sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Feliz 2012

O ano novo já está chegando. 
Outra vez  renovamos nossos sonhos e fazemos novas apostas na vida. 
E assim o ano e vida se renovam. 
Já dizia o poeta que copiou de outro e de outro e de outro,... "Na vida sonhar é preciso". 
Bons sonhos e muitas realizações em 2012.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Uma artista escondida em Guarapari

Vejam a beleza do trabalho que minha irmã Beatriz está fazendo na antiga igreja matriz de Guarapari - ES.
Essa Igreja, fundada pelo padre Anchieta  em 1585, foi o marco de Fundação da então denominada Aldeia de Guarapari. 
Esse trabalho em conchas foi feito em 1880.  




domingo, 13 de novembro de 2011

Dos filmes que eu vi: O Palhaço

Se você volta e meia se pergunta sobre suas escolhas na vida e  sobre o seu desejo com certeza vai gostar do  filme O Palhaço (Brasil, 2011).
A rica narrativa desse filme é ambientada em um pequeno circo, desses circos pobres que se apresentam em lugarejos de igual pobreza que existem em nosso país.
Benjamim é, como seu pai, palhaço e os dois atuam em dupla nos espetáculos o Circo Esperança, do qual seu pai é o dono.
A narrativa da história retrata o momento em que Benjamim se vê confrontado com a monotonia da rotina e perde a alegria de viver e a capacidade de fazer graça. Esse é o gancho o fio condutor dessa história escrita, dirigida e interpretada por Selton Mello.
É um simples ventilador, objeto de desejo da artista mais bonita do circo,  que é caro para os parcos recursos de um palhaço de um circo pobre, que confronta  Benjamim com o seu desejo. Ao fazer do ventilador seu objeto de desejo Benjamim toma a demanda do outro como sendo o seu desejo. Essa é a confusão que todo neurótico faz, segundo Lacan.
Quando o sujeito se vê confrontado com o seu desejo  nada melhor do que ele ter em mãos seu documento de identidade. É na busca desse documento,  de um trabalho que o possibilite comprar um ventilador e, quem sabe, encontrar um amor que Benjamim parte. Até  ele descobrir "que rato come queijo e gato bebe leite,.." 
Adorei esse filme! Além de uma ótima história tem um excelente elenco.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Finados

Hoje  é dia de finados e desse dia tenho boas lembranças infantis.
Em Cachoeiro de Itapemirim (ES) morávamos na Rua Dom Fernando, 14. 
No fim de nossa rua tem a Igreja Nosso Senhor dos Passos, também conhecida como Matriz Velha. Em frente a essa igreja tem um largo e, já com outro nome, se inicia uma rua que vai dar no cemitério da cidade. 
Era por nossa rua que passava grande parte das pessoas que íam visitar seus mortos naquele dia. Isso fazia que com que o dia de finados, aos meus olhos infantis, parecesse era uma festa! O barulho de pessoas passando, conversas , risos,  vendedores de flores e velas. Barulhos e cheiros se misturavam na rua e eu ali querendo participar daquilo tudo. Era muita vida a visitar os mortos. 
Eu e algumas amigas bolamos uma forma de participarmos daquela festa.
Fizemos uma banquinha, não me lembro como, e vendíamos Qsuco e revistinhas, já lidas, para os que passavam. E claro que como era "coisa de criança" tínhamos sempre fregueses! Assim que acabava nosso estoque dividiamos o dinheiro das vendas e partíamos para a tarefa mais importante do dia.
Ao entardecer, antes de fechar o cemitério, íamos em bando para lá. Chegando lá nos  dividíamos  por setores   para realizarmos a seguinte tarefa: ver as sepulturas que tinham recebido visitas e flores e as que não tinham recebido nada e fazíamos uma redistribuição de velas e flores. Era um tal de correr para lá e para cá. Ao terminarmos nossa tarefa todas as sepulturas tinham flores e velas. Os defuntos podiam dormir sossegados  e nós também! 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Mafalda e os grandes homens

Tirinha 275
 Tirinha 275 (do blog club da Mafalda)

Descrédito

Pensou que tivesse algum crédito na praça. 
Não que devesse dinheiro, passasse cheque sem fundo ou coisa que o valha. Era de crédito afetivo que estava falando. Desses que se constrói ao longo de anos.
Percebeu que não tinha crédito algum. Estava sempre em débito. Nada do que fazia era suficiente.
Só que dessa vez o ar não faltou. 
Ela pode respirar fundo e sorver a solidão.



domingo, 23 de outubro de 2011

Dica preciosa para quem tem filhos, netos.

Francoise Dolto foi uma psicanalista francesa, dessas que tem uma escuta invejável. 
Durante algum tempo ela teve um programa de rádio no qual ela respondia cartas aos pais, avós e adolescentes interessados em resolver questões subjetivas que aparecem na lida com seus filhos, netos e com eles próprios.
A partir das cartas recebidas e das respostas dadas por Dolto foi publicado um livro que já está traduzido no Brasil com o título " Quando os filhos precisam dos pais". Esse livro foi publicado pela editora Martins Fontes.
É um livro excelente para os pais. Com certeza pode ajudar muito na lida com as crianças e os adolescentes.
Qualquer leigo pode se aventurar a lê-lo pois Dolto sabe o que diz e responde as perguntas feitas com a simplicidade das pessoas iluminadas que sabem muito bem o que estão falando.  
 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A mesma orquidea em dois tempos.

Adoro orquídea. Essa é maravilhosa e diferente! 
Foto tirada no Jardim Botânico do Rio


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Para começar bem o dia!


Essa foto foi tirada de um dos canteiros do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 
Vejam a beleza do tapete de jambo!!

 

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Mãe e filha: 15 anos depois

Estavam em uma boutique e a filha só escolheu roupas alegres e coloridas. 
Lá pelas tantas a filha Olhou sorrindo para mãe e falou:
" Tudo alegre , colorido!" 
As duas imediatamente caíram na risada.

Mãe e filha: 15 anos antes

A filha tinha 13 anos. 
A mãe passou na Bee, uma badalada boutique da época, e a loja estava em promoção. Entrou e comprou algumas blusas alegres, coloridas e lindas para sua filha. 
Ao chegar em casa e entregar o presente à filha ela disparou: 
" Você acha que sou feliz para usar isso?" 
Foi lá e trocou por tudo preto. 
Na hora de fazer a troca a mãe, rindo, comentou com a dona da loja que não sabia que sua filha era infeliz e que não podia usar roupas alegres e coloridas. 
No carro voltando para casa emburrada a filha falou: 
Além de tudo é linguaruda! Precisava comentar o que eu falei?

