quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mãe e filha

Desde sempre gostei de escrever. Antes mesmo de saber quem era Rubem Braga já arriscava rabiscar cartas para jornal de minha cidade natal emitindo opinião sobre isso ou sobre aquilo. Achava que podia dizer o bem entendia. E dizia.
Logo eu que nasci mulher. Filha de pai descendente de italiano e criada sob a égide do machismo. Aos homens a liberdade de ir e vir. Às mulheres as prendas domésticas e os cuidados da casa.
Ainda bem que meus pais valorizavam os estudos para ambos os sexos.
Sorte que mamei em uma mãe que era ao mesmo tempo submissa e cheia de opinião própria. Minha mãe, enquanto trabalhava, cantava e assobiava. Imagine uma senhora assobiando marchinhas de Carnaval! Assobiar era coisa de homem. Coisa que nunca consegui aprender a fazer. Confesso que tentei bastante até que deixei para lá.
Com minha mãe aprendi algo que acho ser fundamental em minha vida que é liberdade de pensar com minha própria cabeça. Cabeça que pode até ser dura algumas vezes. Confesso que gosto dessa herança e de outra que veio junto, acho eu. Não tenho medo de opinar, de emitir minha opinião. Mesmo que esta seja discordante.
E pago um preço por isso.
Será esse o preço de uma pouca liberdade???

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