesmo! Pode mandar sim.
    Parabéns!!!
    Tem uma coleção de livros da Ana Maria Machado Que chama Mico Maneco que é para alfabetizar crianças em portugu~Es. È muito legal.

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  4. Amiga Ângela,

    Sou tia-avó, querida! Muito Obrigada pelas dicas! Beijos

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