domingo, 12 de dezembro de 2010

Vaporeira utilizada para fazer defumados

Na outra postagem só consegui colocar uma foto. A outra foto que queria postar era essa com a vaporeira tampada.
Bom apetite!

Salmão defumado

Na década de 90 fomos passar uns dias em Arraial d`Ajuda, Bahia, e resolvemos conhecer as praias de Espelho e Curuípe. Na hora do almoço estávamos famintos e um garçon nos indicou o restaurante da Silvinha, em Curuípe. Ele nos deu a referência e lá fomos nós, caminhado pela praia. Lembro que andamos bastante até encontrar o tal restaurante. A indicação, do ponto em que estávamos, era que teríamos de atravessar dois riachos que desaguam no mar. 
Chegando lá descobrimos que ela só atendia com hora marcada. Como estávamos bem cansados e famintos ela decidiu nos atender. Comemos um peixe defumado com molho de maracujá muito bom. Desde então resolvi que iria comprar um defumador caseiro.
Na época, já em Vitória, procurei na Internet e achei a tal panela em uma loja em S. Paulo. O preço era salgadíssimo. Assim a empreitada de aprender a defumar foi adiada e acabou sendo esquecida.

Mês passado, assistindo ao programa do Chuck, na GNT, ele estava ensinando a fazer um salmão defumado com uma vaporeira de bambu, dessas utilizadas pelos chineses e japoneses. Eu tenho uma e quase não utilizava. 
Assim graças ao programa de Chuck hoje pude realizar um sonho adiado por mais de dez anos. Fiz um salmão defumado tomando por base a receita que ele deu. Ele põe muito mais açúcar na salmoura.
Roberto e eu aprovamos a receita que segue para vocês.

Salmoura.
- 1/2 litro de água filtrada,
- 1/2 xícara de açúcar mascavo
- 1/2 xícara de açúcar cristal.
- 1 colher de sobremesa rasa de sal.

Colocar duas boas postas de salmão e deixar de molho nessa salmoura por oito horas na geladeira. 
Retirar no outro dia e deixar escorrer na própria vaporeira de bambu por uma hora.
Tem que escorrer antes de colocar a vaporeira no fogo.

Eu coloquei o salmão para marinar de noite e retirei da geladeira uma hora antes de colocar para defumar.
Em uma panela - eu usei essas de alumínio bem grosso - colocar lascas de madeira, forrando todo o fundo e a avaporeira, com o peixe já escorrido, fechada por cima das lascas de madeira.
Ligar o fogo jogar um pouco de água para fazer fumaça e deixar cozinhar por 1/2 hora. De vez em quando tem que rodar a panela e ir colocando um pouquinho de água, se a fumaça diminuir.  
Ficou uma delícia! 
Servi acompanhado de arroz integral,  aspargo com creme de leite e uma salada de folhas.
Quem se habilita a provar?
PS: A madeira eu pedi em uma pizzaria aqui perto de minha casa e ganhei um pedaço. Roberto picotou e eu guardei.
Usei só um pouco e vi que posso reutilizar as mesmas lascas algumas vezes após secá-las ao sol. Assim o pedaço que ganhei vai durar bastante. 
Atenção: não pode usar qualquer madeira para esse fim. Eucalipto ou qual quer outra madeira tratada nem pensar! Chuck sugeriu lascas de Laranjeiras ou castanheiras. 
A panela queima tanto o fundo que só serve mesmo para fazer defumados. Isso me estimula a testar defumar coxas de frango e outros tipos de peixe.  

domingo, 5 de dezembro de 2010

Tão perto e tão longe

Esse ano Roberto e eu viajamos por duas vezes para as comunidades pomeranas do interior do Estado do ES. Fomos primeiro para o Alto do Rio Possmoser, município de Santa Maria de Jetibá  e depois para Alto de Jatibocas,  e Barra de Jatibocas, município de Itarana. Ambos ficam situados a poucos quilometros de Vitória.
Poucos quilometros e uma outra realidade, uma outra língua. Naquela região vivem as famílias de agricultores pomeramos, descendentes de alemães.
Brinquei com uma garotinha de um ano e poucos meses e ela não respondia. Perguntei para a mãe que estava por perto: ela não fala ainda? A mãe respondeu: fala pomerano. A língua materna naquelas bandas é pomerano, que é um dialeto da língua alemã. Português naquela região é a segunda língua.  ´
A paisagem também é outra. Muita serra e vales verdes. O clima então nem se fala! É bem mais frio do que estamos acostumados. A população loura, de pele e olhos claros, falando pomerano entre eles.
A região é de agricultores com muitas hortas e granjas. É daquela região que vem os produtos sem agrotóxicos que compro na feira aos sábados. Tudo muito saboroso. É muito bom sentir o cheiro das frutas, o doce da cenoura e de outros legumes e folhas.
Nas duas comunidades encontramos a mesma realidade. A religião que predomina por lá é a de Confissão Luterana.
Nessas duas visitas nos sentimos bastantes acolhidos e trouxemos boas lembranças.






sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tempo de esperança

A vida com suas surpresas e novidades. 
Algumas já esperadas, ainda não ditas, que fingimos não saber.
Pura conveniência? Medo do novo? Não temos respostas.
A vida , diferente de testes de múltipla escolha, não tem gabarito com as respostas certas. Só incertezas e sonhos. Apostas e esperanças. E se dermos sorte bons encontros com amigos e grandes amores.
Cada um vive isso no seu tempo. 
Eu, cá do meu canto, achava mesmo que já era tempo de deixar o amor entrar e tomar conta do coração.

domingo, 28 de novembro de 2010

Sorvete delicioso - receita de Graça Andreata

O verão está chegando e uma boa receita de sorvete cai bem tanto no meu paladar, quanto em minhas lembranças.

Em minha infância, lá em Cachoeiro de Itapemirim, passava um vendedor de sorvete na rua com seu carrinho de madeira, gritando "olha o delicioso". Na verdade o tal sorvete era feito com bastante corante amarelo. Em minha memória infantil era realmente uma delícia! Era um sorvetinho cremoso, bem gostosinho.
Regina Herkenhoff, gozadora que é, dizia que não sabia se o delicioso era o vendedor, um senhor barrigudo, ou o sorvete. Essa dúvida eu nunca tive pois sempre achei que fosse o sorvete.

Desde que me conheço por gente fazer sorvete caseiro sem essas misturas nocivas à saúde é um desafio para nós donas de casa. Como fazer um sorvete cremoso no liquidificador??

Esse mês estive no aniversário de minha irmã Beatriz, lá em Guarapari, e reencontrei Graça Andreata, com quem aprendi uma receita de um sorvete excelente de laranja ou de outros sabores de fruta. 


SORVETE DE LARANJA da Graça Andreata


 1 lata de creme de leite
 1 lata de leite condensado
 4 latas de suco integral - puro - de laranja, ou de outra fruta.


Bater tudo no liquidificador e colocar na geladeira.
Bater bem . O sorvete fica deliciosamente cremoso.
Se precisar bater de novo assim que ele congelar pode fazer.
Para servir retire do frezzer e deixe um pouquinho fora da geladeira.


 Atenção: essa receita é um perigo para as gulosas que nem eu!!

sábado, 27 de novembro de 2010

Profecia

A música de Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro "O dia em que o morro descer e não for carnaval" é uma profecia dos fatos que estão ocorrendo no Rio esses dias.
A letra dessa música diz assim:

"No dia em que o morro descer e não for carnaval
 Ninguém vai ficar para assistir o desfile final.
 Na entrada rajada de fogos pra quem nunca viu
 vai ser de escopeta, metralha, granada e fuzil
                                            (é a guerra civil)"
E por aí vai. 
Na última estrofe uma mensagem de esperança:

"Melhor devolver à esse povo a alegria
Senão todo mundo vai sambar no dia
Em que o morro descer e não for carnaval."

PS. Ontem ouvi essa música e outras no show PAPO de PASSARIM, de Zé Renato e Renato Braz, no teatro da UFES. Show bonito de arrepiar!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A bolsa ou a vida

Tinha tudo para ser feliz e não era.
Queria viver a vida do outro, morar em outra cidade, viajar em outras companhias.
Tudo por de ter conseguido a vida farta que sempre desejou para si. Sentia uma culpa enorme por isso.
A culpa era tanta que não conseguia usufruir da vida que tinha.
Era assim que seu tempo e sua vida iam passando.

