quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Dos filmes que eu vi: Simplesmente Martha

Para quem gosta de trocar receitas, assistir a um filme de uma obstinada chefe de cozinha de Hamburgo, Alemanha, pode ser um bom programa.
Simplesmente Martha é um filme da diretora Sandra Nettelbeck.
O filme é a história de uma mulher solteira que vive para o trabalho. Martha é uma chefe de cozinha reconhecida em sua cidade. Ela é perfeccionista e tem o que costumamos chamar de "um gênio difícil". Não suporta nenhuma crítica de seus clientes a seus pratos. Nem demonstra satisfação em ir receber os cumprimentos dos clientes que a bajulam.
Por imposição da dona do restaurante procura um terapeuta. Ela em nenhum momento se questiona sobre essa imposição. Simplesmente repete em seu tratamento as receitas e cardápios que executa em seu dia a dia. Chega até a levar alguns pratos para o terapeuta experimentar. Ao que ela assiste em sua cadeira.
Dois acontecimentos viram sua vida pelo avesso.
Ela se vê obrigada a cuidar de sua sobrinha Lina, de 8 anos, após a morte repentina da irmã. Ao mesmo tempo em que isso está acontecendo a dona do restaurante no qual ela trabalha, contrata Mário, um chefe de cozinha italiano, alegre, para trabalhar com ela.
Para poder se ligar afetivamente à sua tia, Lina precisa viver o luto da morte de sua mãe. Lina tem que vencer uma série de dificuldades para se adaptar a sua nova vida.
Ao se relacionar com Lina, Martha, tão acostumada a seguir receitas, se depara com uma situação para a qual não existe nenhuma receita a ser seguida. Sua sobrinha inclusive se recusa a comer, a despeito dos pratos elaborados que sua tia prepara.
A outra relação que mexe com sua vida é a forma irreverente e alegre como Mário trabalha. Essa alegria faz com que Lina volte a comer e aproxima Mário de Martha. Essa aproximação vai desarrumar não só sua vida como também a cozinha de sua casa, fazendo que ela, literalmente, perca o ar.
A relação afetiva com Mário e Lina possibilita a Martha romper a couraça e quebrar a distância que ela criou para se defender da aproximação das pessoas.
Justo quando eles conseguem superar algumas dificuldades de relacionamento surge o pai de Lina para levá-la para viver com ele na Itália.
Será que Martha vai deixar que a vida lhe roube a felicidade, sem receita, que ela provou e gostou?
Esse filme é o que poderíamos classificar no bordão "cinema é entretenimento".
A história é boa e leve. A diretora trata com delicadeza o tema da morte e o trabalho de luto que foi realizado por Martha e Lina, na busca de reconstruirem uma nova vida.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pão com granola


Descobrir fazendo pão que, com uma boa receita, podemos fazer variações que darão outro sabor ao pão de cada dia.

Foi a partir de um encontro fortuito com Eugênio, que conheço desde minha infãncia, que resolvi fazer o pão granola. Ele é casado com uma francesa e aprendeu a fazer esse pão com uma amiga que recebeu em sua casa.

Mandei email e ele me deu a receita. Era uma receita para uma fornada de seis pães,o que é muito para minha família. Decidi então utilizar a a receita de pão da Telma, uma das primeiras já postadas nesse blog, e fiz as seguintes modificações:

- 5 xícaras de trigo branco. Não use o integral. Com granola fica muito duro.

- Substitua 1 xícara de aveia e 1/2 xícara de farinha de soja ( que eu nunca coloco) da receita original por 2 xícaras de granola - doce ou não. Dependendo se você quer fazer um pão doce ou de sal.

Com essa simples mudança você irá experimentar um novo sabor em seu pão.

Já experimentei esse pão e foi aprovado.

Vai bem com um queijo cottage, geleia, atum...

