Arraial d'Ajuda, distrito de Porto Seguro, Bahia, tem sempre boas histórias. O lugarejo por suas praias e magia tem , me foi dito, entre seus moradores , 17 nacionalidades.
Los hermanos argentinos encabeçam essa lista e parece que, depois da cidade de Buenos Aires, aqui deve ter a maior população de argentinos. Disputando, quem sabe, o segundo lugar com Búzios, que é uma outra pátria Argentina no Brasil.
Italianos aqui tem muitos também. Tem hora que estando em alguns restaurantes deles, parece que estamos em algum lugar da Itália.
Soma-se a essa população os espanhóis, chilenos, uruguaios, mexicanos, suíços, portugueses, holandeses, israelitas, alemães e outros tantos que não estou me lembrando agora.
Outro dia soube da existência de uma família afegã, também moradora daqui, que parece estar em guerra constante com a vizinhança.
Arraial é uma babel, onde podemos escutar várias línguas em suas ruas e praias.
Além desses estrangeiros temos brasileiros de muitos estados, que migram e se estabelecem por aqui em busca de uma melhor qualidade de vida.
Como é um vilarejo pequeno as diferenças e esquisitices de alguns de seus moradores são visíveis a olho nu.
De uns tempos pra cá aumentou muito o número de pessoas pobres moradores da região de Porto Seguro (Ba) e arredores. Muitas dessas pessoas e famílias eram agricultores que trabalhavam na lavoura de Cacau e chegaram na região expulsas do campo pela praga , vassoura de bruxa, que acabou com grande parte da plantação de cacau do sul da Bahia. Essa parcela dos moradores chega procurando trabalho que lhes garanta a sobrevivência.
Outros tipos de pessoas, de diferentes nacionalidades, chegam e estabelecem suas moradias chegam por aqui.
Algumas delas chegam para passar alguns dias no verão e ficam deslumbrados com a paisagem e as praias quentinhas do lugar e voltam para trabalhar e ganhar a vida.
Outros que, motivados pelo mesmo deslumbramento, compram casa ou terreno e esperam se aposentar para desfrutarem da aposentadoria por aqui.
Outros que se metem com drogas e rock, que é o que não falta por essas bandas, e vão se degradando.
Tem uma camiseta que foi vendida há muitos anos atrás que retrata bem uma parcela excêntrica da população residente aqui.
A camiseta dizia assim: "Arraial d'Ajuda se cobrir vira circo , se cercar vira hospício. "
Outro dia fomos dar uma volta na rua do Mucugê , à noite, e ouvimos uma cantora de um bar dizer entre uma música e outra: "você deve resistir a tudo, menos às tentações!"
Um Sr. sentado na mesa ao lado da nossa, que parecia ser um turista novo por essas bandas, ria sem parar ao repetir tal pérola.
Arraial é isso e não é só isso. Arraial é vida e morte. É céu e inferno. É música e silencio. É fantasia e realidade. É barulho de pássaros, de carros, de muitas motos e de gente. É mar quentinho e terra. É chão batido e asfalto. Tudo junto e separado. Coberto por muito verde.
Tudo ali escancarado. Talvez por isso seja esse lugar apaixonante!
Ah, tem uma coisa que considero muito boa por essas bandas: as casas só podem ter a altura máxima de sete metros. Isso graças ao Brasil ter sido descoberto nessas bandas e as rigidas leis de proteção ambiental que existem por aqui.