sexta-feira, 23 de julho de 2010

Nós mulheres

Nós mulheres sofremos de reminiscências. Umas sofrem bem mais que outras. Algumas ainda tão jovens lamentam tanto a má sorte, quando essa aparece, que até parecem velhas. Dessas sem esperança que empurram a vida com a barriga. E são jovens que nem teem barriga!
Não vou dizer que falta a elas maturidade. Na medida que a maturidade chega ela vai aumentando os traços subjetivos que cada um sempre portou. A forma de ver e viver a vida, infelizmente, não muda com a chegada da idade. Parece que o gozo no sofrimento até vai aumentando para certas pessoas. Para essas receito uma boa análise. Escutando suas queixas quem sabe não mudam de lugar e passam a ver a vida com mais leveza?

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Das minhas dificuldades na lida com os botões.

Fui conhecer televisão com seis anos.
Nem me lembro se na mesma época havia telefone na casa de meus pais. Acho que não. Lembro nessa idade, mais ou menos, acompanhando algum adulto na companhia telefônica para dar interurbano. A telefonista fazia a ligação e nós aguardávamos do lado de fora. Quando a ligação se completava entrávamos numa cabine e fechávamos a porta para falar ao telefone. Naquela época considerávamos a conversa telefônica uma coisa particular, íntima, que precisava ser preservada.
Acho que foi no início da adolescência que meu pai comprou um telefone.
Deve ser por esses motivos que tenho uma certa dificuldade com os botões. Esses aparelhos muitos complexos me confundem.
Demoro uma eternidade para assistir a um DVD se estiver sozinha em casa. Assisto porque sou insistente. Mas confesso que só consigo assistir depois de várias tentativas e muita confusão com os botões.
A mesma coisa acontece com esse blog. Outro dia fiquei escrevendo sobre um filme e na hora em que achei o texto redondinho apertei um botão errado e ao invés de publicar sumiu tudo!!! E perdi o texto.
Agora só tem uma coisa nesse mundo virtual que não entendo. Por que para evitar vírus, invasores, temos que digitar letras e números se pretendemos postar comentarios em blogs ou responder emails?
Acho isso mais complicado de entender do que apertar botões. Quem bolou isso pensa que um invasor não sabe copiar umas letras?? Não consigo entender a lógica desse método. Para mim esse método só serve para me fazer desistir de postar comentários e de enviar email para os que o usam. Só isso. Fico com uma preguiça copiar aquelas letrinhas e números. Nesses casos confesso que jogo a toalha de cara. Nem tento. Vou logo a nocaute, desisto. E desistir, quem me conhece sabe, não é muito minha praia.

O pequeno mundo do invejoso

Estou começando a achar que amigo de verdade é aquele que vibra com suas conquistas e vitórias. Elogia as flores de sua sala e outras coisas que conseguimos e que tornam nossa vida mais leve e amena. Às vezes são detalhes bobos, pequenos. E o olhar de inveja do outro é tão flagrante que não consegue disfarçar.
O invejoso não quer que o outro tenha nada. Só ele pode ter.
Qualquer coisa que o invejoso tenha é só dele. Tudo o que seus amigos e parceiros tenham também. O invejoso se acha dono do mundo. E o mundo sempre fica reduzido ao seu umbigo. Que mundo pequeno é o mundo do invejoso! É um mundo no qual não cabe a solidariedade e a partilha.
Uma postagem do blog Alma Lavada descreve bem o espírito de um invejoso através da historieta que narro a seguir - com minhas palavras, claro!
Um invejoso morria de inveja de seu vizinho. Achou uma lâmpada mágica e o mágico lhe disse que ele tinha direito a um pedido. E o advertiu dizendo que tudo o que ele pedisse seu vizinho ganharia em dobro. Ele então pediu para ficar cego de um olho.
Só que ninguém nasce invejoso. Um sujeito se torna invejoso com a permissão daqueles que o criaram e com a conivência daqueles que alimentam sua inveja.
À criança deve, desde sempre, ser ensinado a dividir e a compartilhar. Cabe aos pais ensinar a generosidade e a partilha.
A inveja e o narcisismo andam de mãos dadas. O narcisismo é muito infantil. É na infância que o mundo da criança fica reduzido ao seu próprio umbigo.
Crescer implica abrir horizontes para além de nós mesmos e isso, convenhamos, é uma coisa que o invejoso não quer fazer.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