Bom apetite!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Minha lista de blogs

Estou adicionando na minha lista o blog de Fabíola Cerqueira. Ela é uma profissional da educação da prefeitura municipal de minha cidade que discute a questão da violência na escola.
Vale a pena conferir!

Histórias escritas: As 15 Lições da Pedagogia do Amor

O livro As 15 Lições da Pedagogia do Amor- A arte de construir cidadãos, da Editora Celebris é um livro autobiográfico. É o relato das memórias de um ex-interno da Febem, que passou a viver na rua para fugir do internato.
Roberto Carlos, nesse livro, conta como foi sua vida em um internato-prisão, que era o modelo educacional proposto pela ditadura militar brasileira para as crianças e adolescentes pobres.
Nesses internatos-prisões as crianças e os adolescentes eram privados do convívio familiar e comunitário e desenvolviam todas as atividades diárias no mesmo lugar, com um mesmo grupo de pessoas.
Os internos eram submetidos a uma rotina de castigos e punições. Em seu dia a dia eles eram vigiados, punidos e submetidos a uma rotina de humilhações ficando à mercê de funcionários despreparados que, em muitos casos, se tornavam seus algozes.
Roberto Carlos foi internado com seis anos de idade e sua vida sofreu uma mudança drástica.
A partir de sua internação ele experienciou uma vida de horrores que ele desconhecia e contra a qual se rebelava fugindo diversas vezes. Na instituição ele era taxado de irrecuperável.
Foi seu encontro com uma educadora francesa, Marguerite, que estava de férias no Brasil, que mudou sua vida.
Hoje Roberto Carlos é um famoso contador de história e Phd em pedagogia.
Esse livro vale a pena ser lido por vários motivos. Irei citar alguns deles.
Roberto Carlos conta a história de maneira emocionante. Ele nos faz rir, nos indignar, chorar e torcer para que ele acredite na aposta e no investimento positivo que Marguerite está fazendo nele.
Sua história nos mostra, principalmente, as consequências e os efeitos do trabalho de profissionais despreparados na vida subjetiva de Roberto Carlos.
Tantas outras crianças e adolescentes que vivem em situação de pobreza, abandono ou maltratos e que necessitam serem tutelados pelo Estado, passam pelo mesmo calvário que Roberto Carlos nos descreve. Todavia, nem todas dão a mesma sorte que ele teve de encontrar uma Marguerite, que foi sua fada madrinha, em suas vidas.






quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Dos Filmes que eu vi: Há Tanto Tempo que Te Amo