Perólas de Mainô 2

Mainô tinha um parapente pequeno feito por seu pai. 
Correndo para lá e para cá na areia da praia de Pitinga ( Arraial D`Ajuda, Ba) ele brincava de voare se auto denominava "voadeiro". 
Embarcado em sua fantasia levantava seu parapente e disparava! Corria tanto que parecia realmente estar voando! 
Lá pelas tantas convidou a mim e ao Roberto para assistirmos mais de perto sua largada. Chegamos bem perto e ele nada. Ficou algum tempo ali parado sem correr, digo, sem voar! Enrolou para cá e para lá e já não se aguentando mais correu e perguntou para sua mãe: 
"Mãe voadeiro faz xixi??" 
Ela respondei que sim. Ele então completou: "então quero fazer xixi"

Perolas de Mainô 1

De férias na Bahia, temos o costume de levar jogos e quebras cabeças para praia. Esses jogos atraem algumas crianças que se aproximam para jogar conosco. 
Como Mainô foi diferente. Ele era amigo do João, criança muito querida por nós.
Mainô era bem pequeno quando desfrutávamos, ocasionalmente, de sua companhia na barraca do Faria, na praia de Pitinga em Arraial D´Ajuda. 
Um dia ele estava brincando com a gente e  a mão no peito do Roberto e perguntou bem sério:
"O que é que seu peito está fazendo no meio de sua barba?"

Melhor não convidar

Sabe esses convites que são feitos só para fazer de conta que as coisas andam bem, quando não estão?
Aqueles convites que a pessoa convida a outra dizendo para ela passar em sua casa?
Ninguém passa pela casa do outro. As pessoas se visitam. Quando convidadas.

Lidando com as mudanças tecnológicas.

Já falei que tenho muita dificuldade na lida com os botões. Frente as mudanças tecnológicas me atropelo e atrapalho. Atualizei meu blog e ainda não consigo saber como fazer para mudar a letra, formatar, etc. Escrevo com parágrafos e, ao postar, some tudo. Uma chatice! Vou publicar assim mesmo. Uma hora descubro como faz e e conserto tudo.

Roubada

Passamos o fim de semana no Rio de Janeiro e aproveitando o convênio que temos com a Bancorbrás nos hospedamos no hotel Califórnia Othon Classic, na Avenida Atlântica, em Copa cabana. 
A localização do hotel era perfeita. O atendimento dos funcionários também. Simpáticos e de fino trato. Fomos atendidos a tempo e a hora naquilo que dependia deles. 
Os quartos e banheiros do hotel são muito antigos e precisam de uma boa reforma. O colchão das cama, meu Deus!, aquilo só serve como instrumento de tortura. Referi-me aos colchões no plural pois tivemos de mudar de quarto, tamanho era a situação caótica do quarto 412 que, para completar, não fechava a persiana externa. 
Mudamos para o quarto 710 e a situação mudou quase nada: os colchões deveriam ir para o lixo, os móveis e banheiros precisam urgentemente serem adequados ao preço da diária do hotel. 
O elevador também precisa ser modernizado pois era bem capenga. 
Entre no site do hotel e veja as fotos. 
Vai enganar turista assim lá longe! Bota fotoshop nisso. 
Por onde anda a secretaria de turismo do Rio que não fiscaliza seus hóteis? 
Fora as noites maus dormidas o Rio é sempre uma festa!

O paraíso perdido.

Recebemos uma foto de uma amiga que queria nos mostrar os netos. 
Aparecem na foto ela, dois netos e uma outra mulher, que concluímos ser sua nora. 
Só os netos vieram com legenda. 
Conversando sobre isso com o  Roberto ele saltou essa: 
" Adão e Eva viveram no paraíso porque não tiveram sogra!"
 

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Trombada

Recebeu uma visita que pensava ser na medida certa e descobriu que tal medida não existe. Quantos ensinamentos teve que receber, sem pedir, naqueles dias que começavam sempre com alguma aula de sofisticação. A visita estava determinada a ensinar a dona da casa a sofisticar um pouquinho. E de pouquinho em pouquinho se excedeu e escorregou na maiosene ao desejar que a casa do outro funcionasse como a sua. Será que desconhecia que para uma boa convivência a visita pode ficar bem à vontade desde que saiba que o funcionamento da casa é ditado por seus donos?

sábado, 10 de setembro de 2011

Impressões de Viagem.

 Aproveitando o feriado de 07 e 08 de Setembro, dia da cidade de Vitória, fomos conhecer Maceió e algumas praias e cidades do interior de Alagoas. 
Confesso que me espantei com tanta sujeira, lixo mesmo, que vi nas praias daquele estado. Lá o mar é lindo mas a areia é muito suja, muito mesmo. Na areia dá para tropeçar em  sacolas e copos de plástico, garrafas pet e por aí vai. Uma imundicie que nem nos deu vontade de entrar na água! Seria essa sujeira reflexo ou metáfora da sujeira política que vigora no estado?
A ausência do poder público  - prefeitura e do governo do estado -  estavam ali estampadas nas areias sujas dos pontos turísticos, que pareciam terra de ninguém. Só pareciam porque naquele estado tudo tem dono.
Se por um lado me encantei com a arquitetura de alguns prédios da cidade, por outro me chocou a pobreza da população. 
Alagoas é um dos estados com maior concentração de renda do país. Lá umas poucas famílias são donas de toda a riqueza do estado que quase não tem indústrias.
O estado é eminentemente agrícola. A monocultura da cana de açúcar só é quebrada por algumas plantações de coqueiros e por uma plantação de fumo que existe em um dos municípios do estado. O estado é uma enorme plantação de cana. É cana para todo lado! Só crime de mando não dá cana por lá.

Só para voces terem uma idéia da situação de pobreza da população, um guia nos informou que um trabalhador que sobe, colhe os cachos de coco e limpa os coqueiros faz isso em 30 segundos. Sabem quanto ele ganha por cada coqueiro em que ele sobe? Cinquenta centavos. É muita exploração, não acham? Façam as contas de quantos coqueiros esse trabalhador terá que subir para dar de comer à sua família. Esse mesmo guia nos disse que a mão de um colhedor de coco é tão dura quanto uma sola de um pé, desses bem grossos.

Nas cidadezinhas do interior de Alagoas vimos coisas que só estávamos acostumados a ver em filmes ou  a ler em romances. Vou descrever algumas delas:
- Ônibus de trabalhadores rurais, colhedores de cana. Estes trabalhadores ainda dormem em alojamentos nas fazendas. O ônibus parado e os trabalhadores, vigiados por um capataz, colhendo cana em pleno 7 de Setembro. A independência ainda não chegou para aqueles brasileiros.
- Na ilha de Crôa, um lugarejo paupérrimo a caminho da praia de Carro Quebrado, entramos na rua errada. Dessas ruas em que só passa um carro. Com casas bem pobres dos dois lados. Lá encontramos um sujeito com um alto falante em um carro. Ele vendia uma pomada e na propaganda que fazia dizia que o remédio curava de arranhão até mordida de cobra! A gente só via gente esticando o braço e comprando. Surreal!
 Em várias cidadezinhas que passamos vimos, dentre outras coisas:
- O esgoto a céu aberto.
- Uma imagem do Padre Cícero na praça, 
- Uma lavanderia municipal que é um local fechado, coberto e  cheio de tanques para a população lavar suas  roupas e vasilhas.  A existência dessa lavanderia significa que falta água encanada na maioria das casas de tais lugarejos. 
 - Nesses mesmos lugarejos vimos muitas antenas parabólicas. Fico curiosa de saber como a população se vê e se percebe frente à riqueza dos cenários da novelas globais.
- Descobrimos que num lugarejo daqueles nasceu o Aurélio. Aquele do dicionário da Língua Portuguesa.
 
