Algumas histórias do quanto já fui desajeitada na cozinha estão me vindo a mente e pedindo para serem contadas.
Sou filha caçula de dez irmãos de uma família de descendência italiana e espanhola por parte de pai e portuguesa por parte de mãe. Do lado paterno nossa ligação maior sempre foi com a família de minha avó. Dai se origina um traço de família: todos lá em casa falam alto, usando as com as mãos, e ao mesmo tempo. Italiano conversando parece que está brigando ou fazendo festa. É assim mesmo.
Meu pai, Seu Milton, era um figuraço. Bravo como o quê, mas bastante engraçado, espirituoso, falava umas bobagens das quais era o primeiro a rir. Isso de rir de si mesmo era um traço de meus pais que eu herdei. Minha mãe, Paulina, também tinha a capacidade de rir de si mesma e das agruras da vida.
Como caçula de uma família cheia de irmãs muito prendadas eu, de cozinhar, sabia nada. Numa feita estávamos de férias em Guarapari, onde meus pais tinham casa de praia e fui escalada para ir com papai a Cachoeiro, para cuidar da casa e cozinhar. Era esse o esquema: nós ficávamos de férias na praia de dezembro a fins de fevereiro e papai e meu irmão Fernando, que trabalhava com ele, ficavam indo e vindo a trabalho de terça a sexta, quando retornava à Guarapari. Sempre acompanhado por uma de suas filhas.
Sem muito entusiasmo lá fui eu. Quem conhece Cachoeiro no verão, quando a cidade fica deserta e muito quente, sabe do que estou falando.
Já em Cachoeiro ao acordar, meu pai me mandou fazer um chocolate quente para ele. Mamãe fazia um chocolate delicioso com gema de ovo, açúcar e chocolate em pó batidos que eram acrescentados ao leite que já estava no fogo. Como dizer, sem levar bronca, que eu não sabia fazer o tal chocolate?? O jeito era tentar qualquer coisa. Assim misturei e bati juntos todos os ingredientes. Inclusive a clara do ovo. Joguei no leite que estava no fogo que, ao ferver, talhou! Não tinha mais leite na geladeira, o que fazer?! Rapidamente coei o leite em um pano de prato limpinho e o levei à mesa. Papai me perguntou se eu não iria tomar também. Respondi que não queria. Ele tomou um gole, me olhou de cara feia, ficou resmungando e estalando os lábios, que era como ele fazia sempre que estava bravo, e não tomou mais o chocolate.
De volta à Guarapari papai comentou com minha mãe que veio me perguntar o que tinha acontecido. Contei para ela e rimos bastante do ocorrido. Assim,com fama de péssima cozinheira, me livrei de acompanhar meu pai a Cachoeiro.
Como falei de minha descendência italiana, não posso me furtar de lembrar dos domingos com farta macarronada, inhoque, que eram servidos com galinha assada, salada e do vinho com água e açúcar que as crianças tomavam acompanhando as refeições. Inúmeras vezes a massa era feita em casa. Muitos domingos foram passados em Castelo, onde almoçavamos na casa de tia Derli Fittipaldi, irmã de meu pai. Lá a massa caseira era também ótima. Era uma casa muito alegre e cheia de música. Tio Antônio, que era italiano, era também músico. Eu, particularmente, adorava o piano, que não tínhamos em nossa casa.
Já casada e com filhos em Vitória, íamos muitas vezes na casa de Zezé, que toca piano, era como meus filhos pequenos, se referiam a minha prima filha de tia Derly.
Falar de família italiana vem mãe a receita do inhoque da mamãe. Não adianta fazer em inhoqueira, que não fica igual. A finalização, que dá a leveza da massa, pede os dedos "maior de todos e fura bolo", pressionados e puchados para junto de si, rapidamente, fazendo com que o inhoque já cortado, enrole. Só quem é de família italiana sabe do que estou falando.
Inhoque de dona Paulina.
Ingredientes:
1kg de bata inglesa, cozida e espremida.
1 colher de manteiga ou óleo
sal a gosto
trigo até dar consistência ( mais ou menos 1kilo).
Em uma bancada ou mesa enfarinhada enrolar a massa - na finura de um dedo- cortar em diagonal e pressionar com os dedos puchando a massa para junto de si.
Dispor o inhoque um ao lado do outro em um recipiente enfarinhado.
Para cozinhar: ferver um caldeirão com água e sal e ir colocando as massinhas aos poucos. Ao cozinhar o inhoque sobe e deve ser retirado com uma escumadeira e sendo escorrido e colocado ao pirex para ir à mesa intercalado com o molho de sua preferência e de um bom queijo ralado.
Meus molhos prediletos para acompanhar essa receita é o de tomate ou a bolonhesa.