Um filme que vi, gostei bastante e vou partilhar com vocês é francês, do diretor Philippe Claudel, cujo título é, de saída, equivocante: Há muito Tempo que te Amo.
Não caia na armadilha que o título sugere pensando que a história é sobre uma relação erótica, afetiva, entre um casal. O filme trata do reencontro de duas irmãs, que não tiveram nenhum contato por 15 anos, e do retorno de uma delas ao convívio social e familiar.
Léa era uma criança quando Juliete, sua irmã mais velha, comete, por amor, um assassinato. Durante o seu julgamento Juliete permanece calada. Não se defende, não se justifica. Tal atitude faz com que seus pais e seu ex-marido a rejeitem. Léa fica proibida de ter qualquer contato com sua irmã.
A leitura que faço desse silêncio é que a personagem precisa se deixar prender, sem tentar reduzir sua pena, numa tentativa de aplacar sua culpa.
Juliete passa então 15 anos esquecida, rejeitada, na prisão. Tempo durante o qual que não recebe uma única visita.
Pouco antes do fim do cumprimento de sua pena, sua irmã Léa, é procurada pela Assistente Social e recebe sua irmã em sua casa.
É ai que começa a história que é contada de uma maneira delicada e bastante humana da retomada da relação afetiva e de convivência entre as duas irmãs.
Ao acolher Juliete em sua casa Léa traz de volta seu passado, gerando alguns conflitos com seu marido, que acolhe com desconfiança sua cunhada.
Voltar a conviver com sua irmã também provoca em ambas inúmeros conflitos subjetivos, com cada uma delas e com todos que a rodeiam.
A única pessoa com a qual ela se sente confortável, a princípio, é com o pai de seu cunhado. Ela se identifica ao seu silêncio. Ele perdeu a voz por motivos de saúde.
Juliete se vê olhada e olha a todos com desconfiança e preconceito. Frente a essa desconfiança mútua o filme mostra inúmeras dificuldades que Juliete terá que enfrentar para retornar ao convívio social. A dificuldade de ser reinserida no mercado de traballho é uma delas.
Restabelecer uma relação, bruscamente, interrompida entre as duas irmãs provoca inúmeros desconfortos entre os amigos da família. Eles se surpreendem com a chegada dessa irmã, que ninguém sabia sequer de sua existência. Michel é o amigo que acolhe Juliete de modo especial. Tendo trabalhado como professor em uma prisão durante poucos anos ele percebeu quão tênue é o mundo subjetivo que separa um detento de um cidadão livre.
Destaco a áspera-delicadeza com que as irmãs vão retomando a conversa e a relação afetiva interrompida. A relação que Juliete vai construindo com suas duas sobrinhas, filhas de Léa é outro ponto que destaco no filme. Penso que essas relações podem ser tomadas como um metáfora da relação de Juliete consigo mesma. Devargarinho ela vai saindo da sombra e deixando de ser prisioneira de seu silêncio e de suas lembranças.
Nesse filme podemos assistir a complexidades das relações humanas com seus emaranhados de dor, ressentimento, abandono, raiva, amor, acolhimento, tristeza, culpa, alegria, dúvida, laços de confiança e desconfiança.
É um filme que nos mostra, sobretudo, como sempre corremos o risco de nos equivocarmos quando julgamos um fato ou uma pessoa por sua aparência.
Fica o desafio: reparem a sutileza da cena da qual advém o título do filme.
Bom filme!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Violência sexual contra crianças e adolescentes

Hoje participei, na Câmara Municipal de Vitória (ES), de uma Audiência Pública. O objetivo dessa audiência era sensibilizar autoridades de diversas Secretarias do Município e do Estado para a criação de um centro integrado para o atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.
Sei que esse assunto é um pouco indigesto para blog que começou falando de receitas, poesias e outras histórias.
Todavia entendo que enfrentar as questões que nos afligem, sejam essas individuais ou coletivas, é uma das melhores receitas em nossa busca por uma vida mais humana e, quem sabe, mais feliz.
Você sabia que é bem grande o número de crianças que são vítimas de violência intra familiar? E que na maioria dos casos o abusador é algum de seus familiares, vizinhos, parentes? Ou seja, alguém que a criança conhece e que frequenta sua casa?
A vitimização de crianças e adolescentes por violência sexual ou maus tratos trata-se, em grande números de casos, de uma morte anunciada. A criança comparece uma vez ao DML (Departamento Médico Legal ) e, meses depois, pode voltar morta.
Os médicos do DML/ES, liderados pelo Dr. Frasson, perceberam isso. Dr. Frasson começou tirando fotos dessas crianças. Essas fotos, sim, são indigestas! Elas mostram o lado obscuro de seres transgressores e perversos que se aproveitam do total desamparo de crianças e realizam, em seus corpos, suas fantasias perversas.
Dr. Frasson, participando de um encontro nacional para médicos legistas, conheceu um centro de referência que funciona em Porto Alegre. E sonhou em implantar esse serviço aqui.
Sabemos que sonho que se sonha junto pode se tornar realidade. Ao sonho de Dr. Frasson juntou-se a Andressa. Essa sonha forte! Ela foi logo marcando reunião, agregando pessoas comprometidas com a defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes. Esse sonho cresceu!
Todavia, além da mobilização social, para a implantação de serviços públicos, precisa haver decisão política. Na tentativa de sensibilizarmos as autoridades é que foi realizada essa audiência pública. Outra audiência já ficou acertada agora na Assembleia Estadual. Sinal de que nosso objetivo está sendo alcançado.
Mudar para melhor a vida de nossa coletividade não seria uma forma de fazermos poesia?
Um abraço.

sábado, 14 de novembro de 2009

Histórias escritas: Pedagogia do Cuidado.