Dentre os passeios que fizemos destaco um artesão que pintou, em nossa frente, com o dedo, um azulejo com a paisagem da praia de Maragogipe, onde estávamos. Claro que acabamos comprando o seu trabalho.
 
O passeio que mais gostei em Alagoas foi conhecer a foz do Velho Chico em Piaçabuçu, a única palavra com dois çç da língua portuguesa. Êta rio danado de bonito!!! Lá comprei uma imagem do santo que dá nome ao rio e segui o ritual. Batizei a imagem nas águas do rio por três vezes e fiz três pedidos. Pena que não posso contar senão não se realizam! 
Bonito de ver aquele povo sofrido sonhando através do batismo do santo, das promessas para o Padre Cícero. Não é o sonho a bússola que dá sentido à vida? 


   

sábado, 20 de agosto de 2011

Dos filmes que eu vi: A Informante

A Informante é um filme Alemão/ Canadense de 2010 baseado em fato reais que trata de um mal ignorado nas guerras que é o tráfico de mulheres para a prostituição, escravidão e sevícia.

Na narrativa Kathy (Rachel Weisz) é uma policial ética e comprometida com seu trabalho que, por motivos financeiros, vai trabalhar como pacificadora da ONU na Bósnia, pós guerra. O que ela encontra lá é um pais arrasado tanto do ponto de vista da destruição material, quanto do ponto de vista moral. No desempenho de suas funções Kathy presencia abusos de toda ordem contra os direitos humanos da população feminina nativa civil, até se deparar com a máfia do tráfico de mulheres, oriundas de diferentes países, alguns da antiga União Soviética, transformadas em escravas sexuais, que sofrem todo tipo de violência.

O que assusta na narrativa do filme é o fato de que, ali, são  os agentes de segurança da ONU, com imunidade diplomática, que são, ao mesmo tempo, os chefões da rede de tráfico de mulheres e os frequentadores dos bares, bordéis, aonde as mulheres são mantidas em cárcere privado e submetidas a torturas e a todo tipo de sevícia.
Esse filme é uma denúncia contundente contra os conchavos políticos da ONU, que fecha os olhos para o que acontece para preservar a instituição. 

Outro fato grave que essa narrativa nos mostra é que os profissionais que se alistam nas forças de paz da ONU nem sempre os fazem por motivos humanitários e sim por motivos economicos, uma vez que o salário pago para os que participam dessas missões é bem alto. Pelo que mostra no filme qualquer psicopata pode se alistar e servir a ONU e cometer, acobertado pela imunidade diplomática, todo o tipo de atrocidades e abusos de poder.
O título original do filme é The Whistleblower, que é uma pessoa que torna público atividades ilegais ou uma conduta desonesta, que vem sendo praticada em um departamento do governo, ou em uma organização pública ou privada, ou mesmo em uma empresa. 
 Para nosso espanto na narrativa do filme a corda arrebenta para o lado de Kathy. Ao desbaratar a quadrilha e denunciar ao representante máximo da ONU na Bósnia, é ela quem perde o trabalho e é expulsa da força de paz. 
Esse filme retrata bem o que o Dr. Freud nos disse quando afirmou que é o recalque das pulsões sexuais e agressivas que funda a civilização. Quando desrecalcamos uma dessas duas pulsões a outra é desrecalcada ao mesmo tempo e  tudo passa a ser permitido. O que passa a vigorar a partir de então é a barbárie.  O ser humano, nesses casos, perde sua humanidade e se transforma em uma besta.

sábado, 6 de agosto de 2011

Dos filmes que eu vi: Em um Mundo Melhor

A diretora Susanne Bier, a meu ver, acertou em cheio ao problematizar a complexidade dos seres humanos no filme dinamarquês "Em um Mundo Melhor".
 Nesse filme ela trata de questões que nos angustiam e para as quais não temos respostas: 
- A morte, por exemplo.  A narrativa do filme aborda essa questão sobre três aspectos: 
1. A revolta ou a raiva  que advém da não elaboração do trabalho de luto. O trabalho de luto é um trabalho psíquico necessário para a elaboração de perdas de pessoas queridas. 
2. Como a morte de uma pessoa querida tira o "véu" que nos defende do fato de sermos mortais e nos revela a possibilidade, insuportável, da morte. E que quando o trabalho de luto é concluído e retomamos a vida normal o véu volta a encobrir  a morte. 
Só deixando a morte em paz podemos apostar na vida.
3.  O significado da morte e um enterro em Londres ou na Dinamarca e em um campo de refugiados na África.

Destaco ainda outros temas que considero relevantes e que fazem parte da história narrada no filme:
- A separação dos pais e o rebatimento dessa situação na vida do filho mais velho.
- A ausência física do pai, que se divide, por força de seu trabalho, entre a Dinamarca e a África.
- A violência humana, presente em qualquer parte do mundo: na desenvolvida Dinamarca e no campo de refugiados africanos.
- Quanto maior o nível de violência, que em alguns países da África é a barbárie, mais vitimiza  a mulher.
- O preconceito existente entre povos de diferentes países.
- A lei da prisão que vigora na escola: o aluno novo que chega tem que enfrentar o chefe da gang para ser deixado em paz. 
- A dificuldade dos gestores da escola de perceberem o que acontece ali, embaixo de seu nariz, e de colocar limite no garoto que dominava os demais.
- O pai bonzinho demais que fica desvalorizado na frente do filho e de seu amigo.

A narrativa do filme mostra ainda que não dá para o ser humano ser neutro frente às situações de violência e de opressão que ele vivencia ou assiste em seu cotidiano sob a pena de não contribuir para um mundo melhor.
O filme demonstra também que é mitológica essa verdade cristã que diz que se alguém te espanca você deve dar a outra face.  Se você der a outra face ele baterá de novo. Os seres humanos pedem limite. É o limite, sob a forma da Lei Social, associado ao afeto, que barra a violência. 
Em um Mundo Melhor me fez lembrar de  Guimarães Rosa que diz pela boca de Riobaldo "que viver é perigoso". Viver é mesmo perigoso. Seja na barbárie de alguns países africanos, seja na super desenvolvida Dinamarca.
Adorei esse filme! A história nos tira de nosso habitual conforto e nos convida a olhar para além de nosso próprio umbigo.
 
