quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Ano novo: tempo de renovarmos nossas esperanças


Amanhã outro ano se finda.
Começa uma nova contagem de um mesmo tempo.
Dias e noites se alternam em um novo calendário.
Todavia fica tudo diferente uma vez que refazemos nossos planos e relançamos nossas esperanças. Isso muda tudo. Faz renascer a vida.
Acredito que nós, seres humanos, somos seres de esperança e de sonhos. São eles que alimentam nosso espírito. Que fazem nosso olhar brilhar. Sem brilho no olhar não existe vida.
Desejo a vocês um olhar brilhante em 2010.
Termino pegando emprestado o texto de Mário Quintana, que recebi de minha cunhada Carime, enfeitado por flores de uma Ipoméia Rosa do nosso jardim.

"O Ano Novo ainda não tem pecado:
É tão criança...Vamos embalá-lo...
Vamos todos cantar juntos em seu berço de mãos dadas,
A canção da eterna esperança."
Feliz Ano Novo !!!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Um conto de natal

Era ainda criança pequena quando Maria descobriu que Papai Noel não existia.
Filha mais nova de uma dezena de filhos de um casal, essa descoberta fora antecipada graças às traquinagens de seus irmãos mais velhos.
Seu pai era um atacadista autônomo. Para abastecer seu atacado ele viajava para São Paulo. Lá ele comprava diversos bens de consumo que eram revendidos nesses pequenos armazéns, que vendem de tudo um pouco, que existem nos lugarejos do interior de nosso país.
Sempre, antes de fazer a última compra do ano, ele levava os pedidos de presentes de natal de seus filhos, que eram comprados com as demais mercadorias que abastecia seu atacado.
Assim que chegavam as mercadorias compradas as enormes caixas eram abertas e descarregadas por seus filhos para abastecerem as prateleiras do atacado do pai.
Todavia, perto de Dezembro, sempre uma caixa enorme ficava fechada e seus filhos não tinham acesso a ela.
Um belo dia o irmão mais velho de Maria chamou os outros irmãos e disse que na caixa fechada estavam os presentes de natal.
Assim que os pais saíram eles subiram no atacado, que ficava no andar de cima da casa onde moravam, abriram a caixa. Lá estavam todos os brinquedos que eles iriam ganhar no natal!
Cada um recebeu o brinquedo que havia pedido e todos brincaram.
Perto da hora dos pais voltarem eles guardavam tudo na caixa e a fechavam, como se nada houvera acontecido.
Assim foi feito até na véspera de natal.
Quando na noite de natal os pais foram distribuir os presentes alguns já estavam até quebrados. As crianças não receberam seus presentes de natal.
A partir de então no natal passaram a ganhar só presentes úteis: roupas, calçados, etc e o natal foi perdendo a graça para a criançada daquela família.
Maria, porém, era salva pelo presente de sua madrinha de batismo que, a cada natal, lhe dava um jogo ou um brinquedo interessante.
Passaram-se vários anos e o irmão mais velho de Maria foi morar e trabalhar no Rio de Janeiro.
Quando ele era ainda solteiro, sempre no natal, que ele passava com sua família, ele trazia ótimos presentes para seus irmãos.
E Maria? Maria cresceu e se tornou madrinha. Dessas que a cada natal presenteia seus afilhados com jogos e brinquedos.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Já é natal.

O Natal está chegando e só se fala nisso.
Estamos aqui, Roberto e eu, no sul da Bahia.
Os filhos crescem e tomam seus rumos A vida é mesmo feita de temporalidades diferentes. Agora é tempo dos nossos filhos correrem atrás de seu próprio sustento. Já fizemos isso também. Hoje ainda trabalhamos. Todavia o já construído nos possibilita nos darmos ao luxo de umas boas férias. Digo darmos ao luxo pois, como sabemos, a maioria da população brasileira nem sabe o que é isso.
O fato é que, nesse natal sem filhos, já fomos adotados pela família Falcão-Faria, onde iremos passar a noite de natal.
Nossa filha também já foi adotada por familiares de seus amigos, em nossa cidade.
Já nosso filho, que mora no sul maravilha, continua sem convites.
Interessante observamos a diferença da colonização incidindo nas relações humanas.
Algumas culturas, no que diz respeito às relações sociais, são mais abertas e solidárias que outras. Estabelecer relações sociais e ser acolhido para o natal na família de outrem é mais difícil no sul do Brasil, do que no sudeste e no nordeste. Essas afirmações são todas baseadas no senso comum. Mais que isso, no coração de uma mãe, dessas de descendência italiana, que fica aflita em pensar na possibilidade de seu filho, já bem crescido, é bom que se diga, passar a noite de natal sozinho em sua casa.
Feliz Natal para tod@s e todos que me lêem.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Algumas lembranças risiveis de meu pai