Não gosto só de cozinhar. Cozinhar foi uma necessidade que se colocou em minha história após meu casamento. Tendo aprendido, fui tomando gosto.
Ouvir e contar histórias é uma coisa que gosto desde a minha infância. Quando pego um bom livro e me envolvo na leitura é difícil de tirar minha atenção. Na infância meus filhos, sabendo disso, se aproveitavam dessa minha concentração na leitura. Quando eu estava viajando em um livro, eles me interrompiam e pediam coisas que eu consentia sem ao menos os escutar. Terminada a leitura eu percebia a traquinagem que eles haviam feito com meu consentimento. Fazer o quê?
Adoro ler romances, contos, poesias, crônicas, biografias. Assim vou sendo lida e modificada a cada livro pelo qual me apaixono.
O livro, assim como um filme, uma obra de arte, também tem a função psíquica de possibilitar que o leitor, identificado aos personagens da história, seja lido por eles. O leitor identificado a um ou mais personagens da história sonha, chora, ri, luta, se apaixona, muda a realidade ou se desperta para a ela.
Vou inaugurar esse espaço com o livro Pedagogia do Cuidado, escrito por Celso Antunes e Dagmar Garroux (Editora Vozes). Esse livro conta histórias de vidas de crianças e adolescentes, que frequentam a Casa do Zézinho, situada no Jardim Ângela, na periferia de São Paulo. As histórias narradas nesse livro são o retrato sem retoques da vida de crianças e adolescentes, meninas e meninos, de 6 a 18 anos que vivem uma realidade bem distante da noss@.
Para além da dureza das histórias fica a beleza da forma como a Tia Dag escuta e acolhe a cada um dos Zézinhos. Dessa escuta resulta a construção, com a equipe de educadores da Casa, de estratégias para trabalharem a auto estima daquela população esquecida pelos poderes públicos. São incríveis as mudanças subjetivas decorrentes do trabalho que é desenvolvido ali.
A casa do Zézinho é uma escola que parte da realidade dos educandos, que leva o educando em consideração e que enxerga o saber e as dificuldades que eles portam.
Aqui em casa todos lemos esse livro. Ser Zézinho, em nossa linguagem familiar, se tornou um adjetivo elogioso.
Conhecemos esse livro e esse trabalho no programa Conexões Urbanas, comandado por José Júnior, Coordenador do movimento Afro Reggae, que é um programa que também merece ser visto.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Qual é o lugar do bebê na economia psíquica das mães?

O prédio onde tenho consultório de psicanálise tem uma clínica de pediatria e vários consultórios médicos.
Tal fato faz com que, volta e meia, no elevador, me depare com mães levando seus filhos ao médico.
Recortei três cenas desses encontros fortuitos no elevador, que me interrogam.Esclareço que nem ao menos conheço aquelas mães e seus bebês, que aparentam ter menos de um ano de idade.
A alguns desses encontros assisto calada. Outros são acompanhados de algumas trocas de palavras. Isso porque, em algumas situações, brinco com o bebê ou ajudo a mãe, segurando o elevador, apertando o andar para onde ela está se dirigindo.
Confesso que alguns daqueles encontros me levam a pensar na relação mãe-bebê, tão fundamental para a saúde mental da criança, que precisa receber afeto e limite, à medida em que vai crescendo e sendo educada.
Vou transformar alguns desses encontros em cenas, que descreverei a seguir.

