segunda-feira, 29 de março de 2010

A escritura da casa de meus pais: valor de mercado e afetivo

Volto a escritura da casa de meus pais. Casa que é, para mim, uma fonte inesgotável de casos e histórias. Casa que nos foi doada por eles ainda em vida. Eu nunca tinha tido acesso a esse documento e achei muito interessante a forma que a casa foi escriturada.
Como já falei em uma postagem anterior além da descrição da casa e dos vizinhos, consta na escritura o nome de meus pais, na qualidade de "outorgantes doadores", e de todos os meus nove irmãos na qualidade de "outorgados donatários."
Consta também naquele documento o que motivou a meus pais que tinham a "posse mansa e pacífica" da casa a "resolveram, por livre e espontânea vontade, sem nenhuma forma de coação ou influencia de quem quer que seja" doar a casa para nós seus filhos.
Reza na escritura que eles fizeram essa doação "pelo muito que (n)os estimam." Achei bonito isso. Por nos amarem resolveram nos dar a posse da casa, ainda em vida. Resguardaram para eles dois o usufruto da casa.
E agora que nossos pais já morreram a casa foi posta a venda a preço de mercado.
Para além do preço de mercado, valor da partilha, tudo o que essa casa representa em nossa história de vida e que ficará em nossas lembranças, não tem preço ou valor de mercado que pague. O valor daquele imóvel para nós filhos e irmãos é afetivo. Por isso irei guardar essa escritura entre os meus papéis mais preciosos. As lembranças vividas naquele imóvel já estão há muito guardadas em meu coração.

domingo, 28 de março de 2010

Dos filmes que eu vi: Um Sonho Possível

Ontem fomos assistir ao filme Um sonho Possível, que traduzido ao pé da letra seria O lado Cego ( The Blind Side).
As vezes a vida imita a arte. Nessas ocasiões a pessoa realmente vive um conto de fadas. Assim foi a vida de Michael Oher, que é narrada nesse filme.
Michael Oher era um jovem negro, pobre, sem casa. Sua mãe era usuária de drogas. Eles moravam no lado abandonado pelo poder público das grandes cidades. Bairros onde imperam a violência, o tráfico de drogas e o crime.
Um belo dia um vizinho o leva, junto com seu filho, a um colégio católico e tenta convencer o técnico de suas reais possibilidades de ser aproveitado nos esportes. E o convence. Assim Michael é aceito como estudante naquela escola.
Após a aula ele não tem para onde ir e fica perambulando pela cidade.
Na escola Michael vê tudo branco e não se encaixa. Fica isolado. Até que S.J., filho de Anne, o enxerga e se aproxima. E ele começa a viver o seu conto de fadas quando Anne, mãe de SJ, o vê perambulando na rua e o convida para passar uma noite em sua casa. Uma noite que se eterniza pois ele acaba sendo adotado por ela e por toda sua família.
A partir dai tudo o que foge ao convencional acontece.
Anne é a mãe de uma família americana, católica e bem rica. É ela quem acolhe esse rapaz negro e faz um investimento afetivo enorme nele. E as mudanças vão acontecendo. Ele passa a ser chamado por seu nome. Ganha roupas novas, um quarto.. Ele que nunca tinha tido nem mesmo uma cama.
Michael é aceito por todos os membros da família. Até por sua irmã, que tinha tudo para ser uma Patricinha.
Vale ressaltar que Michael era uma pessoa fácil de se gostar. Era um amor de pessoa. Até meio bobão, de tão protetor.
A relação dele com seu irmão menor, SJ, é fantástica. É o irmão quem o treina para ser um jogador de futebol americano. É o irmão quem grava seus jogos e que espalha um DVD com suas jogadas para todas as universidades cujos técnicos passam a disputá-lo.
O pequeno ator que faz SJ dá um show de interpretação.
Anne, a mãe adotiva, vai fundo na história de Michael. Ela vai conhecer o bairro onde ele morou , vai conhecer a mãe dele e se depara com um mundo, que ela não enxergava em sua cidade. Aquele era o lado cego da cidade para ela.
É lindo o artificio que a mãe biológica e drogada de Michael usava para livrar seu filho daquele mundo sem saída no qual eles estavam mergulhados. Com aquele artifício ela protegia , ao seu modo, seu filho de tudo de ruim que acontecia ao seu redor. Era uma aposta amorosa que ela fazia nele. E funcionou. Fez com que ele ficasse cego para o mundo ao seu redor e fosse tocando a vida.
É bonito de se assistir que até mesmo uma mãe, drogada, que vive no fundo do poço, pode fazer uma aposta positiva em quem ela ama.
Graças a sua mãe biológica Michael ficou "cego" ao mundo de coisas violentas de seu bairro. Quando ajudado ele abriu os olhos e deixou que as promessas maternas de uma vida melhor se concretizassem.
Gosto de filmes que nos façam ver que o ser humano pode mudar para melhor. Basta que tenha uma chance. No caso de Michael ele já era uma pessoa boa. Nem sempre é assim. Só que Michael não tinha nenhuma perspectiva de vida. Caso ele não tivesse sido acolhido por alguém disposto a ajudá-lo, sua história poderia ter sido outra. Sorte dele que não foi. E nossa. Pessoas como Michael e sua família nos fazem acreditar que a vida vale a pena de ser vivida e de ser narrada.

