quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Quibe de Dona Maura

O que me motivou a escrever minhas receitas foi a necessidade de reorganizar meu caderno separando as receitas prediletas da família, já devidamente testadas e aprovadas. Meu filho sugeriu que eu fizesse isso no computador. Juntei a essa demanda a necessidade que estava sentindo de voltar a escrever e registrar algumas memórias. E confesso que precisei tomar coragem para partilhá-las. Assim nasceu esse blog.
Na minha rua, lá em Cachoeiro, morava uma família de descendentes de turcos, desses "de balcão", que é como meu irmão se refere aos descendentes de árabes que são bons na arte de de comprar e vender. Eles tinham uma vendinha de onde saía todas as manhãs um garoto que entregava quibes fritos em alguma lanchonete da cidade. Quando ele passava com uma cestinha de palha redonda, forrada cuidadosamente com panos de prato bastante alvejados, exalava um aroma delicioso!!
O menino sempre trazia um pouco a mais que ele ia vendendo no caminho. Eu e minhas irmãs sentávamos na porta da nossa casa e, sempre que podíamos, comprávamos aqueles quibes.
O cheiro daqueles quibes ficaram nas minhas lembranças.
Passado vários anos voltei a sentir aquele mesmo delicioso aroma na casa de minha sogra.
Assim a culinária e a cultura árabe se misturaram em minha vida e na de meus filhos e amigos que volta e meia partilham de nossa mesa.
Alguns pratos árabes são bastantes demorados para fazer. Brinco com meu marido que essa é uma estratégia para os homens manterem as mulheres na cozinha e em casa. Na verdade muita coisa que estamos vendo hoje de fundamentalismo no mundo árabe me assusta bastante. Entretanto aprendi que uma cultura não pode ser reduzida a um grupo, assim como uma pessoa não deve ser avaliada por alguns de seus comportamentos.
Hoje vou brindá-los com o quibe de dona Maura, minha sogra. Vou confessar que não me atrevo a enrolar o quibe, não consegui aprender. Assim faço quibe assado que fica bem gostoso, mas não é igual ao da mamãe, dirá meu marido. Fazer o quê? Sou esperta o suficiente para não competir com mãe, que vem a ser o primeiro modelo de amor infantil. Pensando bem talvez até seja por isso que eu não tenha insistido em aprender a enrolar o quibe: a desvantagem já era de saída enorme!
Quibe de dona Maura
Ingredientes:
Obs: Essa quantidade é para família com 10 filhos. Se você não tem essa quantidade de filhos pode congelar a massa e usar posteriormente, ou fazer meia receita, se quizer.
Em minha casa sempre que faço a receita inteira e congelo parte da massa.
- 1 kg de patinho bem limpo e cortado em cubos
- 1 kg de trigilho lavado e bem espermido
- 2 cebolas médias
- bastante hortelã
- canela em pó (em menor quantidade que a de pimenta)
- pimenta do reino árabe
- sal a gosto
Modo de fazer:
- Moer tudo junto por duas vezes.
(O mixer dá conta de fazer isso - desde que o triguilho fique um pouco de molho para amolecer , antes de ser espremido e você vai moendo aos poucos. Tem que moer tudo junto senão a massa do quibe não fica tão boa)
- Depois de moído para se trabalhar a massa acrescentar um pouquinho de água gelada, que vai sendo misturada aos poucos na massa em uma vasilha grande . O quibe pode ser frito assado ou comido cru.
Para comer o quibe cru deve-se acrescentar 200 gramas a mais de carne ao fazer a massa do quibe.
Para o quibe assado: untar um tabuleiro ou um pirex e abrir metade da massa. Rechear e cobrir com a outra metade. Furar o quibe com um garfo, regar com azeite e colocar para assar.
Recheio:
- Carne moída bem temperada com cebola branca, alho, sal e um pouco de óleo.
Fazer em uma frigideira até a carne ficar totalmente seca. Ela fica bem douradinha. Desligar o forno e espremer o caldo de um limão.
Bom apetite!
Testemunhem como a palavra engana o sentido: estou sentido o cheiro e o sabor do quibe.
O jeito vai ser fazer essa receita no fim de semana.

2 comentários:

  1. Olá,Angela!
    Sou amiga da Carime e não resisti a tecer um comentário. Conheço D. Maura e também a fama que a acompanha com relação a delícia do quibe.
    Achei muitos bons seus comentários sobre os filmes que assistiu, continue, assim acaba nos dando boas dicas.
    Abraços.
    Cláudia

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  2. Olá Claúdia, bem vinda!
    Ser amiga da Carime é um ótimo passaporte para iniciarmos uma conversa!
    Um abraço, Ângela

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