PS: Confesso que precisei  usar todos os lenços de papel que tinha na bolsa!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Pegando carona na beleza do texto deClarice

"..existe a trajetória,
e a trajetória não é apenas um modo de ir.
A trajetória somos nós mesmos.
Em matéria de viver,
nunca se pode chegar antes."
Clarice Lispector

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Feijão maravilha

Socorro! Quem se habilita a me ensinar temperar feijão? Confesso que sou um fiasco nesse assunto.
Outro dia minha filha comentou que o feijão não é o forte daqui em casa. E não é mesmo!
 Seu tempero de feijão é gostoso? Compartilhe comigo!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sobre a vida e a morte

A morte é a única certeza que temos nessa vida. Contudo para bem vivermos a vida temos que deixar a morte em paz.
Feliz daquele que consegue criar os filhos, conhecer os netos e até  os bisnetos desfrutando de boa saúde.Quando chega a velhice e a finitude para essas pessoas privilegiadas bom seria se elas pudessem ser poupadas dos sofrimentos do corpo habitado pela doença e pelo esquecimento. 
Aliás, até bem pouco tempo, para além do corpo que vai  se debilitando, a perda da memória, o esquecimento ou  caduquice,  era  esperado  na velhice.
Hoje temos dificuldade de conviver com o processo de envelhecimento como um todo e contamos com toda uma parafernália médica que nos promete maior longevidade com saúde.
Pensava nessas coisas por conta da doença de minha sogra, uma senhora de 97 anos que teve a sorte de criar e conviver com saúde com seus filhos, netos e bisnetos.
Atualmente, devagarinho, sua chama de vida está se apagando naturalmente. Só por ter chegado aos noventa e poucos anos com saúde e disposição já temos muito que agradecer.

domingo, 26 de junho de 2011

Outra lista

Ontem fui fazer supermercado e fiz uma lista de compras.
Hoje resolvi fazer uma lista diferente. Resolvi listar coisas gratuitas e que são fontes de vida, beleza e prazer.

- Tapete de flor de jambo - que na Bahia é chamado de eugênia. Ontem vi, através do portão fechado,  um desses tapetes em um quintal de uma casa das poucas que restam na rua onde moro.
- Céu estrelado de Matilde - um lugarejo aqui, no ES, cheio de cachoeiras. Uma região muito bonita. Da casa de um casal amigo vimos um céu tão estrelado, mas tão estrelado, que até hoje me sinto iluminada por aquelas estrelas.
- Chuva de frutas no chão de quintais e nas ruas.  Essa chuva não molha!  Já vi de manga, goiaba , acerola. Claro que catei todas as frutas aproveitáveis.
-  Um bom banho de mar.
-  Um bom papo.
- Uma boa companhia.
- Andar na beira do mar.
- Ver a lua cheia.
- O pôr do sol.
-  Os ipês floridos nas ruas da cidade

 E mais um montão de coisas que a vida nos dá gratuitamente.
 O que mais você colocaria nessa lista??

PS: Algumas dessas coisas, se acompanhada, ficam melhores ainda.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dos Filmes que eu vi: Meia Noite em Paris

Por gostar muito da maioria dos filmes de Woody Allen sou suspeita para comentá-los.
Após declarada minha parcialidade posso dizer que adorei  Meia Noite em Paris
A narrativa do filme é um conto de Cinderela às avessas.
Gil, um roteirista de Hollywood, que sonha em ser escritor, vai a Paris com a noiva, Inês,  e sua família. 
Ao voltar sozinho para o hotel, à noite, ele se perde pelas ruas da cidade. Perdido, acontece o inusitado: quando o relógio bate a última badalada de meia noite ele é convidado a entrar numa "carruagem" e volta no tempo, passando a conviver com seus ídolos que são os grandes mestres da literatura, pintura, música.
E toda noite esse fato se repete. 
Cada noite novos encontros em lugares que seus ídolos costumavam frequentar  são  os cenários de uma história na qual o personagem insatisfeito com o rumo de sua vida se refugia na fantasia.
Isso faz com que os  cenários do filme sejam lindos e nos levem de volta aos lugares frequentados por Picasso, Hemingway, o casal Fitzgerald, Cole Porter, Toulouse-Lautrec, Dalí, dentre outros. E o melhor é que naqueles lugares Gil reencontra todos esses grandes personagens.
Viajando na fantasia Gil vai se reposicionando frente a sua vida e vai voltando para a realidade. Esse é o grande mérito desse filme.  É a fantasia que  permite  a Gil enxergar aquilo que não quer ver e seguir seu desejo mudando o  rumo de sua vida.
Nessa história cabe ainda crítica à política do Tea Party e a prepotência americana representada pelo pai e pelo amigo pernostico de sua noiva.
È interessante perceber que Owen Wilson, ator que interpreta Gil parece ter incorporado Woody Allen no modo esquisito de ser, no tom da voz e nos trejeitos.
Esse filme é uma bonita homenagem de Woody Allen aos artistas ali retratados e a cidade de Paris, onde aquelas pessoas eram figuras fáceis nos cafés parisienses.



terça-feira, 21 de junho de 2011

Presente do G. Rosa

 Achei no email de Rachel:

" O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."
                                                  João Guimarães Rosa

sábado, 18 de junho de 2011

E vai rolar a festa.

A festa fora do jeito que planejara. Muitos risos e conversa fiada dessas que fazem bem para alma. 
Ali falaram do Chico, o Buarque. Não que o conhecessem. É que duas amigas presentes eram fãs ardorosas dele, ou de sua produção musical, sabe-se lá!
O assunto passou para os sites de relacionamentos da Internet. Encontros e desencontros foram relatados acompanhados de muita risadaria e alguns conselhos. 
Depois a canja do Conrado que trouxe  seu trompete e nos brindou com três músicas. Aliás a presença dele, suas irmãs, seu pai e sua mãe, amiga, "famosa", foi muito gratificante e  bem vinda.
A conversa corria solta e leve. Todos os presentes foram fundamentais para testemunharem a passagem do tempo, da vida  que flui, dos reencontros de  amizades eternas. Pura energia de vida.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Mãe é tudo igual.

28 Junho, 2006
Tirinha 193- de Quino postado no blog Clube da Mafalda



Tirinha 193

Ainda bem que o tempo passa.

Pensou em não dormir para não acordar um ano mais velha.
Depois pensou que isso tudo era bobagem que era melhor acordar mais velha e descansada após  uma boa noite de sono. 
Riu sozinha desses pensamentos malucos. Pensando bem dormindo ou acordada o tempo vai passar. Não tem como fugir disso. O tempo que passa é a única coisa realmente democrática que existe nesse mundo.
Riu sozinha quando pensou que chegara aos 5.7 com todos os dentes perfeitos. A geração de sua mãe nessa idade já usava dentadura.
Saiu para fazer exercícios. Estava um dia cinzento de Bélgica. Céu nublado e sol escondido. O mar continuava lá em movimento. Mar em movimento é sempre promessa de peixe, de diversão, de vida. Talvez por isso goste tanto da ilha em que mora. Ter o mar ali sempre pertinho é um privilégio. Viver, ter sonhos e saúde também. Tem mais é que agradecer a vida que tem. Por sua família, seus amigos e por tudo mais que conquistou. Bom isso de poder perceber que construiu caminhos. Ainda que, vez por outra, buscasse caminhos tortuosos ou, melhor dizendo, sintomáticos. Ainda bem que o tempo passa. Ainda bem!