O Sapo, o boi e o narcisísta

O sapo queria ser um boi. Achou que bastava ele  ir inchando, inchando que iria mudar de forma e se transformar em um boi.
Ledo engano! De tanto inchar o sapo estourou, ou pocou, como nós capixabas falamos.
Muitas vezes os seres humanos agem como esse sapo. Esquecem que por mais que se deseje não se pode ser o outro, a não ser na psicose.
Essas tentativas de ser, o que não se é, para agradar ou ganhar o amor de alguém,  podem arrebentar o sujeito.
Narcisismo em excesso também. O ego de tão inflado pode estourar.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Tempos modernos

Algumas vezes recebi, via email, mensagens afetivas de pessoas queridas.
Tais mensagens, via de regra, exaltam a amizade entre você e aquele/a que está te enviando a mensagem e a importância do amor fraterno.
Algumas pedem para serem devolvidas ao remetente caso, você ache que ela ou ela mereça.
Confesso que nunca devolvo tais mensagens. Penso que fica subentendido que a pessoa que me quer bem é também querida por mim. 
Só que se não falamos ou escrevemos o outro nunca vai, de fato, se saber querido.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Quiche de alho poró

Tenho três livros de receitas que fazem a festa do paladar aqui em casa.
Um deles é Cozinha de Bistrô, de Patrícia Wells. Essa receita foi tirada dele.
A receita que passo para vocês é com minhas adaptações.


 Para a massa .
- 1 a 1/4 de xícaras de chá de farinha de trigo.  Eu coloco metade de trigo integral.
- 7 colheres de sopa de manteiga sem sal, gelada em pedacinhos. Se coloco a manteiga com sal -dispenso a pitada de sal.
- 1 pitada de sal
 - 3 colheres de sopa de água gelada.

Essa massa serve para fazer empadão, torta de limão ( é só tirar o sal) e outras mil tortas cuja base é massa podre.


 Modo de fazer:
 A autora mandar misturar em um processador de alimentos.
 Eu misturo tudo com as mãos. Vou amassando bem até formar uma bola.
Coloque a massa no meio de duas folhas de papel manteiga do tamanho da pirex que você irá assar a massa. Abrir bem com um rolo e depois transferir a massa para o pirex na qual ela será assada.
A massa tem que cobrir as bordas da vasilha.
Levar a massa para a geladeira por no mínimo 1/2 ou até a massa ficar firme. Eu deixo por uma hora na geladeira.


Para o recheio
-12 alhos poros pequenos ou cinco grandes
- pimenta do reino a gosto
- 2 ovos
-1/4 de creme de leite grosso
- 1 xícara de chá de queijo parmesson de boa qualidade.
- uma pitada de sal
-  azeite.


Modo de fazer.
Corte e jogue fora as partes verdes escuras do alho poró.
Corte o alho poró tipo palito se pique-os grosseiramente. Lave bem, com bastante água para tirar as areinhas que muitas vezes entranham em sua várias camadas. Escorra bem.
Refogue em uma uma panela com um pouquinho de azeite, sal,  pimenta e deixe cozinhar, em fogo baixo, por até 20 minutos. Se ficar com um pouco de água no alho poró escorra a água.
Em uma travessa bater bem os ovos com o creme de leite. Misture os alhos poros que você já refogou e o queijo parmesson.
Assim que o recheio estiver pronto retire a massa da geladeira e arrume esse recheio na massa.
Levar em forno pré aquecido a 220 graus por 40 a 45 minutos até a massa ficar douradinha por cima.
Assim que eu coloco a massa para assar eu abaixo um pouco o forno para 200 ou 180 graus.
Essa quantidade serve até seis pessoas.
Aqui em casa serve bem quatro pessoas.


Um vinho acompanha bem esse quiche.
É um lanche delicioso e leve.  
Bom apetite!

sábado, 20 de novembro de 2010

Show de vida

Ontem fui assistir ao show de Dori Caymmi. Adorei! Arranjos perfeitos, músicas deliciosas. Tudo intercalado de casos engraçados da família Caymmi e de outras piadinhas do cantor. 
O teatro do SESI de Jardim da Penha,  é pequeno, criando aquele clima  intimista no qual a platéia, sentada confortavelmente, conversa com o cantor, canta junto quando convocada. Tudo muito bom. Inclusive o preço.
 Lá pelas tantas ele cantou entre outras pérolas de  seu repertório: .. "quando chego me perco na trama de seu desejo".
Ah Dori, obrigada pela noite de tanta beleza!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Luto

Para muitas coisas nessa vida não temos respostas. Minhas  maiores dúvidas recaem sobre o sentido da vida, sobre o amor  e sobre a morte. A morte está ai enquanto única certeza que temos. Ainda assim prefiro deixá-la em paz.
Um acontecimento recente faz com que eu me pergunte sobre o que leva  um ser humano a desistir de viver. 
O que faz com que certas pessoas não consigam reapostar na vida?
Ao mesmo tempo enquanto uns desistem de viver uma senhora de noventa e seis anos disse que a vida passa muito depressa.
O que faz com que para alguns a vida seja um fardo tão pesado que os fazem desistir pelo caminho e para a grande maioria o importante é seguir vivendo? 
Não tenho respostas. 
Hoje só tenho perguntas.  

sábado, 13 de novembro de 2010

Mãe é tudo igual.

Era uma dessas tantas  mães que se consideravam modernas e antenadas.  Tirava de letra algumas questões polêmicas e se achava à frente de muitas amigas ao lidar com sua filha.
Claro que tinha lá suas falhas e dificuldades. Muitas até. Uma delas era na lida com toda essa parafernália tecnológica. Celular por exemplo, ser recusava a ter um. 
Até que em uma sexta feira o celular da filha tocou insistentemente. Incomodada pelo barulho ela pegou o celular para tentar desligá-lo. Ao abrir o celular leu escrito na tela: CARLA SEX.
Fechou o celular rapidamente quase em estado de choque. Respirou bastante e ficou uma semana se perguntando o que motivava sua filha a se auto denominar SEX.
Assolada por preconceitos e medos maternos pensou um turbilhão de coisas. Nem teve coragem de falar sobre isso com o marido. Como abordaria tal assunto com sua filha?
Duas semanas depois, numa terça-feira, tomou coragem e perguntou à filha  qual a razão pela qual ela se auto denominava SEX.
A filha espantada perguntou de onde ela tirara isso. Ela respondeu que lera em seu celular. A filha riu muito e mandou que ela pegasse seu celular e o abrisse.
Lá estava escrito: CARLA TER.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os desejos e suas realizações.

Diferentes histórias de fadas madrinhas e lâmpadas maravilhosas nos mostram que os desejos sonhados, quando muito, só se realizam parcialmente. 
Contribui para isso o fato de que nessas histórias  os pedidos de realizações de desejos são sempre em número limitado. Soma-se a isso o fato de que idéias atravessadas na hora de pensar o desejo são, via de regra, conhecidas por telepatia pelos magos e, automaticamente, realizadas para o desalento daqueles que esperavam  naqueles desejos uma solução para sua vida. Assim os parcos desejos que restam são gastos para consertarem os estragos dos desejos anteriores. E a vida segue seu curso sem nenhuma mudança mágica.
Ontem reli, em Freud, um conto de fada deveras ilustrativo nesse sentido.
Uma boa fada ofereceu a um casal pobre realizar os três primeiros desejos que tivessem.  
A mulher tentada pelo cheiro de linguiça frita da casa dos vizinhos desejou algumas. E o desejo foi realizado. O marido, enfurecido, desejou que tais linguiças ficassem penduradas no nariz da mulher. E o segundo desejo foi também realizado. Claro que esse desejo do marido desagradou totalmente a sua mulher e teve que ser desfeito. E assim foram perdidos os três desejos.
Essa historieta ilustra bem dentre outras coisas que ninguém pode desejar pelo outro mudanças que digam respeito as suas vidas.
Por isso desconfio sempre das fadas madrinhas e dos mágicos. Esses seres de grande poderes e bondade extrema podem assim, sem mais nem menos, ler os pensamentos dos simples mortais que somos e nos deixar de linguiças penduradas no nariz. 