Meu pai, Seu Milton, tinha um lado muito engraçado.
Ele tinha um jeito muito peculiar de se expressar que nos fazia rir bastante. Escondido é claro! Se ele percebesse era uma bronca na certa.
Algumas de suas histórias nos fazem rir sempre que nos lembramos delas.
Vou dividir algumas dessas minhas lembranças com vocês.
Eu era criança e devia estar vivenciando o complexo de édipo, época em que, nós mulheres, achamos nosso pai o máximo. Meu pai havia estudado até a quarto ano do curso primário. Fato comum para as pessoas nascidas em 1922, que era mais ou menos época em que ele nasceu. Época em que, no Brasil, o acesso à escola não era para todas as crianças e adolescentes que muito cedo ingressavam no mercado de trabalho.
Todavia meu pai era muito inteligente e autodidata. Ele lia bastante, fazia cálculos de cabeça, o que me deixava bastante orgulhosa de ser sua filha.
Hoje penso que ele gostaria de ter estudado mais. Ele sempre brincava comigo dizendo que era doutor. Criança, vocês sabem, acredita em tudo que o adulto diz. Eu acreditava nele.
Uma ocasião nossa casa estava sendo pintada pelo Sr. Tarcílio. Ele era um Senhor simpático que me dava assunto e criança adora quem lhe dá assunto, não é mesmo?
Em uma de nossas conversas resolvi contar vantagens de meu pai, coisa que criança faz sempre também e me sai com essa:
- Seu Tarcílio o Sr. sabia que meu pai é doutor? ele morreu de rir.
- Doutor nada, Ângela. Ele retrucou.
Eu muito ingenuamente expliquei:
- É sim Seu Tarcilio. Papai é formado na estrebaria de Coimbra.
Ele morreu de rir e contou para o meus pais e irmãos.
Fui motivo de gozação por um bom tempo em minha família.
É que meu pai, brincando, me dizia que ele era Doutor formado na estrebaria de Coimbra.
Eu acreditava piamente nele e me orgulhava muito de seu título.

Das mentiras que contamos para agradar o outro.

Tenho experimentado muita coisa engraçada desde que inaugurei esse blog.
Num primeiro momento, assim que afrouxei meu super ego e me permiti escrever, fiquei desejosa de saber a opinião dos possíveis leitores.
Claro que as primeiras vítimas sempre são nossos parentes e amigos. Avisei a tod@s e a todos da existência do meu blog.
Passou-se um tempo de silêncio. Depois algumas pessoas começaram a postar comentários no blog ou a tecerem seus comentários por email.
Gozado é que pessoas que nunca entraram no blog me mandam email dizendo que o visitaram, mais que isso, que estão acompanhando o que escrevo. Porém com os recursos instalados no blog posso ver de onde são meus leitores. E a cidade dessas pessoas não aparece.
Moro de rir e me lembro das muitas mentiras que volta e meia contamos para agradarmos aos outros.
Nesse caso específico cabe dizer que tais mentiras confirmam o ditado popular: tem pernas curtas!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Coisas da vida: chega ao fim um bom ano