quinta-feira, 25 de março de 2010

De como cuidamos de nossas crianças.

Perdida em minhas lembranças infantis abordei um tema que acho fundamental em qualquer sociedade, que é a forma como cuidamos de nossas crianças.
Li recentemente o livro de Darcy Ribeiro, Confissões, que minha cunhada, Heloisa, emprestou para o Roberto. Para mim a descrição que o autor faz de sua convivência com nossos índios foi a parte mais saborosa da leitura.
Em sua convivência com a tribo Kadiwéu, que eu fiquei conhecendo nessa leitura, Darcy nos relata a concepção de educação infantil dessa tribo.
De acordo com essa concepção o destino do indiozinho homem é escolhido pelos pais do menino logo ao nascer e é determinado pela maneira que seus pais cortam seu cabelo. Dependendo do tipo de corte escolhido pelos pais toda tribo saberá se ele será uma pessoa boa, de confiança e que cuidará bem da família; ou se ele será violento e só pensará na guerra.
Assim, de acordo com aquela cultura o corte de cabelo define a personalidade do menino, de acordo com o desejo de seus pais para com ele. Esse desejo é respeitado pelos demais membros do grupo.
Darcy comenta então como o consenso do grupo sobre cada um de seus membros é terrível e que marca de forma indelével o caráter do indivíduo. E que isso acontece em todo grupo social.
Achei interessante essa prática indígena e o comentário do Darcy que servem para ilustrar o que a teoria analítica sustenta.
A criança, desde o seu nascimento, tenta responder do lugar em que ela se supõe esperado pelo outro materno e paterno, em um primeiro momento.
Assim as falas de seus pais, parentes, professores, amigos, vizinhos e da comunidade como um todo sobre a criança, vão constituir o ser daquele sujeito. Claro que o peso maior ficará por conta das pessoas que teem maior valor afetivo para a criança. Das apostas amorosas ou agressivas que ela recebe deles.
É simples observarmos isso em nossas famílias. Tem sempre aquele ou aquela que é a brigona, ou a que cozinha bem, o queridinho da mamãe, a estudiosa, etc. Cada um tenta responder daquele lugar que ele se vê reconhecido. Tem aquele que a família diz que não tem jeito. E para de investir, de apostar e de acreditar nele. E ele larga a escola, chega tarde. Ninguém procura saber aonde ele anda e com quem anda. Larga de mão, como diz a linguagem popular. Nesse caso nem precisa corte de cabelo. Ele tenderá a responder de forma violenta e agressiva pois não se sente amado pelos os que o rodeiam.
Claro que as coisas não são estanques. Elas são sobredeterminadas por vários fatores e as pessoas podem mudar.
Entretanto sair desse lugar marcado na primeira infância e confirmado na adolescência é um trabalho árduo que só alguns logram conseguir fazê-lo com algum sucesso. E não conseguem fazer isso sozinhos. Tem que ter alguém, algum adulto, que aposte neles. Que espere que eles advenham em um outro lugar valorizado positivamente pela grupo social no qual estão inseridos.
Quem pensava que a infância é um paraíso está enganado. A infância é época que ensaiamos o que seremos no decorrer de nossas vidas.
Bom ensaio para todas nossas criançinhas!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Da herança recebida ou de como passei do inferno para o céu.

