"Viver é perigoso". Guimarães Rosa colocou na boca de Riobaldo essa frase que serve para os momentos que vida encontra o real da morte e nos deixa sem palavras.
Soube ontem que uma prima de uma grande amiga, na casa dos trinta anos, pulou para morte no sábado de carnaval. Tragédias como essas me deixam sem palavra.
O que leva a uma pessoa que, tendo a vida pela frente, escolhe dar um salto mortal sem rede e sem volta?
O que na vida subjetiva leva a o individuo abrir mão da pulsão de vida e ser derrotado pela pulsão de morte?
Muitas perguntas acompanham a um ato suicida. Todas elas ficam sem resposta pois o sujeito escolheu sair de cena.
Para a família resta conviver com a dor da perda e da falta de respostas. É a tal dor de existir que se impõe e vem quando e de onde menos se espera.
Sei que a dor da morte de entes queridos não é aplacada por explicações. Ainda assim tem mortes que são anunciadas, por doenças, velhice, etc.. e esperadas. Será que posso dizer que essas sejam menos traumáticas? Talvez. De qualquer maneira o real da morte é sempre mais ou menos traumático.
Resta elaborar o luto dessa perda e "juntar os cacos para continuar vivendo", como disse minha amiga.
Tragédias familiares como essa me lembram Freud que diz que o ser humano sobrevive graças ao recalque. Isso é graças a sua capacidade de esquecer, de recalcar os eventos que lhes são traumáticos. É o recalque que permite que mais dia, menos dia, retornarmos o curso de nossas vidas.
Que o recalque cumpra a sua função.
Que assim seja!Que assim seja!
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