Cena I: uma mãe, impecavelmente vestida, carrega a bolsa do bebê, visivelmente doentinho, que está no colo de uma babá.
Qual dessas relações é a transitória na vida da criança? Criança doente quer colo de quem??

Cena II: uma mãe com uma criança, que aparentava ter uns seis meses, comentou que estava levando a filha no neuropediatra. Eu perguntei a razão e ela me respondeu que a criança precisava de um calmante porque acordava muito à noite!
Será que uma mulher que vai ser mãe não sabe que uma criança acorda à noite???
Cena III: uma mãe com uma criança de, no máximo seis meses, ia levar a criança no gastro. Seria refluxo, tão na moda hoje em dia? Não sei!
Assim que ela saiu uma senhora, que também estava no elevador e aparentava ser uma avó, comentou comigo: hoje as mães tem preguiça até de fazer sopinha para os filhos. As crianças comem desde cedo alimentos industrializados e depois tem problema de estomago. As mães não querem ter trabalho.
Outro dia meu marido escutou uma avó falando para outra no elevador: "mal de mãe é não querer ter trabalho com filho".
Será que está faltando avó na vida das crianças? Dessas que sugerem um chazinho, que fazem massagem na barriga do nenê? Que são palpiteiras e participantes na vida dos netos? Que curtem e cuidam dos netos na ausência dos pais? Que fazem comidinhas especiais para os netinhos?
Não tenho resposta. Todavia essas e outras cenas me interrogam sobre qual é o lugar do bebê na economia psíquica de suas mães.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Bolo integral de chocolate delicioso da Lauri

Essa receita é para atender um pedido de Rachel. Ela comeu esse bolo aqui em casa e pediu a receita. Conheci Rachel na minha adolescência, no primeiro ano do curso científico, quando estudávamos no Liceu, em Cachoeiro, e ficamos amigas.
Ela também é dessas amigas que a gente fica tempos sem se encontrar e quando encontra a conversa flui de um jeito que nem parece que não foi interrompida. Nos reaproximamos via Internet, quando comecei meus emails de minhas receitas testadas e aprovadas, de onde originou a ideia desse blog.
A receita básica desse bolo de chocolate é da Lauri. Ela é nossa comadre. Roberto e eu somos padrinhos dos dois filhos dela: Caio e Janaína, que tem alegrado bastante nossa casa. Isso demonstra o quanto nos gostamos. Ela é minha professora de Yoga. Ela é também Massoterapeuta. Tome cuidado caso você a conheça e ela te ofereça uma massagem como presente de aniversário!
Lauri é uma estudiosa. Ela sabe muito sobre Yoga, alimentação natural, massagem, Tai Chi Chuan, Do In e outras práticas alternativas que fazem bem à saúde. Com ela aprendi a fazer algumas receitas diferentes e gostosas que depois irei passando para vocês.
Esse bolo de chocolate pode ser feito de três maneiras.
Com chocolate gengibre e coco ralado. O gosto do gengibre é forte e nem todo mundo gosta. Desse jeito ele não leva manteiga nem nenhum outro tipo de gordura, além da gordura do coco. Ou só com chocolate, ou com chocolate com nozes.
Nos três sabores esse bolo não leva leite, nem ovos e fica muito bom. Nem precisa de batedeira.
Eu acrescento um pouquinho de café, como vocês poderão ver na segunda receita. Li que um pouco de café forte e sem açúcar no bolo de chocolate deixa o bolo molhadinho. Fiz o teste e passei a acrescentar na minha receita.
Todas as duas são deliciosas e rápidas, como vocês poderão testar.
Receita 1: Bolo de chocolate com coco e gengibre ralado.
Ingredientes
- 1 copo (menos 2 dedos de água morna)

- 1 copo de açúcar mascavo

- 3 colheres de sopa de chocolate em pó amargo, ou cacau em pó

- 1 copo de trigo integral

- 1 colher de chá rasa de bicarbonato

- uma pitada de sal

- gengibre ralado à gosto ( eu coloco um pedaço de mais ou menos dois dedos)

- coco ralado natural( coloco só 3/4 do coco)

Modo de fazer
Colocar a água o açúcar, o coco em um recipiente. Misture com a colher de pau. Vá acrescentando os outros ingredientes. Acrescente por último o bicarbonato.
Unte uma forma furada ou uma pirex ( retangular) de tamanho médio com manteiga.
Deseje a massa . Levar para assar em formo quente, já pré aquecido por 25 a 30 minutos.