Hoje recebi cópia da escritura casa que foi dos meus pais. Casa na qual morei por 17 anos.
Eles doaram a casa para nós, seus filhos, que na época éramos estudantes e solteiros. Eu, na ocasião, tinha dez anos.
A certidão é muito interessante. Reza naquele documento a descrição da casa e sua vizinhança.
A descrição é nominal. Todos os vizinhos são citados. Talvez porque, naquela época, conhecíamos os nossos vizinhos com os quais estabelecíamos relações solidárias.
De um lado éramos vizinhos de Newton Braga, irmão de Rubem Braga, e do outro lado do senhor Breno Barroso. Nos fundos de nossa casa, já em outra rua, morava a família do senhor Emiliano Coelho Rocha. E na frente da casa ficava a rua onde morei até completar 18 anos.
Da família de Newton Braga eu me lembro bem. Dona Geni era uma pintora primitiva. No quarto do casal, na parede atrás da guarda da cama, tinha pintado uma enorme paisagem. Era uma floresta bem tropical com um grande Saci Pererê. Lembro que essa pintura provocava muitos comentários nas demais famílias da vizinhança. Todas tinham um crucifixo atrás da cama de casal. Aquela pintura me despertava medo e fascinação ao mesmo tempo.
Da família de seu Emiliano também guardo boas lembranças. Eles tinham uma chácara e eu brinquei muito por lá com Regininha, que era minha amiga na infância. Lá chupei muita manga verde com sal, comi genipapo, goiaba e aproveitei o enorme quintal que eles tinham.
Agora da família do Senhor Breno não guardo nenhuma lembrança.
Só lembro daqueles vizinhos depois que mudaram para lá a família de Hélio Herkenhoff.
Na infância e no começo da adolescência fui muito amiga de suas três filhas maiores.
Dona Maria de Jesus, mulher de seu Hélio, teve uma importância muito grande na minha infância. Época em que eu era uma criança arteira e cheia de ideias, motivo pelo qual ficava sempre de castigo. Se fosse só o castigo tudo bem. Para além do castigo tinha o peso do pecado em uma família católica como a nossa. Aliás tudo era pecado. Não nos restava muita saída a não ser confessar todo sábado. Tinha uma listinha de pecados que se repetiam: respondi ou desobedeci minha mãe, briguei com minha irmã ou com alguma amiga, falei mentira, e falei merda, que era o único palavrão que eu dizia, para escândalo de algumas mães de amigas minha.
Com tanto pecado cabeludo achei que estava perdida!!! Quando morresse iria mesmo para o inferno. Confesso que essa possibilidade era aterrorizante para mim naquela época!
Fui salva do inferno por Dona Maria de Jesus. Não me lembro nem como ou porquê, contei para ela desse meu medo. E de como eu era ruim. Ela riu e me perguntou de onde eu havia tirado aquilo. E disse que eu era uma boa menina e me garantiu que eu não iria para o inferno.
Não me lembro se ela me prometeu o céu. Mas ela tirou um peso tão grande de minha consciência que eu fiquei mais leve, mais alegre e devo ter ficado mais levada, talvez.
Acho até que passei a ter menos pesadelos e medos, desses que assombram a infância.
O peso da palavra do adulto é muito grande para a criança. A criança precisa da garantia do adulto para saber de si. O adulto é o garantidor da criança. Ela fez em mim uma aposta amorosa e positiva. Só tenho a agradecer.
A palavra do adulto é fundamental para que a criança se veja no espelho e tente responder a esse lugar em que ela se supõe esperada e amada pelo outro.
PS. Fiz uma confusão com o nome das vizinhas e minha irmã Maria Amália me corrigiu em seu comentário abaixo. A pintora, mulher de Newton Braga era Dona Izabel Braga. Dona Geni era mãe da Regininha minha amiga.