domingo, 7 de novembro de 2010

Dos filmes que eu vi: Doze homens e uma sentença

Doze homens e uma sentença é um filme americano de 1957, desses que mostram como uma boa história vale para qualquer época.
Doze jurados, trancados em uma sala, terão que decidir se um rapaz de 18 anos é culpado ou inocente pela morte de seu pai.
A tese da acusação é que o rapaz matou o pai a facadas. O veredicto tem que ser unânime. Caso o júri considere o rapaz culpado ele irá para a cadeira elétrica.
Ainda que em uma primeira rodada onze, dos doze jurados, considerem o réu culpado, um deles tem dúvida se ele é culpado ou inocente e pede que conversem mais antes de decidirem o veredicto.
Sustentar seu desejo na diferença é o suficiente para deixar comparecer os preconceitos, ideologias, as diferenças de pensamento que chegam quase a causar brigas entre alguns dos jurados.
Bastou um jurado se autorizar a dizer sua opinião a despeito da maioria, para que os outros tomassem coragem e passassem a questionar os argumentos que a princípio pareciam tão convincentes.
O que assistimos a seguir são homens com diferentes histórias de vida, idades, experiências e condição social confrontados com suas próprias questões inconscientes.
Esse filme levanta algumas questões fundamentais. Darei destaque a duas delas. Existe relação entre pobreza e violência? O ser humano que comete crime , ou suposto de cometer um crime, é ruim por natureza?
Essas e outras questões colocadas, somadas a tensão gerada pelas divergências, pelo calor do dia, vão tencionando a convivência entre os jurados.
Bonita a cena em que um dos jurados, oriundo da classe pobre descreve como é que se segura uma faca em uma briga, lembrança essa que ele confessa que havia recalcado. Ou mesmo todo o desenrolar do filme que vai nos mostrando, aos poucos, um pai desejoso de vingar seu próprio filho condenando o réu.
Para quem gosta de uma boa história esse filme é imperdível.
A direção é de Sidney Lumet e destaco a atuação de Henry Fonda.

sábado, 30 de outubro de 2010

Aposta.

Um voto é uma aposta.
Amanhã vamos para as urnas votar para escolher o Presidente do Brasil. Meu voto é para Dilma, candidata do PT.
Voto 13 apostando que o projeto político do PT é o melhor para o Brasil.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Mau exemplo.

Hoje sexta feira , final de tarde de verão, sai para andar de bicicleta.
A cidade de Vitória tem poucas ciclovias. Numa dessas poucas existentes me deparo com a seguinte cena: uma mãe, uma avó e uma a outra mulher, que deve ser tia , calmamente passeando com um bebê em uma andador. Elas ocupavam, despreocupadamente, toda a pista da ciclovia.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Luto

Hoje morreu o ex-presidente Argentino Néstor Kirchner e recebi de minha amiga Marisa, que é professora na Universidade Popular das Mães da Praça de Maio, a mensagem de condolências que transcrevo a seguir:

"UNIVERSIDAD POPULAR MADRES DE PLAZA DE MAYO
2000 – 6 de abril – 2010
Diez Años de Lucha y resistencia

"Proceda", ordenó el Presidente el 24 de marzo de 2004, y con los rostros de los asesinos, cayó al subsuelo de la historia una etapa de horror dictatorial largamente prolongada en la posdictadura.
"Son asesinos que todo el pueblo repudia", dijo unas horas más tarde, frente a la ESMA recién expropiada.
"Somos hijos de las Madres" declaró poco tiempo después en el pleno de la ONU, inaugurando un gesto de merecida veneración política hacia las luchadoras, que lo escucharon conmovidas.

El ex Presidente Néstor Kirchner cambió la historia de impunidad y vergüenza de la democracia y abrió la posibilidad institucional de otra relación de fuerzas materiales y simbólicas para el pueblo argentino frente a sus enemigos de clase y de siempre.
Desde la Universidad Popular Madres de Plaza de Mayo expresamos nuestra congoja por su fallecimiento, acompañamos a la Presidenta Cristina Fernández por esta pérdida personal y política conmocionante y nos comprometemos a aportar nuestra dedicación académica y militante para el triunfo de los proyectos de igualdad, justicia, soberanía y u nidad latinoamericana iniciados por Néstor Kirchner y profundizados por Cristina Fernández.
¡Hasta la victoria siempre!

Ciudad Autónoma de Buenos Aires, 27 de octubre de 2010
Inés VázquezRectora"
Ter tido um presidente que mudou a história de impunidade e vergonha da democracia de seu país, inaugurando a possiblidade institucional de outras relações de forças materiais e simbólicas para sua nação, como dizem na notas as Mães da Praça de Maio, não é pouca coisa, não acham?
PS: Gosto do verde por ser a cor da esperança.

Pais e filhos

Tenho frequentado uma academia de ginástica que a Prefeitura de Vitória instalou na Praça dos Desejos. São aparelhos muito interessantes que simulam movimentos como andar a cavalo, esquiar, patinar, remar, dentre outros. Esses aparelhos devem ser usados por adultos, preferencialmente, pelos os maiores de sessenta anos.
Mesmo tendo um parque infantil ao lado dessa praça pais e mães vão passear por lá com crianças pequenas. Elas sentam nos aparelhos, atrapalhando os que querem usá-los.
Outro dia um senhor pediu a uma mãe que retirasse seu filho, que devia ter, no máximo, três anos, de um aparelho para que ele pudesse usar.
A mulher falou com a criança que fingiu não ouvir. A mãe então solicitou ajuda a um outro senhor pedindo para que ele tirasse seu filho do aparelho, pois ela não conseguia fazer isso porque ele "era muito forte."
"Eu não", respondeu o senhor. "Onde está o pai dele?", retrucou em seguida.
O pai estava por perto em um quiosque e lá permanenceu.
Tenho assistido a cenas como essa quase todos os dias no meu bairro.
Será que os pais estão com preguiça de educar seus filhos? Ou falta amor em relação a eles? Educar dá um trabalhão e é um ato de amor.
Cenas como essa são para mim um mau sinal. Se essas crianças ainda tão pequenos assustam suas mães, imaginem quando crescerem! Provavelmente assustarão outros membros da comunidade na qual estão inseridos.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

E agora José?

E agora José?, a farsa acabou!
Tudo indica, pelas investigações da Polícia Federal que foi o Aécio, o Neves, do PSDB, correlegionário de outro José, o Serra, quem está por trás da quebra de sigilo fiscal de Serra e de seu grupo.
Será que a mídia vai divulgar esse fato da mesma forma que vinha fazendo até então?
Essa informação deve ter feito com que uma bolinha de papel tivesse caído com a força de um tijolaço na cabeça de Serra. Só assim posso entender toda a cena que foi feita por ele.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Manisfesto dos intelectuais à Nação Brasileira