 

sábado, 11 de junho de 2011

Dos filmes que eu vi: O Vencedor

O Vencedor é baseado em fatos reais e conta a história de Dicky Ecklund, ex lutador de boxe que teve seu momento de fama ao enfrentar em 1993 o campeão mundial  Sugar Ray Leonard em uma luta de boxe. Ele vence e passa a ser o orgulho de sua cidade.  Até ele se tornar viciado em crack e uma rede de TV americana ir até a sua cidade filmar sua decadência.

Essa fase da vida de Dick coincide com a época em que seu irmão mais novo Micky Ward, sonha em repetir seu feito e se tornar também um campeão de boxe. 
Micky  é treinado por Dicky que, na verdade, naquela época não tem a menor condição de ser seu treinador, de tão dependente do crack.
Micky é agenciado por sua mãe Alice, que só tem olhos para Dicky. 
Nesse ponto a narrativa ilustra bem o que acontece na vida cotidiana: quando uma mãe só tem olhos para um filho ela fica cega ao que, de fato, acontece na vida daquele filho que, normalmente, busca para si mesmo usar ou fazer coisas ilícitas do ponto de vista ético e moral.  Claro que essa postura materna só contribui para jogar mais e mais o filho preferido em escolhas que só prejudicam a ele próprio e aos que o rodeiam.
Outro ponto que nesse filme é bastante ilustrativo diz respeito ao grude familiar. A mãe subjuga todos os membros da família não permitindo que seus filhos tenham vida própria e se separem, minimamente, dela. Sabemos que crescer e se separar dos pais é a parte mais difícil e dolorosa que todo ser humano tem que enfrentar para se tornar um adulto. Essa situação começa a mudar quando Micky se apaixona por Charlene e com o apoio de seu pai, se separa, minimamente, do irmão e de sua mãe. Arranjando outro treinador e outro agente Micky passa a se colocar como desejante podendo correr atrás do seu sonho. Contribui para essa separação o fato de Dick ter sido preso.
Nesse ponto as duas narrativas se entrecruzam.  A luta de Dick na prisão para se desintoxicar e se libertar do vício do crack e a luta de Micky para se tornar um campeão. Muito bonita a cena em que Dicky percebe, ao assistir o documentário que fala de sua dependência à droga, o sofrimento de seu filho e é impulsionado a se livrar do crack
Adorei esse filme! Ele ilustra bem que o ingrediente necessário para todo sujeito se libertar da droga é o desejo e nos mostra ainda que  Dick só pode se colocar como desejante quando se livra do crack, interdita o gozo materno e se submete à Lei . 
Micky, por sua vez, só se coloca como desejante quando recebe a aposta amorosa de Charlene, que o separa, minimamente,  da mãe e do irmão, possibilitando que ele construa, de outro lugar, uma nova relação com eles.
Esse filme foi lançado em 2010  e foi dirigido por David O. Russell.
PS: esse filme pelo título é um filme que eu não faria nenhuma questão de assistir. Sabe aquela coisa de não vi e não gostei? É isso! Isso mostra como meu preconceito iria me impedir de assistir a uma excelente e bem contada história.



terça-feira, 31 de maio de 2011

Bolha

Existem várias formas de lidarmos com o mal estar que volta e meia nos acossa. O sintoma neurótico está ai para isso e cada um goza a seu modo com ele. 
Algumas pessoas preferem, sintomaticamente, negar o mal estar quando ele comparece e para isso criam bolhas imaginárias dentro das quais vivem uma realidade que não existe. 
Dentro da bolha todos são lindos, maravilhosos e perfeitos. Como se ali, naquele espaço, a agressividade, a rivalização e a inveja não existissem. Na bolha todos são bons, sensatos e cordatos. A ambivalência emocional passa longe e por fora.
O perigo dessas bolhas é o sujeito começar a acreditar nas histórias que ele conta. Mesmo que tais histórias, para os que vêem de fora, não batam com o que realmente acontece na realidade.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Conversa entre irmãos

A mãe passava dos noventa e ficara esquecida. Não reconhecia os filhos quando eles a visitavam.
Uma irmã conversando com o irmão sobre a importância de  visitar a mãe falou para ele:
"Ela já não sabe quem nós somos. Mas nós sabemos quem ela é."
Gostei muito desse dito.
Um filho ou uma filha sabem a importância de terem recebido os cuidados e o amor materno.
Ainda que seja difícil ver a mãe velhinha, esquecida e necessitando de cuidados,  não temos como fugir disso. 
A ordem natural e a única certeza que temos na vida é que um dia encontraremos a morte.

sábado, 21 de maio de 2011

Conversas vitais

Queria saber se praga de mãe pega. Sua mãe, em uma briga, rogara uma praga que nada daria certo em sua vida. Tomou isso como verdade e andava fracassando. O peso da palavra da mãe era enorme. Dar certo seria desobedecê-la. 
Ficou enredado nessa história e não ia para frente. 
Foi procurar alguém de sua confiança que o escutasse.
Sorriu aliviado quando se certificou que praga de mãe não pegava. 
No fundo ele bem que desconfiava disso mas precisava ouvir a confirmação do outro.
Deve ter saído da conversa de alma lavada. Aliviado. Podia ter sucesso e viver sua vida sem culpa.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Para inglês ver

Estampadas em todos os jornais de hoje está a foto do Bin Laden -  vivo - para falar de sua morte. 
Logo os americanos que quando prenderam e mataram Saddan Hussein mostraram o cidadão todo decrépito na cadeia e depois mortinho da silva: de frente de lado de cabeça para cima, para baixo. 
Vocês acreditam que eles não iriam fazer o mesmo com Bin Laden? Nenhuma foto dele morto ou prisioneiro. E  a história  de terem jogado seu corpo no mar em respeito as suas crenças!!! Guantanamo esta  aí para provar que essa história é surreal.
Eu cá do meu canto penso que  Obama anda com a popularidade tão baixa em seu país e no mundo que resolveu criar esse fato político.
Tudo é possível nesse mundo de Deus. 
Quando o homem pisou na lua pela primeira vez físicos, pesquisadores dos grandes Universidades e centros de pesquisa norte americana, duvidaram do fato e pediram os negativos das fotos publicadas para estudos. Vocês acreditam que a NASA afirmou que os negativos haviam desaparecido!! Os fisicos dizem que não existia naquela época tecnologia necessária para o homem descer na lua e que aquelas fotos foram montadas no deserto americano. Quem nos contou é um físico amigo nosso, com PHD e pós doc nos EUA.
Não apoio terrorismo ou fundamentalistas de direita nem de esquerda. Tampouco acredito que a morte de Bin Laden, se ele realmente foi morto, a vá acabar com o  terrorismo. Só  chamou minha atenção o fato dessa  morte ter sido anunciada com a foto do morto vivo.
Sonho que possamos viver em paz. Sem guerras,  sem fome no mundo e sem exploração de um país pelo outro. 
Termino cantarolando baixinho, para não atrapalhar John Lennon, Imagine.

domingo, 1 de maio de 2011

Os demônios de cada um.