domingo, 21 de março de 2010

A nova geração de mamães e seus bebês

Algumas conhecidas de minha família estão tendo bebê.
Visitá-las me leva de volta a minha lidas com filhos ainda bebês e reacendem meus sonhos de avó.
Bebês são frágeis e precisam de cuidados especiais.
Bem novinhos demoram nas mamadas e a mãe tem que ficar mesmo à disposição deles.
Nessa fase, principalmente, e na chamada primeira infância, eles ficam totalmente à mercê do outro cuidador, que faz a função materna. Os bebês são totalmente dependentes desse outro materno e recebem dele os cuidados necessários à sua sobrevivência.
Bebês só comem e dormem, como dizia meu filho, logo que sua irmã nasceu.
Mas para que eles possam comer e dormir e crescer em paz eles eles tem que receber cuidados e amor, além de seguir uma rotina. Tal rotina lhes é imposta pela mãe. É ela quem dita as regras da hora do banho, das mamadas, da trocas das fraldas sujas. É ela, inclusive, quem zela por seu sono, pelo seu banho de sol na hora certa.
Nas minhas andanças por ai tenho observado algumas coisas diferentes de minha geração.
Primeiro: um quarto decorado com um guarda roupa exagerado. Abarrotado de roupas e sapatos que a criança nem terá tempo para usar, tamanha é a rapidez com que crescem nesse período da vida.
Segundo: a falta de tato de alguns pais no cuidado com a criança, que desde de seu nascimento fica no meio de muita gente, de muita conversa alta e televisão ligada.
Em alguns casos a mãe não se isola com o bebê nem mesmo para amamentá-lo. Parece que essa mãe e esse pai não podem perder nada! E a criança, coitada, muitas vezes chora sem parar e não ganha peso, com as mamadas no peito. E o culpado disso tudo passa a ser o leite materno que, como sabemos, só faz bem para o bebê. O que é uma pena. As crianças acabam largando o peito e tomando outros leites.
Tem crianças que bem pequenas , dois três meses, já passeiam em shoppings. Quer lugar pior para uma criança nessa idade passear? O shopping tem tudo o que uma criança nessa idade não precisa: barulho, muita gente,etc.
Volto com o meu refrão: é como se os pais não quisessem perder nada.
Terceiro: a inovação da internet que criou a a necessidade de colocar fotos do bebê no orkut, que é atualizado sempre, com novas fotos.
Minha geração paparicou tantos os filhos que eles tem dificuldade de lidar com as frustrações do cotidiano que incluem o perder, o esperar, respeitar o outro e o tempo do outro.
Para além de preparar o quarto, o guarda roupa do bebê e atualizar o book na internet, talvez fosse necessário ler mais sobre os cuidados para com o bebê, sobre seu desenvolvimento, preparando o coração para respeitar o tempo do bebezinho que chega.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Alguma poesia: Retrato em Preto e Branco

No sinal vermelho, cuidado!
Há sempre uma criança a correr perigo.
De crescer na rua,
de cheirar cola para matar a fome.
de não ter bicicleta, bola e sonhos.
De ter infância sem comida,
sem escola, sem casa e carinho.
De ter infância miserável.
Retrato do desgoverno.
Retrato em preto e branco
de um futuro negro.
Sem projetos,
sem sonhos
e esperança.
Filme queimado.

Ângela Bueno

Alguma poesia: Dependência

Costurando,
cerzindo palavras
invento o mundo.
Palavra é universo.
Torna presente o ausente
coloca um elefante na sala de jantar,
e o jantar, em ato,
no paladar de um prato
só por trocar receita.
A palavra engana o sentido
E o homem cai como um pato.
Pato da língua.
Depende da palavra
para se tornar homem.

Ângela Bueno

Cheguei lá!