Transcrevo abaixo o manisfesto dos intelectuais pró-Dilma.
À NAÇÃO
Em uma democracia nenhum poder é soberano.
Soberano é o povo.
É esse povo – o povo brasileiro – que irá expressar sua vontade soberana no próximo dia 3 de outubro, elegendo seu novo Presidente e 27 Governadores, renovando toda a Câmara de Deputados, Assembléias Legislativas e dois terços do Senado Federal.
Antevendo um desastre eleitoral, setores da oposição têm buscado minimizar sua derrota, desqualificando a vitória que se anuncia dos candidatos da coalizão Para o Brasil Seguir Mudando, encabeçada por Dilma Rousseff.
Em suas manifestações ecoam as campanhas dos anos 50 contra Getúlio Vargas e os argumentos que prepararam o Golpe de 1964. Não faltam críticas ao “populismo”, aos movimentos sociais, que apresentam como “aparelhados pelo Estado”, ou à ameaça de uma “República Sindicalista”, tantas vezes repetida em décadas passadas para justificar aventuras autoritárias.
O Presidente Lula e seu Governo beneficiam-se de ampla aprovação da sociedade brasileira. Inconformados com esse apoio, uma minoria com acesso aos meios, busca desqualificar esse povo, apresentando-o como “ignorante”, “anestesiado” ou “comprado pelas esmolas” dos programas sociais.
Desacostumados com uma sociedade de direitos, confunde-na sempre com uma sociedade de favores e prebendas.
O manto da democracia e do Estado de Direito com o qual pretendem encobrir seu conservadorismo não é capaz de ocultar a plumagem de uma Casa Grande inconformada com a emergência da Senzala na vida social e política do país nos últimos anos. A velha e reacionária UDN reaparece “sob nova direção”.
Em nome da liberdade de imprensa querem suprimir a liberdade de expressão. A imprensa pode criticar, mas não quer ser criticada.
É profundamente anti-democrático – totalitário mesmo – caracterizar qualquer crítica à imprensa como uma ameaça à liberdade de imprensa. Os meios de comunicação exerceram, nestes últimos oito anos, sua atividade sem nenhuma restrição por parte do Governo. Mesmo quando acusaram sem provas.
Ou quando enxovalharam homens e mulheres sem oferecer-lhes direito de resposta. Ou, ainda, quando invadiram a privacidade e a família do próprio Presidente da República.
A oposição está colhendo o que plantou nestes últimos anos. Sua inconformidade com o êxito do Governo Lula, levou-a à perplexidade. Sua incapacidade de oferecer à sociedade brasileira um projeto alternativo de Nação, confinou-a no gueto de um conservadorismo ressentido e arrogante. O Brasil passou por uma grande transformação.
Retomou o crescimento. Distribuiu renda. Conseguiu combinar esses dois processos com a estabilidade macroeconômica e com a redução da vulnerabilidade externa. E – o que é mais importante – fez tudo isso com expansão da democracia e com uma presença soberana no mundo.
Ninguém nos afastará desse caminho. Viva o povo brasileiro.
Leonardo Boff
Chico Buarque
Maria Conceição Tavares
Oscar Niemeyer
Marilena Chaui (e tantos outros e outras,...)

Sina.

Era meiga e boa. Tão boa e tão meiga que nunca dizia não. Algumas vezes bem que desejou não atender a demanda do outro. Fazer o quê?! Não conseguia, era mais forte do que ela. Fora criada para dizer sim senhor. Era assim, desse lugar submisso, que se sentia amada.
Não sei se sonhava em ganhar o céu nem se acreditava em Deus. Só sei que algumas vezes era tão boa que sua voz quase sumia. Parecia se consumir nessa bondade toda, ou tola? Nessas horas ela parecia uma sombra. Sombra do outro. De tão boa ela não se permitia nada. Nem mesmo a própria sombra.

Ainda sobre eleições: assustador!

Hoje, no estacionamento do supermercado Perin de Jardim da Penha ( Vitória ES), um carro praticamente todo plastificado. Cheio de adesivos pró Serra. Chamou minha atenção um adesivo que dizia que "Vitória era limpa e pura nos tempos da ditadura."

Ainda sobre eleições: desconfiança

Ando desconfiando de algumas pessoas que conheço que diziam terem votado na Marina em protesto contra o governo do PT.
Algumas dessas pessoas hoje estão tão convictas no voto para Serra, que desconfio que o voto em Marina serviu apenas para elas perderem a vergonha de votar no Serra no segundo turno.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Declaração de voto


De novo irei votar na Dilma para Presidente.

O governo do presidente Lula melhorou a vida de milhares de brasileiros pobres. Enfrentar a desigualdade social criando políticas de governo que efetivamente fazem a diferença na vida,no dia a dia da população pobre, colocando comida na mesa para toda essa gente é sem dúvida um grande mérito desse governo.

Lula, entretanto, nunca vai deixar de ser para a elite conservadora brasileira um operário ousado e iletrado. Ele não nasceu na elite e pensa o poder como um retirante.

Não defendo nem sou a favor de nenhum tipo de corrupção. Não podemos ser ingênuos a ponto de atribuirmos ao governo do PT toda a responsabilidade pela prática política safada e corrupta que vigora em nosso país desde o seu descobrimento.

Na era FHC não foi diferente. Só que Lula tem que pagar o preço por ter ousado não se submeter totalmente aos eternos mandatários de nossa capitania brasileira e a política externa dos USA e de seus representantes.

Não é pelo fato de Dilma ser mulher que irei votar nela. Mulheres temos até aquelas que substituem o marido cassado pelo ficha limpa. Voto na Dilma por suas propostas políticas. Ela irá dar continuidade aos projetos desse governo que entendo serem melhores para nosso país.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A sabedoria infantil

Em uma de suas vindas à nossa casa minha afilhada, de seis anos, falou sobre o livro de histórias chamada "Planeta Sim". Ela explicou que nesse planeta só se pode dizer sim.
E continuou dizendo:
- Imagina se meu irmão falar com a mamãe: posso matar a Janaína? Ela teria que responder sim!
- Posso quebrar os brinquedos da Janaína? Ela teria que responder sim!
- Posso jogar os brinquedos de Janaína pela janela? Ela teria que responder sim!
Sem interromper sua narrativa ela finalizou com toda a carga dramática que uma criança muito expressiva e viva de seis anos pode ter: esse é o pior dos planetas!
Vou sugerir a alguns pais que escutem o conselho da Jana.
Digam não aos seus filhos! Eles precisam de saber que não podem ter, nem fazer tudo o que desejam, pensam ou sonham.
Sempre fico me perguntando se uns 90% das crianças com diagnóstico de hiperatividade não são crianças cujos pais são muitos permissivos e não as educam. Não dizem não. Não colocam limites. Não ensinam para elas o que é certo ou o que é errado.
Criança não nasce sabendo, tem que aprender tudo. Tem que ser educada. Ensinar, educar dá um trabalho danado. Tem que repetir a mesma coisa milhões de vezes. É bastante cansativo e, absolutamente, necessário para a saúde mental da criança e do adulto que ela irá se tornar e para o bem da coletividade na qual a criança está inserida.
Até para a criança viver só no planeta sim é insuportável! É saber que seus pais não a educam por não se importarem com ela.
Educar é sempre uma aposta amorosa no outro. A criança necessita se sentir amada. Só para não perder o amor de seus pais e parentes que ela suporta sofrer os efeitos da educação, tão necessária para sua saúde mental e sua vida futura. Só para não perder esse amor ela aceita as regras e os limites que o processo educativo pressupõe.
PS: não conheço o livro ao qual Jana se referiu. Procurei na internet para citar o autor e não encontrei.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Caminhante

Foto do convento da Penha- Vitória ES
A vida tem lá seus dias nublados, que nem sempre condizem com nosso espírito ou com as estações do ano.

A prima vera chegou e eu , que não tenho nenhuma prima com esse nome, desconfio que só os moradores dos países frios tenham tal prima que é tão esperada pois chega e os livra dos dias nublados de Bélgica. Essa expressão aprendi com uma conhecida que morou na Bélgica. Ao voltar a morar no Brasil ela sempre se referia assim quando o dia amanhecia chuvoso e cinzento.

E por falar em tempo o clima anda tão maluco que temos um inverno em pleno Setembro. As castanheiras, coitadas, já ficaram sem folhas muitas vezes. Nem bem as folhas reaparecem em sua copa, esfria um pouquinho e elas, despudoradamente, já ficam peladas de novo.

Mas quem nesse mundo maluco quer reparar nas castanheiras?

Quando vamos começar a viajar em nossa própria cidade? No dia a dia, geralmente, não nos sobra tempo para observarmos as tartarugas que aparecem na curva da Jurema, a lua cheia reluzindo no mar e os ipês floridos, as castanheiras que nos dão uma sombra tão generosa e tantas outras belezas fortuitas que nossa ilha, que é bem bonita, nos oferece.

Em nosso cotidiano não vamos aos museus, nem visitamos os lugares bonitos que estão ali a nossa disposição a qualquer momento e sem nenhum custo. Só quando estamos viajando temos tempo de valorizar e apreciar a beleza de outras cidades.

Eu já comecei a viajar na minha cidade e estou achando ótimo. Viajo de caiaque, a pé, de bicicleta, de carro e de ônibus. Fazendo o mesmo percurso descubro sempre outras belezas. Não seria esse viajar uma metáfora da vida? Não é a vida uma viagem na qual fazemos e refazemos um mesmo caminho?