Receita 2: Bolo de chocolate da Lauri a minha moda.
- Você vai usar os mesmos ingredientes. Apenas tire o coco e o gengibre e acrescente;
- 1 colher de sopa de manteiga
- 2 dedos de café forte sem açúcar (fiz com nescafé duas colheres e dois dedinhos de água fervida)
Assim terá um bolo de chocolate simples. Se quizer incrementar seu bolo você pode acrescentar:
- 2 dedos ( do copo medida ) de nozes, ou castanhas ou amêndoas picadas.
O modo de fazer é o mesmo da primeira receita.
O modo que a Lauri faz esses bolos é um pouquinho diferente do meu. Ela usa duas vasilhas. Em uma ela coloca e mistura todos os ingredientes secos. Em outra ele coloca e mistura todos os ingredientes molhados. Depois ela junta tudo e mexe bem com uma colher de pau. Acho meu jeito de fazer mais mais simples e suja uma vasilha a menos.
Fique à vontade para escolher o seu jeito de fazer essas receitas.
Aqui em casa todos nós gostamos desses bolos. Espero que você também goste!
Um abraço

domingo, 8 de novembro de 2009

Minha lista de blogs

Hoje tomei coragem e incluí minha lista de blogs.
Estava resistindo em fazer essa coisa tão simples por alguns motivos. Primeiro por minha dificuldade em lidar com essa máquina, já que sou aprendiz de feiticeira. Outro motivo é por eu desconhecer o mundo do blogs.
Entretanto o motivo que penso ser o mais importante era o medo de ser taxada de reacionária. Ridículo isso não é? Mas já explico o porquê.
Adoro o blog de uma cubana chamada Yoani Sánchez. Ela escreve super bem e luta para ter um espaço de livre pensamento na ilha de Fidel.
Nós que vivemos uma ditadura de direita no Brasil, sabemos que seres pensantes ameaçam a qualquer ditadura, não é mesmo? Assim o blog dela é repleto de comentários com os quais não concordo.
Sou a favor do fim do bloqueio comercial/econômico contra Cuba e admiro muitas conquistas do povo e governo cubano. Todavia não sou a favor de nenhuma ditadura. Seja ela de esquerda ou de direita.
Bem vejam no blog da Yoani o que ela escreve. Ele fala de seu cotidiano.
Tem um texto chamado Final de Partida, sobre uma peça de Samuel Beckett, que ela assistiu que é lindíssimo!!
Por que não repartir a beleza e a audacia de uma jovem sonhadora?
Um abraço


sábado, 7 de novembro de 2009

Dos filmes que eu vi: Bem Vindo

Acabei de sair do cinema. Fui assistir a Bem Vindo, um filme de Philippe Lioret.

A história se passa em Calais, na França, cidade que é uma das portas de entrada para Inglaterra, país dos sonhos de milhares de imigrantes.

O filme trata de modo particular da saga dos imigrantes curdos e narra, de um modo poético, a história de um deles.

Toda a narrativa foi construída em torno de dois personagens. Um francês, professor de natação, e o jovem curdo. Esse é um rapazinho de 17 anos que tenta cruzar, a nado, o Canal da Mancha para se encontrar com a namorada, que também imigrou ilegalmente com sua família para Londres.