As vezes nesse blog tenho a impressão que falo sozinha.
Fico esperando que alguém faça algum comentário sobre o que ando escrevendo e nada!
Não fosse o mapa de leitores que tenho no blog já teria desistido.
As estrelinhas do mapa crescem. Timidamente mais crescem.
Hoje acendeu uma estrelinha em Quixeramobim.
Chique não é mesmo? Só conhecia essa cidade pela letra do Chico.
Esse é o barato do blog e da escrita: ela chega aonde nem se imagina.
A palavra engana os sentidos, o tempo, a distância e quebra o silencio.
E o mundo devagarinho vai se tornando uma aldeia. Pena que global.
Sonho com uma aldeia solidária, enquanto continuo, solitáriamente, o exercício da minha escrita.
Te convido a sonhar comigo!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Repaginando

Vocês devem ter notado que retirei de minha lista de blog o Blog Geração Y.
Sempre leio esse blog. A Yolanda retrata bem a realidade cubana e escreve muito bem.
Entretanto detestooo os comentários. Acho que são ofensivos, quase nazistas, de tão reacionários.
Quando você abre o blog da Yolanda pela minha página você abre também esses comentários.
Abra direto na página do blog e você não será obrigado a ler aquele besteirol.
Não concordo com nenhuma ditadura. Seja ela de direita ou de esquerda.
Não concordo com a ditadura Cubana, nem com o bloqueio econômico imposto pelos USA ao país. Nos dois casos quem sofre é o povo de lá. E sofre muito! Eles estão morrendo a míngua. Seja por falta de bens materiais. Seja pela palavra entalada na garganta.
De que adianta saber ler e escrever se não podem ler a realidade que os rodeia???
De que adianta saber ler e escrever se não teem a liberdade de ir e vir?
De que adianta ler e escrever se não podem pensar e ter opinião diferente da opinião do governo?
Um pais que precisa prender seu povo cerceando-lhes o direito de visitar outros países e culturas, de ter opinião e de manifestá-la, não deve ser um lugar bom de viver.
PS. Ficou até gozado. Retirei o blog logo no dia que falaram do Chico, o Buarque, que hipnotiza a mulherada com aqueles olhos verdes.

Sopa chinesa de carne de porco com agrião da Lauri

Essa sopa aprendi com a Lauri, minha comadre e professora de Yoga.
Lauri estuda alimentação e saúde e é bem xiita nas escolhas de sua alimentação. Nem parece americana! Ela mora no Brasil fazem muitos anos e tem dois filhos brasileiros, que são nossos afilhados.
Essa sopa ela aprendeu com sua mãe Alice, que é chinesa, mas que emigrou para os USA ainda criança.
É uma sopa simples e bastante nutritiva.
Sopa chinesa de agrião e carne de porco da Laure
Os ingredientes são dois maços de agrião, meio quilo de lombinho de porco, água e sal.
Limpe o agrião e deixe inteiro, com talo e folhas.
Tire um pouco da gordura do porco, se necessário, e corte em pedaços.
Coloque na panela de pressão a carne e o agrião inteiro.
Acrescente água até cobrir o agrião e sal a gosto. Deixe cozinhar por meia hora.
Sirva quentinho.
Cai bem a noite, não é mesmo?

Batata gratinada

Essa receita é muito saborosa e dá um bom acompanhamento para peixes, galinha e carnes.
Aprendi essa receita no livro Cozinha de Bistrô, de Patrícia Wells.
Fiz minhas adaptações. O prato ficou gostoso e mais saudável. Veja se você gosta.

Batata Gratinada

Ingredientes

- 1 kg batata
- 2 xícaras de leite ( uso o de saquinho)
- 2 xícaras de água
- sal
- 3 dentes de alho
- 3 folhas de louro
- nós moscada ralada
- 1/2 xícara de creme de leite ( substituo no dia a dia por queijo cottage)
- queijo parmeson ralado.


Modo de fazer

Descasque as batatas em uma vasilha com água.
Corte as batatas em rodelas bem fininhas. Uso esses cortadores de legumes baratinhos.
A batata deve ser cozinhada por 10 minutos no leite, água, sal, alho, louro e na noz moscada ralada.
Retire do fogo e despeje em uma travessa refratária.
Acrescente o creme de leite ou o cottage, como você preferir, e o queijo ralado.
Misture e leve as batatas ao forno para gratinar.
As batatas não devem ficar secas e sim cremosas.

Sucesso e um abraço.


Livrinhos que recomendo.