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Cachoeiro e Paris

Por ser considerada a capital secreta do mundo, como é conhecida minha cidade natal, pelo bairrismo exagerado dos Cachoeirenses, Cachoeiro gera muitas gozações entre aqueles que não nasceram lá.
Um primo gozador, disse para Roberto, que também adora gozar minha cidade natal que, segundo Júlio Fabris, Cachoeiro se parece com Paris.
Júlio deve ser irmão de Sônia Izabel, minha colega do Colégio Cristo Rei e de Celeste, que deu aula na escola Pica Pau, aqui em Vitória, aonde meus filhos estudaram.
E passou a descrever as semelhanças:
- Paris tem um rio que corta a cidade. Cachoeiro também.
- Paris tem um calçadão que margeia o Rio. Cachoeiro também.
- Paris tem uma igrejinha famosa. Cachoeiro também.
E como bem lembrou minha irmã Beatriz Paris tem a Ile de la Cité. Cachoeiro tem a Ilha da Luz.
Essas semelhanças me convenceram.
Venho portanto sugerir aos membros do consulado de Cachoeiro, aqueles simpáticos senhores que ficam sentados nos dois banco da curva da Jurema, a mediarem uma negociação entre a prefeitura de Paris e a de Cachoeiro. O objetivo dessa negociação é a assinatura de um pacto entre as duas cidades como cidades irmãs.
Meu primo se esqueceu de citar a principal semelhança entre as duas cidades. Estou me referindo à elegância da mulher cachoeirense. Acho que esse esquecimento foi proposital para não causar encrenca com sua mulher que é carioca.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A censura mora ao lado

Tentava inventar uma história. Dessas risíveis. A filha chega e lê o que está sendo escrito e censura. A mãe muda o tema e resolve falar sobre a censura como fruto da ditadura. Aos olhos da filha o tema é o mesmo. Diz que a mãe quer implicar com ela. A mãe não se rende. Demorou um tempo enorme para se permitir escrever, sem achar ou pensar no que irão dizer ou julgar. Demorou muito tempo para suspender a censura interna. Ela que viveu a ditadura militar não pode se render a ditadura domiciliar. Rindo citou jargões sobre a liberdade, que já é tão pouca, e sobre o direito de inventar qualquer história louca que a permita fingir e mentir. De vez em quando uma mentira e um fingimento faz um bem danado. Afinal toda história tem um pouco de memória e muito de ficção. Por isso toda vida, quando bem vivida, dá boas histórias. Basta ter alguém que conte e alguém que escute. Só escuta quando se entende a língua. Assim a história vai criando pernas e ganhando o mundo. Vários mundos existem em um só e tudo vai girando. Ela, que mora numa ilha, pensa aliviada que o fantástico de tudo isso é que o mar não entorna.
PS: A foto acima é da ilha de Vitória, que achei na internet.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Andando nas nuvens

Hoje voltando do podologo onde fui tirar cravos e calos me senti andando nas nuvens.
Quando eu fazia faculdade meu amigo, Fabiano, me chamava de Ângela Passarinho. Ele me achava muito desligada.
Faz tempo que não tenho notícias desse amigo. Se ele me visse hoje, com certeza, iria reafirmar seu dito, ainda que a henna seja usada para tingir de vermelho meus cabelos brancos.

Chiques chiliques

Encontrei essa tarde uma conhecida de minha terra natal. Conversando fiquei sabendo notícias de uma outra conterrânea, que era minha amiga de infância.
Soube que ela agregou o apelido ao seu registro civil e que não gosta que a chamem pelo seu nome. Interessante é que na infância só seus familiares podiam chamá-la pelo apelido. Todos nós mortais a chamávamos pelo nome.
Hoje o apelido virou marca de sua empresa e ela só se reconhece por ele.
Conhecer, se reconhecer e ser reconhecida é sempre uma questão para o ser humano consigo mesmo e com os relacionamentos que ele estabelece. O nome é a marca distintiva do sujeito. Fica difícil tendo chamado sempre uma pessoa por um nome mudar assim de repente por questões de mercado. Parece se tratar de outra pessoa. Acho que efetivamente é disso que se trata.
Porque é difícil suportar ser chamada pelo nome que era conhecida por seus amigos de infância? Essa questão só a fulana poderá responder, se ela quiser, é claro!
Mudar o nome não é suficiente para mudar o lugar que o sujeito se coloca na relação com o outro. Lograr uma mudança desse porte implica em uma reviravolta que não é tão simples nem fácil de se dar. Via de regra é num processo bem sucedido de análise que tal mudança ocorre. E esse caminho só o sujeito pode desejar percorrer. Esse percurso implica no reconhecimento de algumas perdas que são inerentes à nossa condição humana.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Gozo mortal

Um ódio visceral era o sentimento visível na relação entre a filha e sua mãe.
Não dava nem para disfarçar. A filha não falava. Vomitava ódio. Desses avassaladores. Seu vomito, como um tsunami, varria toda a possibilidade de vida ao redor daquela cena grotesca. Pura pulsão de morte. A filha precisava daquele ódio para viver. A mãe, em sua culpa, permitia tudo.
A filha com suas demandas e acusações infinitas saiu de cena. Saiu pequena. Já adulta teima em não crescer. Age como uma pessoa que não conhece a Lei. Não respeita seu pai ou sua mãe. Não respeita nem a si mesma. E sofre. O rosto se contorce de gozo e sofrimento.
Como pode uma relação entre mãe e filha chegar a tal ponto?

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Zéquinha e Maria.


A adolescência não é um período muito tranquilo na relação entre pais e filhos. Crescer e se separar de seus pais é uma tarefa difícil e que não ocorre sem conflitos de ambos os lados. Os filhos precisam crescer e se afirmarem como diferentes de seus pais. Os pais teem sempre uma certa dificuldade de perceber que seus filhos estão crescendo e que já não precisam deles como precisavam na infância. Os filhos, por sua vez, ora se comportam como crianças, ora dão mostras de estarem amadurecendo. Os pais também oscilam e tratam seus filhos ora como crianças e ora como adultos.
Nessa busca por novas identificações fora de casa o adolescente tende a questionar os valores recebidos e a rebelar frente as decisões de seus pais, quando eles não atendem as suas demandas e dizem não a alguns de seus pedidos. Os pais por seu lado reatualizam os conflitos que vivenciaram em sua própia adolescência.
Foi em plena adolescência de minha filha que descobri, por acaso, o Zéquinha. Ele era baiano, lá de Arraial d`Ajuda e foi amor a primeira vista. O moço que o vendia chamava o boneco de ME LEVA e era ótimo no manuseio do mesmo.
Ao chegar em casa com o Zéquinha, que foi o nome que demos ao boneco, minha filha também começou a brincar com ele. A partir de então sempre que eu precisava dar alguma ordem para ela, mandando arrumar seu quarto, por exemplo, ou tratar de algum assunto que poderia ser fonte geradora de discussão era através do Zéquinha que eu falava com ela. Essa foi uma boa forma que encontrei para as possíveis situações, que sem a mediação do Zéquinha, com certeza seriam conflituosas.
Assim alguns assuntos desgastantes se tornaram risíveis tendo o Zéquinha como porta voz. Ele era engraçado, desengonçado e beijoqueiro ao mesmo tempo. Ele era uma graçinha e sendo assim tão sedutor era difícil minha filha não atender a um pedido dele.
De tanto utilizarmos o boneco ele morreu, quero dizer ele rasgou. Nunca mais consegui outro igual.
Maria, a boneca da foto, é muito parecida com o Zéquinha, só que é menina. Parece até irmã gêmea dele. Maria foi comprada depois, em outra época de nossas vidas.
Comprei a Maria com a desculpa de levá-la para o meu consultório, onde atendo algumas crianças. Mas confesso que não ia gostar se uma criança rasgasse a Maria. Assim ela está guardada aqui em casa esperando a chegada de um netinho, quem sabe?
Até hoje o Zéquinha é uma boa lembrança em nossa história.
Zéquinha foi um terceiro que facilitou muito minha comunicação com minha filha nos tempos áureos de sua adolescência.
Com o Zéquinha liberei um pouco de fantasia para lidar com situações do cotidiano que, tratadas de outra forma, podiam gerar uma guerra familiar desnecessária.Tais situações, na maioria das vezes, são mesquinhas, pequenas e ridículas e devem ser relevadas em favor da manutenção de uma relação afetiva entre os pais e os filhos e entre os irmãos. Claro que nem sempre conseguimos relevar essas bobagens.
O Zéquinha me ajudou muito como mãe. Ele era uma espécie de Carlito desajeitado que eu incorporava quando manuseava o boneco. Manuseando o Zéquinha, eu que dizem que tenho cara de brava e que sou brava em algumas situações, me tornava engraçada e podia tratar de algumas questões com muito mais leveza.
Talvez conservando a Maria mantenho acesa a possibilidade de a qualquer momento reincorporar o Zéquinha.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O sapato do vizinho.