Esse inhoque merece um brinde: saúde!
Sou filha caçula de dez irmãos de uma família de descendência italiana e espanhola por parte de pai e portuguesa por parte de mãe. Do lado paterno nossa ligação maior sempre foi com a família de minha avó. Dai se origina um traço de família: todos lá em casa falam alto, usando as com as mãos, e ao mesmo tempo. Italiano conversando parece que está brigando ou fazendo festa. É assim mesmo.
Meu pai, Seu Milton, era um figuraço. Bravo como o quê, mas bastante engraçado, espirituoso, falava umas bobagens das quais era o primeiro a rir. Isso de rir de si mesmo era um traço de meus pais que eu herdei. Minha mãe, Paulina, também tinha a capacidade de rir de si mesma e das agruras da vida.
Como caçula de uma família cheia de irmãs muito prendadas eu, de cozinhar, sabia nada. Numa feita estávamos de férias em Guarapari, onde meus pais tinham casa de praia e fui escalada para ir com papai a Cachoeiro, para cuidar da casa e cozinhar. Era esse o esquema: nós ficávamos de férias na praia de dezembro a fins de fevereiro e papai e meu irmão Fernando, que trabalhava com ele, ficavam indo e vindo a trabalho de terça a sexta, quando retornava à Guarapari. Sempre acompanhado por uma de suas filhas.
Sem muito entusiasmo lá fui eu. Quem conhece Cachoeiro no verão, quando a cidade fica deserta e muito quente, sabe do que estou falando.
Já em Cachoeiro ao acordar, meu pai me mandou fazer um chocolate quente para ele. Mamãe fazia um chocolate delicioso com gema de ovo, açúcar e chocolate em pó batidos que eram acrescentados ao leite que já estava no fogo. Como dizer, sem levar bronca, que eu não sabia fazer o tal chocolate?? O jeito era tentar qualquer coisa. Assim misturei e bati juntos todos os ingredientes. Inclusive a clara do ovo. Joguei no leite que estava no fogo que, ao ferver, talhou! Não tinha mais leite na geladeira, o que fazer?! Rapidamente coei o leite em um pano de prato limpinho e o levei à mesa. Papai me perguntou se eu não iria tomar também. Respondi que não queria. Ele tomou um gole, me olhou de cara feia, ficou resmungando e estalando os lábios, que era como ele fazia sempre que estava bravo, e não tomou mais o chocolate.
De volta à Guarapari papai comentou com minha mãe que veio me perguntar o que tinha acontecido. Contei para ela e rimos bastante do ocorrido. Assim,com fama de péssima cozinheira, me livrei de acompanhar meu pai a Cachoeiro.
Como falei de minha descendência italiana, não posso me furtar de lembrar dos domingos com farta macarronada, inhoque, que eram servidos com galinha assada, salada e do vinho com água e açúcar que as crianças tomavam acompanhando as refeições. Inúmeras vezes a massa era feita em casa. Muitos domingos foram passados em Castelo, onde almoçavamos na casa de tia Derli Fittipaldi, irmã de meu pai. Lá a massa caseira era também ótima. Era uma casa muito alegre e cheia de música. Tio Antônio, que era italiano, era também músico. Eu, particularmente, adorava o piano, que não tínhamos em nossa casa.
Já casada e com filhos em Vitória, íamos muitas vezes na casa de Zezé, que toca piano, era como meus filhos pequenos, se referiam a minha prima filha de tia Derly.
Falar de família italiana vem mãe a receita do inhoque da mamãe. Não adianta fazer em inhoqueira, que não fica igual. A finalização, que dá a leveza da massa, pede os dedos "maior de todos e fura bolo", pressionados e puchados para junto de si, rapidamente, fazendo com que o inhoque já cortado, enrole. Só quem é de família italiana sabe do que estou falando.
Inhoque de dona Paulina.
Ingredientes:
1kg de bata inglesa, cozida e espremida.
1 colher de manteiga ou óleo
sal a gosto
trigo até dar consistência ( mais ou menos 1kilo).
Em uma bancada ou mesa enfarinhada enrolar a massa - na finura de um dedo- cortar em diagonal e pressionar com os dedos puchando a massa para junto de si.
Dispor o inhoque um ao lado do outro em um recipiente enfarinhado.
Para cozinhar: ferver um caldeirão com água e sal e ir colocando as massinhas aos poucos. Ao cozinhar o inhoque sobe e deve ser retirado com uma escumadeira e sendo escorrido e colocado ao pirex para ir à mesa intercalado com o molho de sua preferência e de um bom queijo ralado.
Meus molhos prediletos para acompanhar essa receita é o de tomate ou a bolonhesa.
Esse inhoque merece um brinde: saúde!
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