Quer metáfora mais grandiosa, mais bonita, e que melhor representa a saga de tantos imigrantes que tentam entrar, ilegalmente, em outros países, nos quais nem ao menos são bem vindos, do que alguém que vai ao encontro do amor?

Para além de um sonho, de uma utopia, tão necessária para que possamos reinventar e dar sentido às nossas vidas, esse filme retrata algumas situações de conflitos pessoais e políticos que são inerentes à raça humana.

Dentre os conflitos pessoais alguns chamaram minha atenção. O conflito entre os próprios imigrantes curdos. Entre a ex-mulher do professor e o segurança do supermercado que, no cumprimento de seu dever, impede aos imigrantes de entrarem no estabelecimento. Entre o professor de natação e seu vizinho que o denuncia à polícia. Entre o professor e sua ex-esposa. Entre a namorada do sonhador e seu pai, que arrumou para ela um casamento com um primo rico. E o conflito do professor ao ser confrontado com o desejo do jovem curdo.

Dentre os conflitos políticos destaco a decisão político-administrativa dos países de primeiro mundo de conter as milhares de pessoas, advindas de países pobres, que tentam cruzar, a qualquer custo e risco, suas fronteiras em busca de uma vida melhor. Tal decisão política transforma tantos os imigrantes, quanto seus simpatizantes e defensores em caso de polícia.

À medida que a história vai se desenrolando vemos também como a população da cidade assiste, em sua maioria, passivamente à situação de segregação a que estão submetidos os imigrantes.

É na tentativa de impressionar e reconquistar a ex-esposa, que é uma ativista que distribui alimentos para os imigrantes curdos, que o professor de natação passa a se interessar pela vida do jovem apaixonado.

Desse encontro advém o inesperado, tirando o professor de sua vida de aparente conforto. Como o encontro com um sonhador que busca realizar sua utopia é perigoso! Ele tem o poder de nos desalojar de nossa situação confortável e nos lançar no vazio.

Na busca de realizar seu sonho o sonhador relativiza os perigos da vida e desafia a morte, podendo até, em alguns casos, vir a encontrá-la.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Rosca Doce de Dona Paulina

Dona Paulina é minha mãe. Ela morreu já há alguns anos. Foi com ela que descobri o prazer de sentar em uma mesa farta, rodeada de familiares e amigos, para uma refeição saborosa.
Com ela aprendi também que não se coloca panela na mesa, que a mesa deve ser posta de uma forma bonita, que a comida deve ser servida quentinha.
Com minha mãe aprendi também a alegria e o gosto pela música e pela política. Ela vivia cantarolando marchinhas de carnaval que ainda hoje fazem parte de minha memória musical.
No que diz respeito a política me chamava a atenção o fato de meus pais sempre votarem em candidatos de partidos diferentes. Achava incrível que ela, que era uma dona de casa à moda antiga, submissa ao marido, tivesse, ao mesmo tempo, opinião própria e palpitasse em assuntos considerados, na época, masculinos, como a política.
Comecei a me dar conta do interesse dela por política na campanha dos candidatos Jânio Quadros e Marechal Lott à presidência da república. Naquele pleito saiu vencedor Jânio Quadros, candidato de meu pai, que ela dizia que tinha cara de doido. A renúncia de Jânio, sete meses depois de sua posse, nos mostrou que ela tinha um certa razão: algo não ia muito bem com aquele senhor.
Com minha mãe aprendi também a dividir, não só o alimento, como também outros bens. Sempre que ganhávamos algo novo dávamos algo que já não usávamos mais para os mais pobres. Isso poderia ser brinquedo, roupa, calçado.
Aprendi também a pedir desculpas, a conversar fiado e a rir de algumas coisas da vida.
Muito do que aprendi com ela procurei transmitir para os meus filhos.
Eu gostava muito da receita de rosca doce que ela fazia. Confesso que a minha não fica igual a dela. Mãe é mãe.
Rosca Doce de Dona Paulina
Ingredientes
- 2 copos de água morna
- 1 xícara de açúcar
- 2 tabletes colheres fermento de padaria
- Uma pitada de sal
_ 2 colheres de sopa de óleo
- 3 ovos
- 1 colher de sopa de manteiga
- trigo até o ponto de enrolar (= ou - 1 kg)
- Modo de Fazer.
Dissolva o fermento em 1 copo de água norma e deixe descansar 15 minutos + ou -
Misture 1 copo de água com açúcar com água norma.
Misture com o fermento. Acrescente os ovos, manteiga.
Vá acrescentando o trigo e o sal. O trigo você vai acrescentando aos poucos até o ponto de enrolar. Sove bem. Deixe a massa crescer. Para isso faça uma bolinha com a massa e coloque em um copo de água. Quando ela subir a massa está no ponto para ir ao forno. Divida a massa faça rolos e depois faça tranças - não muito finas e coloque para assar no forno quente. Não é em forno pré aquecido. Não deixe dourar demais pois fica ressecada. Se quiser após tirar do forno umideça e passe no açúcar cristal.
Eu estou aqui sentindo o sabor da rosca doce.
Espero que você também goste.
Um abraço