Sabe essas coisas da vida que você tem certeza que deveria ter feito mas  que daria tudo para não precisar fazer? Essas coisas danadas que atormentam nossa alma e, que muitas vezes, envolvem terceiros, quartos e até quintos, todos pessoas queridas?
Quem já viveu isso sabe do que estou falando. 
Como é doloroso dar um basta no lugar de merda e gozo que muitas vezes ocupamos na relação com o outro.
Nessas horas uma Maria de Jesus que, na minha infância, me garantiu o céu ia  fazer um bem danado.
Pena que cresci e duvido que o céu realmente exista na forma que a religião promete.
Só me resta conviver com meus demônios interiores e sorver a angústia de ter escolhido não fingir que nada aconteceu.

domingo, 24 de abril de 2011

Delírio a dois

Eram duas irmãs e moravam duas casas depois da dele. Ele só as via quando elas saíam de casa para irem à igreja. Viviam isoladas do mundo. Pareciam se bastarem. Elas eram conhecidas pelos vizinhos  e muitas histórias se contavam a respeito delas. Diziam que elas nunca haviam dançado em uma festa, nem nunca haviam sido beijadas por um rapaz.
Hoje ele se pergunta se elas gostavam de homens ou  de alguma outra coisa que não fosse a fantasia das histórias que criavam. Como eram boas as histórias que escreviam. Nelas a sexualidade recalcada aparecia e, como Cinderelas, dançavam com príncipes e se dissolviam em ácidos corrosivos assim que o relógio batia meia noite.
As histórias que escreviam não eram histórias de assombração. Ainda assim assombravam aquele rapaz, que se sentia coagido a ler tais histórias, depositadas em sua caixa de correio e endereçadas a ele. 
Era difícil para ele entender por que aquelas moças talentosas vivam trancafiadas em casa como se fossem prisioneiras. Pensando nelas sempre se perguntava se existia prisioneiro sem crime. Gostaria de saber porque elas se castigavam assim se isolando do mundo.  Para essas perguntas ele não tinha respostas.
Hoje passado uns bons anos e olhando para trás entende que as duas irmãs não conseguiam viver uma sem a  outra. Pareciam irmãs siamesas. Só que no caso delas nenhuma operação era possível, já que não se tratava de separação de corpos.
Sempre que volta a sua cidade natal ainda escuta algumas história das vizinhas, hoje duas senhoras. Dizem que atualmente elas escrevem menos, bebem mais e estão cada dia mais isoladas do mundo. Dizem também que a casa aonde moram está caindo aos pedaços e que elas só se movem para desviarem seus corpos do reboco que cai. Que se movem cada dia mais devagar. Que falam pouco. Quando uma começa uma frase a outra termina. Como se fossem uma só pessoa em um delírio a dois. 


quarta-feira, 20 de abril de 2011

Conversa de elevador

Eram vizinhas e cordiais uma com a outra. Sempre trocavam algumas palavras quando se encontravam no elevador e nas áreas comuns do prédio aonde moravam. 
Outro dia ao se encontrarem no elevador uma perguntou a outra sobre uma tia, que morava com ela. Era uma Sra de 92 anos, doente. Essa tia ficara viúva e, como não tinha filhos, fora morar com a sobrinha.
- Titia? Ela deu um sorrisinho e continuou. 
- Ela está bem. Ela sempre foi doente. Sempre levou a vida gemendo. Sofria disso e daquilo e  o marido ali cuidando. Ele, o marido, nunca tinha tido nada até enfartar e morrer. Ano passado titia quebrou a clavícula operou e  está  aí andando de novo. Ela vai longe . Os meninos lá em casa a chamam de highlander!!
Tem gente assim mesmo. Passa a vida gemendo e vai levando, vai gozando a vida, ou da vida, sabe -se lá!. Outras pessoas, saúde perfeita, às vezes morrem sem nem mesmo ter tido tempo de gemer.
Melhor assim, penso cá com meus botões. Pudesse eu escolher um jeito de morrer seria assim: sem nem ter tempo de gemer. 
Mas da morte nada sabemos. Portanto é melhor deixarmos a morte em paz e nos ocuparmos de cuidar  de vivermos o melhor que pudermos com as pessoas que nos são queridas.
 

terça-feira, 19 de abril de 2011

Torta de acelga e parmesão

Acabamos de almoçar essa torta hoje e foi aprovadíssima. Só que ao invés de usar acelga usei espinafre e ficou muito gostosa.
Tirei essa receita do livros de Patrícia Wells "TRATORIA"
A receita da massa é bem simples. É rápida e não dá errado.
Segundo a autora é uma receita mediterrânea com azeite.

Massa.

- 1  xícara de chá de trigo.
- 1/4 de colher de chá de sal
- 1/4 de xícara e chá de água
- 1/4 de xícara de chá de azeite

Recheio

- 2 maços de folhas acelga ou espinafre batidinho - com a faca mesmo.
- sal e pimenta do reino a gosto
- 3 ovos 
- 1 xícara de chá de queijo parmesão ralado. A autora sugere o italiano. Penso que pode ser o gran formagio, nacional mesmo, que é muito bom

Modo de fazer: 

Em uma tigela misture o trigo e o sal. 
Acrescente água e o azeite. Misture tudo com as mãos. A massa fica compacta. 
Forre uma travessa ou forma dessas que solta o fundo de 27 cm. Forre só o fundo não precisa encher as laterais da forma de massa.

Recheio: 
Coloque as folhas de espinafre ou acelga, já cortadas e lavadas, numa frigideira funda com sal e pimenta do reino por 3 minutos para a folha murchar e secar a água, que solta dela mesma.
 Se fizer a o recheio de espinafre acrescente um pouco de manteiga assim que desligar o fogo.  ( Isso é por minha conta, pois vi num desses programas de chefes da GNT que espinafre vai muito bem com manteiga)
Em uma travessa misture os ovos, o queijo ralado  e acrescente a folha. Prove o tempero e se precisar ponha mais um pouquinho de sal e pimenta do reino. Jogue e espalhe por cima da massa.

Colocar para assar em forno pré aquecido a 190 graus, por mais ou menos 45 minutos, até o recheio ficar  ligeiramente dourado e firme. 
Ah, eu fiz a minha receita integral então dividi a xícara de trigo metade branco e metade integral, ficou bem gostoso.