Bom dia!
Ando atrás de uma boa receita de requeijão caseiro. Todas as que tento fazer dão excelentes molhos brancos e passam longe de serem receita de requeijão. Vocês conhecem alguma que já deu certo?
Comprei uns livrinhos do Dr. Márcio Bontempo, publicados pela editora Alaúde muitos bons. Eles tratam cada um de um tema específico. Um é sobre o alho, um sobre o azeite, um sobre o mel e o coco. Todos muitos bons. Eles falam dos benefícios e do bom uso que podemos fazer desses produtos para prevenção de doenças. São pequenos e baratinhos (o preço é entre 12 a 14 reais cada um). Vale a pena tê-los em casa.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Dos filmes que eu vi: Preciosa: uma história de esperança

Preciosa: uma história de esperança narra a história de Clarice Preciosa, uma adolescente de 16 anos, negra, obesa, moradora do Harlem - Nova York, que é abusada sexualmente pelo pai, de quem espera o segundo filho.
Ela e a mãe vivem do dinheiro que recebem da assistência social americana.
Sua mãe é desumana e maltrata Preciosa de todas as formas. Xinga a filha, que é quem cozinha e faz tudo na casa, e ainda a espanca.
Para sobreviver Clarice Preciosa cria fantasias nas quais se realiza, pois na vida real além de tudo que sofre em casa, é uma aluna que tem dificuldade de aprendizado e que vive isolada. Não tem amigos e é discriminada na escola.
Por estar grávida pela segunda vez a escola a encaminha para um escola alternativa"Each one teaches one", que na verdade parece ser um programa de recuperação. É uma sala de aula só com adolescentes do sexo feminino.
Em sua nova escola Clarice passa a ser investida pela professora que aposta que todo ser humano tem algo que faz bem, tem sempre uma coisa boa.
A professora pede a cada aluna para escrever um diário que ela lê e responde por escrito.
Escrevendo Clarice reescreve sua vida. Ela que se calava para esconder o que sofria, passa a falar de sua realidade. Escrevendo e falando ela passa a se relacionar com suas colegas de sala.
Clarice recupera o atraso escolar, aprende a ler a realidade que a rodeia e consegue sair do jugo de sua mãe desumana.
Muito mais que isso: Clarice consegue se posicionar diante dos abusos sofridos, de sua mãe, da assistente social do Estado, de seus filhos e sai da situação de quem assiste, impotente, a sua vida passar.
Esse filme aborda de maneira direta o abuso sexual que Clarice sofreu e nos mostra um fato da sabido, do ponto de vista das pesquisas acadêmicas: a mãe sabe do abuso, que muitas vezes presencia, e se cala. A mãe é, na maioria das vezes, conivente com o abusador, quando esse é seu parceiro. A mulher preserva e protege o parceiro deixando sua filha totalmente desamparada.
Esse filme mostra ainda a razão do ódio materno para com a filha abusada. A filha é, na fantasia materna, uma rival que roubou seu parceiro sexual, que deseja a criança mais que a ela que é sua mulher.
Esse filme mostra também como o Estado investe pouco em abrigos para adolescente. Em uma cena na qual Clarice, após uma agressão de sua mãe, sai de casa, a professora tenta por horas, ao telefone, encontrar um abrigo que possa receber Clarice e seu bebê. Não encontra nenhuma vaga. Ela leva Clarice para sua própria casa.
Preciosa: uma história de esperança nos mostra ainda que todo ser humano que recebe amor, ou seja, investimento libinal positivo, pode reconstruir e retomar sua vida. Pode voltar a sonhar, a fazer planos, a ter esperança de um futuro melhor. Clarice vê para si a perspectiva de terminar os estudos e até fazer uma faculdade. E sonhando Clarice abre mão de suas fantasias. Já não precisa mais delas. Vai estudar e criar seus filhos. E isso já é um novo horizonte que se abre.
Preciosa: uma história de esperança é dirigido por Lee Daniels.
É um filme indigesto e difícil de ser visto. Foge aos padrões do glamour frequentemente encontrado no cinema americano.
É um excelente filme denúncia de uma realidade que fica escondida entre quatro paredes.
PS.O diretor usa um recurso de fotografia muito interessante.
Em todas as cenas na casa de Clarice Preciosa, em que ela contracena com sua mãe e se depara com sua dura realidade, o ambiente é escuro, com uma luz amarelada. A imagem aparece embaçada. Até incomoda um pouco.
Nas fantasias de Clarice Preciosa como quando ela muda de lugar e retoma sua vida a imagem ganha cor e nitidez.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Oito de Março: Dia internacional da mulher