domingo, 1 de novembro de 2009

Dos filmes que eu vi: A Partida

Alguns temas são difíceis e delicados para serem abordados e se transformarem em uma boa história. A morte é um deles. A relação com o pai também. A Partida, filme japonês do diretor Yôjirô Takita, consegue abordar esses dois temas em um filme belíssimo, que tem boa música, lindas paisagens em uma delicada história.
Um violoncelista, Daigo, jovem e casado, após perder o emprego em uma orquestra na cidade de Tóquio, se vê obrigado a vender o violoncelo profissional e caríssimo que havia comprado e a voltar para a sua cidade natal. Lá não iria pagar aluguel pois havia herdado a casa que fora de seus pais.
Daigo consegue um emprego em uma agência funerária que faz um ritual denominado acondicionamento de corpos. Esse ritual é realizado para pacificar o morto em sua última partida.
Para se manter nesse emprego ele tem que vencer o preconceito de sua mulher e de um amigo. De um modo muito singelo a história vai sendo contada.
Ora nos fazendo rir de algumas situações hilárias, que o personagem é obrigado a se deparar nesse trabalho tão diferente.
Ora nos fazendo chorar, não só pela delicadeza da história, como também pelos pontos que são comuns a todos os seres humanos, independente de sua língua ou cultura, que é a dificuldade emocional, afetiva, que temos de nos separarmos de nossos entes queridos.
Essa dificuldade de lidarmos com a separação se mostra inicialmente no próprio exercício do trabalho do rapaz. Ao acondicionar os mortos ele tem que assistir as despedidas familiares dos que se foram. Em algumas situações essas despedidas trazem consigo alguns conflitos que estavam latentes na família.
Outro sofrimento causado pela dificuldade de nos separarmos de nossos entes queridos advém da dificuldade do rapaz de lidar com o abandono paterno. Elaborar o abandono paterno ou materno é uma das maiores dificuldades que o ser humano tem que enfrentar. Ainda mais quando, como é o caso da história narrada, o abandono ocorre na primeira infância, época em que a criança é totalmente dependente do amor e dos cuidados parentais.
Outra forma de abandono que trata no filme é o abandono às tradições. A cultura japonesa vai mudando e perdendo algumas de suas marcas de diferença como a casa de banho, que está para ser fechada, e mesmo esse ritual de acondicionamento que, pelo visto, não é sempre que é realizado. Seu pai, por exemplo, não iria ter esse ritual.
E na diferença de uma outra cultura, em seu cotidiano, o personagem vai reescrevendo a sua história e resgatando sua relação com seu pai.
Termino mandando uma carta pedra para tod@s leitores. É uma pedra bem lisinha a que eu escolho nesse momento. E vocês?