Acompanhei essa torta com um salada  de folhas, tomates, palmito e cenoura ralada.
Cai bem em um lanche da tarde também. Quer testar? 
Bom Apetite!






domingo, 17 de abril de 2011

Dos filmes que eu vi: INVICTUS

Invictus,  narra a parte da história da África do Sul, pós apartheid. 
Nelson Mandela, ou Madiba, nome do Clã da família de Mandela e forma como ele é carinhosamente chamado por seus partidários, é eleito presidente e terá que liderar um país divido pela cor da pele. 
Como não transformar o país em um apartheid de negros, raça que ele representa no poder e que é a maioria esmagadora da população? 
Como transformar o país em uma nação? Esse era ao mesmo tempo o projeto político de Mandela e seu grande desafio.
Invictus narra uma pequena parte desse desafio através do uso político que Mandela fez do Rugby, esporte praticado pela elite branca e odiado pela maioria negra do país, que desejava mudar o nome do time que representava o país e as cores de seu uniforme.  
Mandela percebe que os brancos se identificam com esse time e reverte esse quadro com muita sabedoria. Ele passa então a priorizar o rugby, como um assunto político importante. Com esse intuito ele convida o capitão da seleção de Rugby para um chá. 
O que assistimos a partir daí é a mudança que um grande homem pode provocar em quem está ao seu redor e as repercussões disso na nação africana.
Esse filme é uma aula de política, além de ser uma história muito humana e pessoal. 
Mandela aparece na história com toda a complexidade de qualquer ser humano. Ele, por um lado, enfrenta dificuldades em suas relações afetivas e familiares e, ao mesmo tempo, é mostrado como o grande líder político que é.
Muito interessante a estratégia de Mandela para quebrar a rejeição da população negra à seleção de rugby. Ele cria um Projeto com um slogan "Um time, um país" no qual determina que a seleção nacional vá às favelas negras ensinar as regras básicas do rugby para as crianças e os adolescentes. Se por um lado esse projeto aproxima a população negra do rugby, por outro, faz com que a elite do país, representada pelos jogadores, conheça as péssimas condições de vida da população negra.
Clint Eastwood é o diretor desse filme que vale a pena ver e rever sempre.

Segue de brinde a poesia que, segundo o filme, ajudou a Mandela em seu piores momentos nos 30 anos em que foi preso político em seu país.

Autor: William E Henley
Tradutor: André C S Masini
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

Copyright © André C S Masini, 2000
Todos os direitos reservados. Tradução publicada originalmente
no livro "Pequena Coletânea de Poesias de Língua Inglesa"

quarta-feira, 30 de março de 2011

Dos filmes que eu vi: A Vida dos Outros

A Vida dos Outros (2006)  narra uma história "comum" e recorrente, em qualquer país que vive uma ditadura política, seja ela de direita ou de esquerda, que é a criação de uma polícia especial para vigiar a vida do cidadão suspeito de ser contra o regime político do país.
No caso do filme se trata de uma ditadura de esquerda, já que a história se passa na Alemanha Oriental na década de oitenta.
A narrativa nos mostra como essa polícia especial muitas vezes é utilizada para atender aos interesses pessoais daqueles que ocupam cargos no aparelho do Estado.
O que essa história tem de diferente e que a torna especial aos meus olhos de espectadora, é o fato de que o policial, que vigia o mais conhecido dramaturgo do país, vai mudando  seu olhar e o seu modo de entender e de se colocar diante da vida, ao vigiar o  cotidiano do outro. 
O vigiado funciona como um espelho através do qual o policial revê sua vida e seus conceitos políticos ideológicos e muda seu modo de olhar e estar no mundo.
Como consequência dessa mudança ao invés de mandar prender o vigiado ele passa a protegê-lo.
Contribuem para essa mudança  o contato que o policial passa a ter com a música, com o teatro e com o texto de Brecht, livro que ele rouba do outro. 
Outro fator que contribui para a mudança do policial é o fato dele, ao  assistir como um voyeur a vida do outro, perceber que ali pulsam sentimentos até então desconhecidos para ele, policial fiel e  devoto ao regime político, que vive para o trabalho e não tem vida própria. O dramaturgo, ao contrário, para além de seu trabalho,  tem uma companheira, tem amigos e sonhos. Ele e seus amigos arriscam a perderem a liberdade e o direito de exercerem a profissão por denunciarem, fora de seu país, o regime político opressor.

Outro fator que merece destaque para mim  é o fato do policial, que até então era um torturador, especialista em interrogar e quebrar a resistência de um preso, mudar de lado e escolher mostrar seu lado bom. Naquele caso específico a mudança operada no policial foi tão radical que ele mudou de lado. Ao invés de ser o algoz do vigiado escolhe  salvar sua vida. Essa escolha tem um preço bastante alto pois ele perde sua patente.
É um filme que gostei muito de ter visto. O ser humano está ali retratado em toda a sua complexidade como um  ser ambivalente, inacabado e mutável.
Esse  filme foi escrito e dirigido  por Florian Henckel von Donnersmarck, um roteirista e diretor novo que promete histórias bem contadas e bem dirigidas.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Dos filmes que eu vi: Incêndios

Incêndios é um filme franco canadense de 2010, que vem atualizar o mito de Édipo.
A história, que é muito bem contada, é narrada em dois tempos. Passado e presente. Passado da mãe que acaba de morrer e cujo testamento obriga a seus filhos, um casal de gêmeos, a partirem em busca do passado materno pleno de fatos, até então, desconhecidos do passado de ambos.
Na narrativa  o rapaz nada quer saber sobre isso. Sua irmã sim. Ela  é matemática e para continuar a exercer sua atividade profissional é aconselhada por seu mestre a partir em busca de seu passado. E é o que ela faz.
Achei bonita a relação que o mestre faz entre a matemática pura e a busca de entender o real. O real é algo que tira o chão do sujeito quando emerge e se impõe no cotidiano, até então mais ou menos arranjado, do sujeito.
As revelações do testamenteiro são da ordem do real.
Buscando atender a demanda materna a irmã parte para Palestina para encontrar um irmão desconhecido e um pai que acreditavam morto. Só depois dessa busca ter sido bem sucedida eles poderiam colocar uma lápide no túmulo da mãe.
O que se segue a partir daí são pequenas  histórias, pequenos recorte de real, com subtítulos que  retratam diferentes épocas da vida da mãe, que vão sendo conhecidas pela filha.
A narrativa é muito bem feita. Assistimos ao mesmo tempo fatos que a filha vai descobrindo  e o mesmo fato sendo vivido pela mãe.
Essa forma de contar a história é interessante porque nos mostra que o que a filha descobre é sempre parte da experiência vivenciada pela mãe. Algo do vivido pela mãe sempre escapa uma vez que a filha tem acesso ao passado da materno por terceiros, através de relatos de outras pessoas.
As  historietas narradas são repletas de preconceito, morte, vingança, horror, determinação, tortura, incesto, dor. Verdadeiros incêndios. Tudo feito em nome de Deus!
O horror presente no mito do Édipo é atualizado na história da mãe. Ela uma mulher que enfrentou a vida com determinação e ousadia, cantando para se manter viva e livre na prisão não suporta descobrir, nos pés marcados de seu filho que lhe foi tirado ao nascer, o rosto de seu torturador. Frente a esse saber ela prefere a morte.
A excelente direção é de Denis Villeneuve.
Esse filme com certeza não pode ser recomendado para as pessoas que entendem que cinema é só entretenimento. 
PS: Achei bem interessante a filha ter ido tão longe para  tentar encontrar alguém que estava tão perto.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Dos filmes que eu vi: Cisne Negro