Estamos recebendo uma sobrinha. Quando vivia na casa de seus pais ela sempre morou em um apartamento de cobertura. Agora, casada, está escutando o barulho que fazem os vizinhos de cima. Conversando ela nos disse que, até então, ela não tinha a dimensão de como o barulho do vizinho pode incomodar o outro que mora embaixo. Principalmente quando esse barulho acontece no horário de silêncio.
Acho que a moça que mora no apartamento em cima do nosso vive uma situação semelhante a que minha sobrinha. Ela não tem a dimensão do incomodo que causa ao arrastar móveis e andar com o sapato fazendo toc-toc, jogar uma bolinha o cachorro, quando chega de madrugada, por exemplo. Aliás pelo barulho do sapato fico sempre sabendo quando ela sai para se divertir. Coisa que eu nem precisava saber se ela fosse mais silenciosa.
Bendita sandália havaiana. Aqui em casa é regra: chegou tarde tem uma dessas esperando na área de serviço. O vizinho de baixo deve agradecer.
Já pensei em dar uma havaiana para minha vizinha com um cartãozinho com instruções de uso. Falta só descobrir o número que ela calça.

sábado, 21 de agosto de 2010

Os combinados e os maus entendidos.

Arranjei uma nova faxineira para meu consultório.
Como tenho lá minhas manias de limpeza gosto de ir na primeira faxina para dizer como gosto que limpe, onde fica o material de limpeza, como abre e fecha a cortina e outras coisinhas dessa ordem. Essa prática pode parecer chata. E deve ser. Todavia me livra de muito estrago. Desses feitos por acaso, por não se conhecer o funcionamento da cortina, por exemplo.
O combinado seria que ela faria a faxina em outro consultório, que fica no mesmo prédio que o meu, e que depois ela subiria e nos encontraríamos em minha sala.
Uma hora antes do horário que havíamos combinado ligo e confirmo que na hora combinada estaria lá.
Para minha surpresa ela já estava limpando minha sala.
Como?, pergunto, eu nem te falei como gosto que limpe.
Ela então disse que iria para a outra sala onde ela deveria estar e me esperar.
Esse começo era prenúncio de uma relação de trabalho que estaria fadada ao fracasso.
Eu não gostei que ela tivesse feito diferente do combinado. Ela não gostou de ter sido cobrada naquilo que combinamos.
Ao nos encontrarmos em um primeiro momento ela se mostrou ofendida. Disse que era de confiança, que trabalha há anos para dona fulana e para dona sicrana. Que nunca mexera em nada de ninguém.
Respondi que isso não estava em questão para mim. Que em nenhum momento eu duvidara que ela fosse de confiança. Caso contrário nem teria contratado seu serviço.
Disse que para mim não fazia diferença se ela limpasse meu consultório antes ou depois do outro. Para mim fazia diferença termos combinado uma coisa e ela ter feito outra sem me avisar.
Ela disse que havia agido assim para me agradar. Desagradou a nós duas.
Muitas vezes na tentativa de agradarmos ao outro fazemos coisas que desagradam.
Que outro é esse que queremos agradar? Será mesmo que buscamos agradar ao outro ou a nós mesmos?

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Universidades públicas brasileiras entre as 500 melhores do mundo.

Li no Globo on line do dia 18 desse mês que saiu a lista de 2010 das 500 melhores universidades do mundo. Estão nessa lista seis universidades públicas brasileiras.
A USP ficou entre as 150 melhores. A UNICAMP entre as 300. A UFMG, a UFRJ e a UNESP entre as 400. E a UFRS entre as 500.
Todas essas universidades estão situadas em estados do sul maravilha. Três delas estão no estado de São Paulo.
Fiquei feliz com essa noticia e me lembrei de Tom Jobim que dizia que nós, povo brasileiro, temos dificuldades de reconhecermos nosso sucesso.
Tom dizia que sempre que um brasileiro fazia sucesso lá fora, no mundo das artes, ele era criticado pela midia local e logo ficava com a pecha de metido, de americanizado, etc.
Fiquei surpresa por essa lista não estarem as PUCs, que teem a fama de serem excelentes centros de ensino.
Parabéns aos docentes, funcionários e alunos dessas universidades!

Superlativos

Tem pessoas que são superlativas. São sempre as mais simpáticas, as mais inteligentes, as mais bonitas, as mais isso, as mais aquilo.
Tudo nelas é superlativo.
Não é sem razão que escolhem amigos diferentes e com baixa auto estima. Precisam de tais amigos para realçarem suas qualidades.
Tais pessoas consideram tudo o que fazem o mais interessante. É em torno do umbigo de cada uma delas que gira o mundo.
De tanto girar em torno de si mesmas elas ficam tontas e vivem uma eterna embriagues narcisista.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Nem todo príncipe vira sapo.

Um dia ele chegou para terminar o namoro. Ela não entendeu nada. Eles combinavam bem. Gostavam das mesmas coisas e quase nunca brigavam.
Foi pega de surpresa. Tudo tão inesperado, tão repentino. Pediu que ele lhe esse três motivos para estar terminando o namoro. Ele não conseguia. Só chorava.
Ela era completamente apaixonada por ele. Tão apaixonada que uma colega de faculdade brincava e dizia que Maria era arriada os quatro pneus por João. Rindo completava dizendo que nem macaco dava jeito. Não é que deu?
Maria desejava ser feliz e sonhava encontrar um príncipe encantado.
Feito o luto ela encontrou seu príncipe que até hoje não virou sapo.

Casamento perfeito

Quando rapaz era bonito e sedutor. Claro que teve muitas namoradas. Uma série delas. Acabava um namoro logo arranjava outra.
Até que se casou inaugurando uma nova série, a dos casamentos.
É um eterno apaixonado pelo amor.
Profissão? Doutor do coração.
Já se casou diversas vezes. Teve a série das morenas, das louras. Parece que suas mulheres são equivalentes, substituíveis.
Casado mesmo, para valer, um casamento perfeito ele tem só um. É com a bebida.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sobre filmes de suspense

Não gosta de filmes de suspense. Leva susto com os barulhos. Fica ansiosa com as cenas que sugerem uma presença escondida. O coração dispara com as possibilidades de uma ação que não acontece.
Cinema é diversão, pensa aliviada por ter saído da sala.
Sofrer com o suspense daquilo que pode advir, nem se sabe da onde deixou de ser fonte de sofrimento e gozo.
Não sabe se era boa a história. Saiu antes do fim. Não se obriga a ficar até o fim de nada que não suporte.
O que seria da vida sem as possibilidades de escolha?

Pesadelo

Sonhou que venderam a casa dos sonhos. Venderam barato e fizeram uma péssima venda. O dinheiro não dava para nada. A casa que compraram era velha e estava abandonada como estava a casa que fora de seus pais.
Isso não era verdade, pensou no sonho. Isso é um pesadelo, continuou pensando dormindo.
Por que seu marido permitira tal loucura? Como? Então eles haviam decidido juntos?? Ficou espantada ao perceber que ambos tinham uma parte naquela história. Um casamento se constroi a dois, lembrou. Abrir mão daquela casa jamais lhe passara na cabeça.
Pensou que uma casa podemos construir e reconstruir.
No meio daquela dor se sentia viva. Ainda tinha fôlego para continuar sonhando.
Acordou antes da hora e ficou aliviada. Nada havia mudado de fato.

