domingo, 1 de novembro de 2009

Dos filmes que eu vi: A Partida

Alguns temas são difíceis e delicados para serem abordados e se transformarem em uma boa história. A morte é um deles. A relação com o pai também. A Partida, filme japonês do diretor Yôjirô Takita, consegue abordar esses dois temas em um filme belíssimo, que tem boa música, lindas paisagens em uma delicada história.
Um violoncelista, Daigo, jovem e casado, após perder o emprego em uma orquestra na cidade de Tóquio, se vê obrigado a vender o violoncelo profissional e caríssimo que havia comprado e a voltar para a sua cidade natal. Lá não iria pagar aluguel pois havia herdado a casa que fora de seus pais.
Daigo consegue um emprego em uma agência funerária que faz um ritual denominado acondicionamento de corpos. Esse ritual é realizado para pacificar o morto em sua última partida.
Para se manter nesse emprego ele tem que vencer o preconceito de sua mulher e de um amigo. De um modo muito singelo a história vai sendo contada.
Ora nos fazendo rir de algumas situações hilárias, que o personagem é obrigado a se deparar nesse trabalho tão diferente.
Ora nos fazendo chorar, não só pela delicadeza da história, como também pelos pontos que são comuns a todos os seres humanos, independente de sua língua ou cultura, que é a dificuldade emocional, afetiva, que temos de nos separarmos de nossos entes queridos.
Essa dificuldade de lidarmos com a separação se mostra inicialmente no próprio exercício do trabalho do rapaz. Ao acondicionar os mortos ele tem que assistir as despedidas familiares dos que se foram. Em algumas situações essas despedidas trazem consigo alguns conflitos que estavam latentes na família.
Outro sofrimento causado pela dificuldade de nos separarmos de nossos entes queridos advém da dificuldade do rapaz de lidar com o abandono paterno. Elaborar o abandono paterno ou materno é uma das maiores dificuldades que o ser humano tem que enfrentar. Ainda mais quando, como é o caso da história narrada, o abandono ocorre na primeira infância, época em que a criança é totalmente dependente do amor e dos cuidados parentais.
Outra forma de abandono que trata no filme é o abandono às tradições. A cultura japonesa vai mudando e perdendo algumas de suas marcas de diferença como a casa de banho, que está para ser fechada, e mesmo esse ritual de acondicionamento que, pelo visto, não é sempre que é realizado. Seu pai, por exemplo, não iria ter esse ritual.
E na diferença de uma outra cultura, em seu cotidiano, o personagem vai reescrevendo a sua história e resgatando sua relação com seu pai.
Termino mandando uma carta pedra para tod@s leitores. É uma pedra bem lisinha a que eu escolho nesse momento. E vocês?

Um comentário:

  1. vi esse filme e concordo muito contigo, vide a cultura indiana, que aos poucos vai perdendo e se tornando muito ocidental, existe filmes que falam muito sobre
    essas tradicoes, a esencia de tudo e que o amor fraterno x costumes sao coisas muito paralelas.

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