Com a aposentadoria eminente de Beth, a primeira bailarina do grupo se estabelece uma disputa entre as bailarinas que almejam ocupar esse posto.
Nina, uma bailarina jovem e perfeccionista, deseja muito ocupar o lugar e dançar como Beth, bailarina a quem ela admira e com quem se identifica. Para conseguir o papel ela tem uma rival Lily que, do ponto de vista técnico,não é tão boa quanto ela, mais tem as caracteristíscas que o diretor do grupo considera serem fundamentais para o posto de primeira bailarina. Ela é que é mais solta e mais ousada que Nina.
Lily e Nina são rivais. A primeira almeja dançar com perfeição como a outra. E a segunda almeja a liberdade, a brejeirice e a ousadia da outra.
Lutando com todas as suas forças para ser a primeira bailarina de seu grupo Nina  trava uma violenta guerra especular com essas duas bailarinas, Lily e Beth, com as quais ela se identifica. Na verdade essa guerra  é uma interna e imaginária que põe em cheque  quem Nina é e quem ela busca ser. As duas bailarinas, que são seu objeto rival funcionam como um espelho e ela deseja ser como elas. Essa identificação imaginária é agressiva e amorosa ao mesmo tempo. Como sair dessa identificação imaginária e fazer uma síntese subjetiva das mudanças que vão ocorrendo em sua vida?
Nina é escolhida a primeira bailarina. Para dançar - interpretar -, o papel desejado do cisne branco e negro Nina terá que crescer e amadurecer, como pessoa e como artista. Essa é a mais difícil batalha que ela irá enfrentar, pois é uma luta que ela terá que travar consigo mesma, para amadurecer enquanto bailarina e se libertar das garras de sua mãe.
Até aonde vai a realidade de Nina, com tudo o que ela  vivência das rivalidades, ciúmes, olho gordo, disputas e  puxadas de tapete, que acontecem em toda relação de grupo e até aonde se misturam seus fantasmas inconscientes?
Para se manter no posto de primeira bailarina ela terá que sair do lugar de quem é seduzido e passar ao lugar de quem seduz. Uma bailarina, para ser reconhecida, tem que seduzir o público.
Para voar no papel do Cisne Negro, Nina precisa sair debaixo das asas de sua mãe, que a trata como criança. Ela precisa sair do lugar de filhinha "meiga" e manipulada por sua mãe e se tornar mulher.
Para fazer essa passagem Nina rouba objetos que encontra no camarim de Beth, que passa a ser também seu e se deixa levar pelas loucuras de Lily. 
Como fazer essa mudança incorporando traços das duas bailarinas sem deixar de ser ela mesma? Como passar dessa relação especular, imaginária, para uma relação simbólica, única possibilidade de saída  sem destruir o outro e  sem quebrar o espelho que o semelhante representa? Quebrar o espelho e matar o semelhante significa encontrar a morte. O sujeito precisa do outro para se reconhecer e para saber de si.
Pulsão de morte e pulsão de vida se misturam o tempo todo nessa narrativa e nos mostra como a pulsão de morte pode ser criativa, ainda que não seja sem consequências. 
Essa mudança de lugar  subjetivo não se dá sem sofrimento para Nina. Realidade e fantasia se misturam de uma forma muito bonita do ponto de vista cinematográfico demonstrando a luta interior que é travada por Nina.
Gostei muito do papel do diretor do grupo de balé. Ele convoca e provoca Nina para que ela deixe emergir sua agressividade e a sensualidade recalcadas, sem exigir que ela se deite com ele em troca do papel. Ele faz uma aposta  no talento e no amadurecimento de Nina como bailarina.
Toda a história do filme tem como pano de fundo a rivalidade que existe em todo grupo sempre que um de seus membros almeja ter o lugar que ele supõe que o outro, com quem ele se identifica e rivaliza, tem. Na história narrada essa rivalização é favorecida pela disputa pelo posto de primeira bailarina do grupo que será a rainha dos cisnes. Nessa disputa tem sempre um jogo, algumas vezes perverso, que acontece de fato entre os componentes do grupo que disputam chamar a atenção daquele que ocupa o lugar de líder do grupo. Essa luta favorece a emergência dos fantasma de Nina que passa a confundir realidade e fantasia.
Essa guerra especular, graças a direção de Darren Aronofsky  e a interpretação de vários artistas, se transforma numa guerra espetacular.
  

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Dos Filmes que eu vi: O Ciúme Mora ao Lado

O "Ciúme Mora ao Lado" é uma comédia finlandesa , dirigida por  Mika Kaurismäki.
A narrativa do filme mostra como as questões que atormentam os seres humanos, quando as questões de sobrevivência não estão em primeiro plano, são as mesmas, independente do nível de desenvolvimento do país aonde ele viva. 
O filme narra a história de um casal finlandês que está se separando e  ainda moram na mesma casa. A casa em que moram  é uma casa dessas que todos sonham ter. Ainda assim a  história nos mostra o quanto o ser humano é um bárbaro quando se trata  de suas relações afetivas mais próximas.

Muitos temas importantes são abordados nessa comédia. 
Vou destacar alguns que chamaram minha atenção:
- O aborto, pano de fundo dos desentendimentos do casal. A história mostra que por detrás do desejo de ser pai ou ser mãe estão recalcadas questões que dizem respeito às relações parentais de cada sujeito.
- O enigma sobre os motivos que levam um pai ou uma mãe a abandonar seus filhos pequenos.
- A prostituição, ligada à droga, ao roubo e ao crime. O fato de as prostitutas serem em sua grande maioria,  mulheres dos países da antiga União Soviética.
 - Os desencontros na vivência da sexualidade.
- A diferença de salário da rede de serviço público e da rede privada.
- A relação com a vizinhança. Um vizinho é um vouyer, assiste a tudo o que se passa na casa ao lado.
- A polícia, sempre atrasada, em relação aos criminosos.

È um filme que vale a pena assistir pois mostra como a felicidade plena  não existe. 
Mostra ainda que o ser humano, independente do estado de desenvolvimento do seu país, é dividido, é acossado, pelo  desconforto de ter que lidar com as dificuldades inerentes a sua fantasia, com as suas questões psíquicas, que determinam a relação que ele estabelece consigo mesmo e com os seus semelhantes.