Ontem foi o dia internacional da mulher.
Ter um dia específico para a mulher é, ao mesmo tempo, um bom e um mau sinal.
É um mau sinal porque simboliza o não reconhecimento dos direitos sociais, políticos e econômicos para a população feminina. E também porque simboliza que as mulheres ainda não conquistaram a igualdade de oportunidade e de participação desejada. E ainda que esses direitos ainda não são garantidos para muitas mulheres nesse mundão de Deus.
É um bom sinal porque é um dia no qual são comemoradas, em todo mundo, as conquistas referentes aos direitos sociais, políticos e econômicos que foram sendo assegurados pela luta das mulheres.
Digo luta porque sabemos que direito não se ganha, se conquista. E conquista implica união, organização mobilização e ações efetivas na busca pelos direitos que se quer conquistar.
Na época da Constituinte, que aconteceu no fim a ditadura militar brasileira, os movimentos feministas organizaram o chamado Lobby do Baton, para forçar nossos parlamentares a fazerem constar na Constituição de 1988 os direitos das mulheres brasileiras. O lema desse Lobby foi: Constituinte para valer tem que ter os direitos da Mulher.
A coordenação nacional do movimento em favor dos direitos da mulher na constituição criou uma logomarca que achei genial. Era um adesivo de um baton vermelho aberto. O baton era o prédio do congresso nacional e a sua tampa formava as duas cúpulas do congresso. Essa logomarca fez com que esse movimento ficasse conhecido como lobby do baton. Tentei achar essa logomarca na internet mais não consegui, pena! Adorava aquele adesivo. Queríamos ser reconhecidas na nossa diferença e aquele batom-congresso, para mim, significava isso. Quer coisa mais feminina que um baton?
Essa luta liderada pelo movimento feminista possibilitou a inclusão na Constituição de 1988 de direitos sociais importantes para as mulheres, tais como : - a igualdade no casamento, o direito de ter uma propriedade rural, a licença maternidade, o direito da presa de amamentar seu filho, dentre outros.
Claro que da letra da Lei até a aplicação desses direitos na prática tem uma distância e muitas vezes esses direitos teem que ser garantidos na justiça.
Mas como é a Lei social que regula as relações entre os povos de uma determinada nação, ter direitos garantidos na Lei é outra coisa!
Agora como cada uma de nós mulheres subjetiva e vivencia em seu cotidiano essas conquistas só cada mulher, uma a uma, pode dizer.
Eu cá no meu canto fiquei meio sem rumo quando me tornei mulher casada e passei a ser reconhecida como mulher do Cheib. Depois com a maternidade como mãe de Marcelo e Carolina. Como ser isso tudo e continuar sendo eu mesma???
Ocupar esses novos espaços e me garantir como nome próprio não foi tão simples nem fácil. O casamento e a maternidade nos trazem a tal jornada dupla e isso é uma sobrecarga danada. Mesmo no Brasil onde temos, quando podemos, uma empregada doméstica, a responsabilidade da casa, que é muita, cai na maior parte em nossos ombros.
A casa é, desde sempre, o espaço da mulher e tem a cara de sua dona.
Como me identificar com uma mulher e dona de casa diferente de minha mãe, de minhas tias e avós, que viviam só para o lar? Essas e outras questões se colocavam para mim naquela época.
Até escrevi uma poesia que fala um pouco disso tudo, que vai fechando esse texto hoje.
ps: Lembrem-se do que o Fernando Pessoa nos ensinou:" o poeta é um fingidor"..



Sem Título


Ser mulher

é ser o quê?

É pensar e não dizer

ou nem pensar?


É ser sombra do macho

sem ter sombra?


É casar, ser mãe,

dona de casa,

ou não ser nada?


É lavar, passar , cozer ,

até emburrecer?



Ser mulher é ser o quê?

É ser ativa?

É ser passiva?

É não ser?


Ser mulher

é ser o quê?