Sonho bom

Sonhou que estava se mudando para a casa dos sonhos. Era uma casa de praia cercada de um jardim delicioso.
E no caminho para Pitinga passava pelas melhores praias que conheceu. Desceu a ladeira do Mucuguê e foi beirando a praia do Morro, dos Namorados, do Cachorro, de Pipa, de Porto de Galinhas, de Espelho e a praia do Coqueiros. Todos esses lugares estavam condensados ali em Ajuda.
Chegou em Pitinga e se espantou com a beleza calma das águas que já não roubava areia. Ficou feliz. A praia estava de novo igual a quando escolhera aquele lugar como o lugar de seus sonhos.
Pensou sorrindo que acertara na escolha do marido e da praia. Era feliz também com os filhos que tiveram.
Tudo isso se misturava com a imensidão do mar azul e com o verde do jardim.
Há muito anda cultivando jardins, amores e amizades. Há muito anda colhendo flores e frutos.
A vida se confundia com seu sonho. Estaria vivendo uma vida de sonhos?
Continuou sonhando e sorrindo, sonhando e sorrindo e quase perdeu a hora da Yoga.

sábado, 7 de agosto de 2010

A sabedoria de um bispo

Das relações que estabelecemos com as pessoas sempre advém algum aprendizado. Algumas pessoas com as quais convivemos são especiais e nos ensinam tantas coisas que só nos resta retransmitir o que aprendemos gratuitamente com elas.
Dom Luís Fernandes, ex-bispo auxiliar de Vitória (ES), nos tempos áureos da ditadura militar brasileira, época em que a Igreja de Vitória recebeu e abrigou perseguidos pela ditadura, foi uma dessas pessoas especiais com a qual tive a honra de conviver.
Nada do que se diga sobre a atuação pastoral de Dom Luís será suficiente para ressaltar quão fecunda foi sua passagem por nossa terra. É notório e indiscutível o papel fundamental que ele desempenhou na implantação e no reconhecimento das Comunidades Eclesiais de Base na Grande Vitória, no Brasil e na América Latina e na função do leigo na igreja.
Como funcionária da Cáritas Arquidiocesana de Vitória na década de 70, trabalhando como agente de pastoral na Igreja de Vitória, tive o prazer de conviver, de longe e de modo muito tímido, com Dom Luís. Desde então aprendi a respeitar e admirar aquele bispo tão humano e avesso à pompa que a investidura do cargo de bispo pode suscitar em que o ocupa.
Já aposentado, Dom Luís esteve em Vitória em um encontro que reuniu os agentes de pastoral da década 70.
Nesse encontro, com a simplicidade que lhe era habitual, Dom Luís nos deu um sábio depoimento no qual compartilhou conosco o desconforto e a angústia que sentia por se perceber sempre inadequado para desempenhar a função de bispo. Ele se percebia sempre aquém, sempre não correspondendo ao lugar de autoridade simbólica do cargo de bispo. Esse sentimento de inadequação manteve aberto, para ele, a pergunta do que é ser um bispo.
O fato de Dom Luís tomar para si a questão do que é ser um bispo e de ter vivido sempre deixando essa questão como não respondida bem demonstra o quanto ele era uma pessoa iluminada.
Dom Luís parecia ter a dimensão da função de autoridade simbólica de seu cargo e da impossibilidade dele, por ser humano, corresponder a essa função que, por ser simbólica, está sempre para além daquele que a ocupa.
Suponho que ele sabia da impossibilidade dele ou de qualquer ser humano, masculino ou feminino, corresponder a qualquer função cuja autoridade seja simbólica.
Ao partilhar conosco de seu incômodo em se sentir sempre aquém da função de um bispo ele nos brindou com uma pequena historieta que havia vivenciado em uma de suas visitas pastorais ao interior.
Ele nos contou que, certa vez, ao chegar em seu fusquinha em uma determinada comunidade do interior do Espírito Santo, ao descer do carro logo percebeu o olhar curioso e atento de uma menina. Ela o acompanhou de perto durante todo o domingo. Terminada a visita pastoral, ao se despedir da comunidade e entrar no carro para ir embora, escutou a menina puxar o pai e perguntar baixinho: - Um bispo é só isso?
Dom Luís sorriu e arrematou dizendo que a garotinha, com sua sabedoria infantil, logo percebeu que ele não estava à altura da investidura que recebera.
Infelizmente, nem sempre nossas autoridades constituídas teem a mesma simplicidade e sabedoria de Dom Luís. Muitas delas colam imaginariamente seu nome e pessoa à função de autoridade simbólica dos cargos públicos que ocupam e passam a ser identificar como tal. Narcisicamente confundem função simbólica com a pessoa deles mesmos, o que é um passo para que possam se colocar acima da lei e se aproveitar das benesses do poder.
Talvez pudéssemos vislumbrar um país melhor se nossos representantes políticos e nossas autoridades constituídas, seguindo o exemplo de D. Luís, mantivessem sempre como não respondida a questão do que é ser um representante político, jurídico ou religioso.
Esse discernimento com certeza diminuiria em muito os desmandos de pessoas que, por se confundirem com a função pública e simbólica que ocupam, passam a se considerar acima das leis.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Nós mulheres

Nós mulheres sofremos de reminiscências. Umas sofrem bem mais que outras. Algumas ainda tão jovens lamentam tanto a má sorte, quando essa aparece, que até parecem velhas. Dessas sem esperança que empurram a vida com a barriga. E são jovens que nem teem barriga!
Não vou dizer que falta a elas maturidade. Na medida que a maturidade chega ela vai aumentando os traços subjetivos que cada um sempre portou. A forma de ver e viver a vida, infelizmente, não muda com a chegada da idade. Parece que o gozo no sofrimento até vai aumentando para certas pessoas. Para essas receito uma boa análise. Escutando suas queixas quem sabe não mudam de lugar e passam a ver a vida com mais leveza?

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Das minhas dificuldades na lida com os botões.

Fui conhecer televisão com seis anos.
Nem me lembro se na mesma época havia telefone na casa de meus pais. Acho que não. Lembro nessa idade, mais ou menos, acompanhando algum adulto na companhia telefônica para dar interurbano. A telefonista fazia a ligação e nós aguardávamos do lado de fora. Quando a ligação se completava entrávamos numa cabine e fechávamos a porta para falar ao telefone. Naquela época considerávamos a conversa telefônica uma coisa particular, íntima, que precisava ser preservada.
Acho que foi no início da adolescência que meu pai comprou um telefone.
Deve ser por esses motivos que tenho uma certa dificuldade com os botões. Esses aparelhos muitos complexos me confundem.
Demoro uma eternidade para assistir a um DVD se estiver sozinha em casa. Assisto porque sou insistente. Mas confesso que só consigo assistir depois de várias tentativas e muita confusão com os botões.
A mesma coisa acontece com esse blog. Outro dia fiquei escrevendo sobre um filme e na hora em que achei o texto redondinho apertei um botão errado e ao invés de publicar sumiu tudo!!! E perdi o texto.
Agora só tem uma coisa nesse mundo virtual que não entendo. Por que para evitar vírus, invasores, temos que digitar letras e números se pretendemos postar comentarios em blogs ou responder emails?
Acho isso mais complicado de entender do que apertar botões. Quem bolou isso pensa que um invasor não sabe copiar umas letras?? Não consigo entender a lógica desse método. Para mim esse método só serve para me fazer desistir de postar comentários e de enviar email para os que o usam. Só isso. Fico com uma preguiça copiar aquelas letrinhas e números. Nesses casos confesso que jogo a toalha de cara. Nem tento. Vou logo a nocaute, desisto. E desistir, quem me conhece sabe, não é muito minha praia.