As histórias e os medos infantis

Estou aqui lembrando da Cecília, com seus três para quatro anos, em uma conversa animada comigo e com Roberto na praia.
Toda prosa ela nos falava de seus "devederes" preferidos. No topo da lista estava O Sítio do Pica Pau Amarelo.
O personagem que mais gostava? A Cuca. Ela arregala os olhinhos e completa: " A Cuca é aterrorizante!!!" Faz a seguir uma cara de prazer e completa: " Mas eu gosto."
O medo exerce um fascínio nas fantasias infantis. A criança precisa ter medo de perder o amor de seus pais, avós, ou de outras pessoas de sua família com as quais ela tem uma relação afetiva de qualidade para internalizar a Lei. Assim é fundamental que ela possa projetar esse medo nas Cucas e nos lobo maus das histórias infantis.
Poder se identificar, ou mesmo identificar seus entes queridos com a bruxa, com a fada madrinha, com o lobo, com o chapeuzinho vermelho, é fundamental para a criança.
Os pais, ao educarem a criança, nem sempre fazem o que ela deseja. Nessas horas eles desagradam a criança. Nesses momentos a criança pode identificá-los com os personagens malvados das histórias em quadrinhos e, por alguns instantes, deixar de amá-los. Os pais teem que suportar não ser sempre amados por seus filhos. Não devendo abrir mão de sua função que é educar. O pai e a mãe não são amiguinhos de seus filhos. Poderão vir a sê-lo, quando estes estiverem na idade adulta e os pais tiverem cumprido direitinho sua função de educar e cuidar dos filhos.
Por seu lado a criança pode, em diferentes situações, se identificar com os personagens malvados. Assim ao mesmo tempo que eles são aterrorizante eles podem ser o personagen que a criança mais gosta. Esses personagens cumprem uma função subjetiva importante permitindo que a criança, identificada a eles, possa transitar entre serem boas e más ou mesmo tempo. Projetando nos personagens da histórias seus desejos, ciúmes, raivas, invejas. Ressalto os sentimentos agressivos pois, esses, os seres humanos teem maior dificuldade de reconhecer como seus. E deles ninguém escapa. A ambivalência emocional, que é a capacidade inconsciente de todo ser humano de amar e odiar a mesma pessoa ao mesmo tempo ,nos dá uma prova incontestável disso.
Por isso defendo que se mantenham as histórias infantis do jeito que elas são. Nada de transformar as bruxas em fadas. As bruxas e as fadas teem uma função psiquíca. Possibilitam para a criança internalizar e simbolizar a ambivalência emocional. Não temos como negar os bons e os maus pensamentos e sentimentos que nos habitam.
Qual ser humano não tem suas horas de bruxaria?? Nessas horas se tivéssemos vassouras certamente saíriamos voando!

domingo, 18 de julho de 2010

Dos filmes que eu vi: O Preço da Coragem

O Preço da Coragem é um filme de 2003. A história é baseada na vida da jornalista investigativa irlandesa Veronica Guerin que, na década de 1990, combateu o crime organizado e o tráfico de drogas em Dublin, capital da Irlanda.
Esse filme retrata o já sabido:
- Que nos bairros das cidades nos quais não existe investimento do Estado o tráfico e o crime organizado tomam, pela força, o poder e fazem da população local seus reféns.
- Que onde tem droga, tráfico, crime organizado tem também prostituição.
- Que um profissional, quando se destaca, provoca inveja entre seus pares.
- Que a polícia precisa do aparato legal para agir.
- Que na Irlanda também existe juiz empregado do crime organizado.
- Que a população, ao ir para as ruas, pode mudar uma realidade.
- Que um execelente profissional faz a diferença.
- A guerra do crime organizado pelo poder em determinada área.
- Que a maioria dos moradores não fazem parte do crime organizado que atua em seu bairro.
- Que tem que haver uma mudanças nas leis do todo país que permita o confisco, pelo Estado dos bens dos bandidos, indepentente de onde eles atuem ( na política, no legislativo , judiciário, nas máfias e outros tipos de crime organizado).
Veronica levou o compromisso e a defesa intransigente de seus ideais até as raias da morte. Morte que deu frutos.
Vejam esse filme que vale a pena conhecer a vida dessa heroína da Irlanda.
Esse filme foi dirigido por Joel Schumacher.
Ps : É chocante ver as imagens de crianças pequenas brincando com seringas que foram utilizadas para injetar heroina como se fosse a coisa mais normal do mundo.