O pequeno mundo do invejoso

Estou começando a achar que amigo de verdade é aquele que vibra com suas conquistas e vitórias. Elogia as flores de sua sala e outras coisas que conseguimos e que tornam nossa vida mais leve e amena. Às vezes são detalhes bobos, pequenos. E o olhar de inveja do outro é tão flagrante que não consegue disfarçar.
O invejoso não quer que o outro tenha nada. Só ele pode ter.
Qualquer coisa que o invejoso tenha é só dele. Tudo o que seus amigos e parceiros tenham também. O invejoso se acha dono do mundo. E o mundo sempre fica reduzido ao seu umbigo. Que mundo pequeno é o mundo do invejoso! É um mundo no qual não cabe a solidariedade e a partilha.
Uma postagem do blog Alma Lavada descreve bem o espírito de um invejoso através da historieta que narro a seguir - com minhas palavras, claro!
Um invejoso morria de inveja de seu vizinho. Achou uma lâmpada mágica e o mágico lhe disse que ele tinha direito a um pedido. E o advertiu dizendo que tudo o que ele pedisse seu vizinho ganharia em dobro. Ele então pediu para ficar cego de um olho.
Só que ninguém nasce invejoso. Um sujeito se torna invejoso com a permissão daqueles que o criaram e com a conivência daqueles que alimentam sua inveja.
À criança deve, desde sempre, ser ensinado a dividir e a compartilhar. Cabe aos pais ensinar a generosidade e a partilha.
A inveja e o narcisismo andam de mãos dadas. O narcisismo é muito infantil. É na infância que o mundo da criança fica reduzido ao seu próprio umbigo.
Crescer implica abrir horizontes para além de nós mesmos e isso, convenhamos, é uma coisa que o invejoso não quer fazer.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

As histórias e os medos infantis

Estou aqui lembrando da Cecília, com seus três para quatro anos, em uma conversa animada comigo e com Roberto na praia.
Toda prosa ela nos falava de seus "devederes" preferidos. No topo da lista estava O Sítio do Pica Pau Amarelo.
O personagem que mais gostava? A Cuca. Ela arregala os olhinhos e completa: " A Cuca é aterrorizante!!!" Faz a seguir uma cara de prazer e completa: " Mas eu gosto."
O medo exerce um fascínio nas fantasias infantis. A criança precisa ter medo de perder o amor de seus pais, avós, ou de outras pessoas de sua família com as quais ela tem uma relação afetiva de qualidade para internalizar a Lei. Assim é fundamental que ela possa projetar esse medo nas Cucas e nos lobo maus das histórias infantis.
Poder se identificar, ou mesmo identificar seus entes queridos com a bruxa, com a fada madrinha, com o lobo, com o chapeuzinho vermelho, é fundamental para a criança.
Os pais, ao educarem a criança, nem sempre fazem o que ela deseja. Nessas horas eles desagradam a criança. Nesses momentos a criança pode identificá-los com os personagens malvados das histórias em quadrinhos e, por alguns instantes, deixar de amá-los. Os pais teem que suportar não ser sempre amados por seus filhos. Não devendo abrir mão de sua função que é educar. O pai e a mãe não são amiguinhos de seus filhos. Poderão vir a sê-lo, quando estes estiverem na idade adulta e os pais tiverem cumprido direitinho sua função de educar e cuidar dos filhos.
Por seu lado a criança pode, em diferentes situações, se identificar com os personagens malvados. Assim ao mesmo tempo que eles são aterrorizante eles podem ser o personagen que a criança mais gosta. Esses personagens cumprem uma função subjetiva importante permitindo que a criança, identificada a eles, possa transitar entre serem boas e más ou mesmo tempo. Projetando nos personagens da histórias seus desejos, ciúmes, raivas, invejas. Ressalto os sentimentos agressivos pois, esses, os seres humanos teem maior dificuldade de reconhecer como seus. E deles ninguém escapa. A ambivalência emocional, que é a capacidade inconsciente de todo ser humano de amar e odiar a mesma pessoa ao mesmo tempo ,nos dá uma prova incontestável disso.
Por isso defendo que se mantenham as histórias infantis do jeito que elas são. Nada de transformar as bruxas em fadas. As bruxas e as fadas teem uma função psiquíca. Possibilitam para a criança internalizar e simbolizar a ambivalência emocional. Não temos como negar os bons e os maus pensamentos e sentimentos que nos habitam.
Qual ser humano não tem suas horas de bruxaria?? Nessas horas se tivéssemos vassouras certamente saíriamos voando!

domingo, 18 de julho de 2010

Dos filmes que eu vi: O Preço da Coragem

O Preço da Coragem é um filme de 2003. A história é baseada na vida da jornalista investigativa irlandesa Veronica Guerin que, na década de 1990, combateu o crime organizado e o tráfico de drogas em Dublin, capital da Irlanda.
Esse filme retrata o já sabido:
- Que nos bairros das cidades nos quais não existe investimento do Estado o tráfico e o crime organizado tomam, pela força, o poder e fazem da população local seus reféns.
- Que onde tem droga, tráfico, crime organizado tem também prostituição.
- Que um profissional, quando se destaca, provoca inveja entre seus pares.
- Que a polícia precisa do aparato legal para agir.
- Que na Irlanda também existe juiz empregado do crime organizado.
- Que a população, ao ir para as ruas, pode mudar uma realidade.
- Que um execelente profissional faz a diferença.
- A guerra do crime organizado pelo poder em determinada área.
- Que a maioria dos moradores não fazem parte do crime organizado que atua em seu bairro.
- Que tem que haver uma mudanças nas leis do todo país que permita o confisco, pelo Estado dos bens dos bandidos, indepentente de onde eles atuem ( na política, no legislativo , judiciário, nas máfias e outros tipos de crime organizado).
Veronica levou o compromisso e a defesa intransigente de seus ideais até as raias da morte. Morte que deu frutos.
Vejam esse filme que vale a pena conhecer a vida dessa heroína da Irlanda.
Esse filme foi dirigido por Joel Schumacher.
Ps : É chocante ver as imagens de crianças pequenas brincando com seringas que foram utilizadas para injetar heroina como se fosse a coisa mais normal do mundo.

sábado, 10 de julho de 2010

Sobre videntes e assombrações

Diz o ditado que assombração sabe para quem aparece e, ainda que muitos duvidem de sua existência, elas continuam assombrando muita gente.
Eu mesma já fui bastante assombrada em minha infância. Lembro que sempre que viajávamos de madrugada de Cachoeiro para Guarapari, ao olhar as florestas que margeavam a estrada jurava, num misto de terror e êxtase, que tinha visto um saci. Se alguém de minha família perguntasse aonde ele estava eu prontamente dizia que ele tinha corrido.
Como uma lembrança puxa a outra o que mais me assombrou na infância foi meu irmão Fabiano. Certo feita, não sei porque razão, ele me disse que era para eu tomar cuidado com ele porque ele comia carne de cobra e bebia o sangue do diabo. Fiquei apavorada!!! Passei vários dias assombrada em sua presença. Minha mãe desconfiada com minha mudança de comportamento insistiu em saber o que estava acontecendo. Eu contei. Em segredo e morrendo de medo. Claro que tudo foi desmentido e meu irmão levou uma bronca.
No caso do saci lembro do gozo e do medo que ver o que não existia me provocava. No caso de meu irmão era só pavor mesmo. Até hoje não entendo esse tipo de brincadeira tão maldosa para assustar uma criança menor. Confesso que até hoje não acho a menor graça nisso.
Hoje sei que os demônios e fantasmas que me assustam algumas vezes são os meus próprios fantasmas inconscientes. Naquela época não sabia. Meus fantasmas inconscientes eram projetados nas fadas, nas bruxas, nos sacis e nos demônios.
Na infância também já me assustei com os videntes. Hoje também eles já não me assustam mais. O polvo Paul, oráculo da Copa de 2010, bem demonstra que previsões até um molusco pode fazer. Basta que pelo menos uma pessoa dê um significado, um sentido, ao seu movimento, no caso do molusco, ou nas previsões evasivas que fazem os videntes humanos. Estou aqui me referindo as cartomantes, as leitoras de tarô, e todos os outros tipos de adivinhos e videntes. Algumas pessoas gostam que outras digam sua sorte. Seja ela boa ou má. Assim elas se desresponsabilizam de suas escolhas e não pagam o preço pelo seu desejo. Para essas pessoas seu destino já está traçado e é o outro quem vai lhe dizer qual é. A elas nada compete fazer. Só resta sofrer e gozar no sofrimento. Esse é o preço da neurose, que é sempre caro para todo o sujeito.
PS. Roberto entrou aqui dizendo que o polvo Paul acertou em sua previsão de novo. A Alemanha ficou em terceiro lugar derrotando a seleção do Uruguai.