sábado, 10 de julho de 2010

Sobre videntes e assombrações

Diz o ditado que assombração sabe para quem aparece e, ainda que muitos duvidem de sua existência, elas continuam assombrando muita gente.
Eu mesma já fui bastante assombrada em minha infância. Lembro que sempre que viajávamos de madrugada de Cachoeiro para Guarapari, ao olhar as florestas que margeavam a estrada jurava, num misto de terror e êxtase, que tinha visto um saci. Se alguém de minha família perguntasse aonde ele estava eu prontamente dizia que ele tinha corrido.
Como uma lembrança puxa a outra o que mais me assombrou na infância foi meu irmão Fabiano. Certo feita, não sei porque razão, ele me disse que era para eu tomar cuidado com ele porque ele comia carne de cobra e bebia o sangue do diabo. Fiquei apavorada!!! Passei vários dias assombrada em sua presença. Minha mãe desconfiada com minha mudança de comportamento insistiu em saber o que estava acontecendo. Eu contei. Em segredo e morrendo de medo. Claro que tudo foi desmentido e meu irmão levou uma bronca.
No caso do saci lembro do gozo e do medo que ver o que não existia me provocava. No caso de meu irmão era só pavor mesmo. Até hoje não entendo esse tipo de brincadeira tão maldosa para assustar uma criança menor. Confesso que até hoje não acho a menor graça nisso.
Hoje sei que os demônios e fantasmas que me assustam algumas vezes são os meus próprios fantasmas inconscientes. Naquela época não sabia. Meus fantasmas inconscientes eram projetados nas fadas, nas bruxas, nos sacis e nos demônios.
Na infância também já me assustei com os videntes. Hoje também eles já não me assustam mais. O polvo Paul, oráculo da Copa de 2010, bem demonstra que previsões até um molusco pode fazer. Basta que pelo menos uma pessoa dê um significado, um sentido, ao seu movimento, no caso do molusco, ou nas previsões evasivas que fazem os videntes humanos. Estou aqui me referindo as cartomantes, as leitoras de tarô, e todos os outros tipos de adivinhos e videntes. Algumas pessoas gostam que outras digam sua sorte. Seja ela boa ou má. Assim elas se desresponsabilizam de suas escolhas e não pagam o preço pelo seu desejo. Para essas pessoas seu destino já está traçado e é o outro quem vai lhe dizer qual é. A elas nada compete fazer. Só resta sofrer e gozar no sofrimento. Esse é o preço da neurose, que é sempre caro para todo o sujeito.
PS. Roberto entrou aqui dizendo que o polvo Paul acertou em sua previsão de novo. A Alemanha ficou em terceiro lugar derrotando a seleção do Uruguai.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A voz do po(l)vo é a voz de Deus.

O fenômeno dessa Copa sediada na África tem sido, muito mais que a revelação de bons jogadores e partidas sensacionais, a descoberta do polvo Paul.
Paul é alemão, raça pura, e tem acertado as previsões dos jogos da seleção de seu país. Ontem previu e acertou a derrota da seleção alemã para a Espanha.
Eu, que sempre acreditei em Lula, que adoro o mar e seus frutos, estou me divertindo bastante com a descoberta desse novo oráculo.
Aliás nessa Copa ouvi de tudo. Até da existência de algum jogador ninja na seleção da Coréia do Norte. Quase troquei o n pelo m, tamanha é a dureza do regime político daquele país.
Voltando ao polvo Paul ando me perguntando se ele não seria a encarnação do ditado que diz que a voz do po(l)vo é a voz de Deus.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Peixe leve e gostoso e rápido

Quer comer um peixinho gostoso e rápido? Veja ai:

- 1 kg de peixe. Pode ser inteiro ou em postas, pedaços. Eu sempre faço em postas ou pedaços.

- sete a dez centímetros de gengibre ralado.

- shoyo a gosto - de preferência sem glutamato de monosódio.

Cozinhe o peixe sem nenhum tempero no vapor ou em uma panela com um pouco de água.
Se o peixe estiver em postas é bem rápido o cozimento.
Após cozido transfira o peixe para um pirex, cubra com o gengibre ralado e jogue molho shoyo. Se você cozinhou o peixe inteiro jogue o tempero de ambos os lados e dentro da barriga, senão vai ficar sem gosto.
Está pronto para servir.
Acompanhe com um arroz integral, purê de batatas, uma saladinha.
Não tinha contado ainda para vocês que aqui em casa o arroz é integral não é mesmo?
Bom da palavra escrita ou falada é isso: sempre fica alguma coisa por dizer.
Bom apetite!



quinta-feira, 1 de julho de 2010

Das trombadas que levamos pelo caminhos

Em Vitória (ES), cidade onde moro, na beira da praia tem um calçadão onde é comum, nas partes que não tem ciclovia, se misturarem ciclistas e pessoas que caminham na orla.
Ontem, no fim da tarde, passeando de bicicleta fui atropelada, nesse calçadão, por um ciclista, que pedalava em alta velocidade. Não era nenhum rapazinho. Aparentava ter mais de quarenta anos. Ele vinha disparado escutando seu walk men.
Além de ser derrubada ao chão e ter a roda da bicicleta totalmente entortada tive que escutar algumas preciosidades do dito cujo.
Ao ser questionado como podia correr tanto na calçada o sujeito saiu com essa: aqui é considerado uma ciclovia. A senhora deveria avisar que iria virar!!!
Como pode uma calçada ser considerada uma ciclovia!!!!
Aquele indivíduo nem ao menos me ajudou a levantar ou se desculpou. Era um sem educação, um casca grossa.
A seguir uma lição de solidariedade.
Dei alguns passos carregando a bicicleta quando, do nada, apareceu outro ciclista.
Era um rapazinho surdo-mudo. Ele sinalizou que tinha visto o que ocorreu e ofereceu, com sinais, ajuda. Pegou minha bicicleta e amarrou na carona da sua bicicleta e me acompanhou até em casa.
Nem sei o seu nome. Assim que chegamos agradeci e ele saiu rapidamente.
Gostaria de tê-lo convidado para um café aqui em casa. Não o fiz e me arrependo.
Ações como a desse rapaz me provam que ainda existe anjo da guarda e que a solidariedade nunca cai de moda.