Está chegando o natal e as festas de fim de ano. Nessa época é comum fazermos um balanço da vida. Cá estou fazendo o meu.
Gostei do que vivi no ano que está acabando. Tanto do ponto de vista de realizações pessoais quanto do ponto de vista político.
Do ponto de vista político acho que esperei uma crise econômica sem precedentes e o que ocorreu foi a tal "marolinha", prevista pelo nosso presidente e tão criticada pela midia. Claro que continuamos a contar tostões e a política economica sempre favorece quem tem mais dinheiro.
Mas confesso que ando feliz com os rumos que nosso país vem tomando.
Sou a favor do bolsa família. Uma situação de miséria degrada o ser humano e sua família.
Não se consegue sair da miséria sem auxilio econômico efetivo. E cabe ao Estado Brasileiro prestar esse auxilio.
Esperava mais do governo Lula, no que diz respeito ao enfrentamento das questões sociais. Admiro a independência do governo brasileiro em relação ao governo Americano na condução de sua política externa. Sempre achei que o que é bom para os USA quase nunca é bom para o Brasil, e para os países de terceiro mundo.
Na área de educação o atual governo deu uma lufada de oxigênio nas Universidades Federais, que vinham morrendo a míngua: autorizou concursos para contratação de professores, aumentou salários, que estavam baixíssimos, e criou mais um quadro no plano de carreira dos docentes. Claro que tem ainda muito o que fazer. Sempre terá.
Falando do governo Lula gostaria de finalizar dizendo que chama minha atenção a raiva de algumas pessoas contra a pessoa do atual presidente. É uma raiva enorme e indignada.
Leio essa raiva como um ódio frente a transgressão do Lula que ousou mudar de classe social. Como pode um torneiro mecânico chegar a presidente do Brasil? Ainda mais sem ter se garantido em um curso superior?
Essa raiva pode ser lida de outra forma também. Frente aos infortúnios de sua vida pessoal, algumas pessoas esperavam em LULA a salvação. Como não existe mágica na condução da vida política do país, nem Lula é milagreiro, o Estado Braslieiro é o que é :fruto dos desmandos políticos de séculos. Para mudar isso não bastam dois mandatos. Soma-se a isso a comodação da população brasileira que não leva para a vida política a sabedoria que tem para organizar carnavais e torcidas.
Claro que em política, como na vida, não existem santos. Todos temos nossos próprios demônios que nos atormentam.
Meus demônios teem andado meio adormecidos. E termino o ano bem contente.
Fora as rugas e os quadris que estão mais largos tenho gostado bastante maturidade que vem com a idade. Para mim tem o significado de liberdade de viver, escrever e ir remando pela vida.
Alguns assuntos como política, futebol e religião são polêmicos sempre. Ninguém é obrigado a concordar comigo. Só estou dando o meu ponto de vista.
Claro que com isso corro risco de perder leitores, que devem chegar a meia dúzia. Paciência!Fazer o quê!? Ninguém é obrigado a gostar do que escrevo e de concordar comigo.
Acho que por isso gosto de cozinhar: uma comidinha bem feita ativa as papilas gustativas de todos os comensais e a boa mesa é sempre um fator de união entre as pessoas.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Dos filmes que eu vi: Cinema Paradiso

Cinema Paradiso é um filme italiano de 1988, que revi recentemente. É um filme belíssimo do diretor Guiseppe Tornatore. Esse filme é uma homenagem ao cinema e a vida.
O filme conta a história a partir das lembranças de Salvatore de sua infância, adolescência, e de seu amor pelo cinema.
Todo filme se passa em uma pequena cidade da Sicília, logo após a Segunda Guerra Mundial, época em que não havia televisão e o cinema era a grande diversão da população da cidade.
A história gira em torno da vida da relação de Totó, apelido de Salvatore, com Alfredo, projetista da cidade.
Totó é um menino muito vivo e esperto que perde o pai na Segunda Guerra Mundial.
Como todos os moradores da cidade ele adora cinema.
Porém o que realmente o fascina é o que se passa na sala de projeção de um filme. Lá ele pode, dentre outras coisas, ver todas as cenas já censuradas pelo pároco da cidade.
Em suas idas e vindas à sala de projeção ele estabelece uma relação afetiva, nos moldes de uma referência paterna, com Alfredo. Observando atentamente a forma como este executa sua função Totó aprende o ofício de projetista.
Após um acidente Alfredo fica impossibilitado para o trabalho e Totó se torna, o projetista da cidade.
Ao entrar na adolescência Totó se apaixona por uma moça rica e é frustrado na realização desse amor pelo pai da moça. Desiludido ele se muda para Roma e se torna um diretor de cinema reconhecido.
A morte de Alfredo o obriga a recordar toda sua vida e o leva de volta a sua cidade natal, que ele não visitava fazia 30 anos.
Lá ele assiste a implosão, pela prefeitura, do Cinema Paradiso, que é uma metáfora das mudanças ocorridas na vida dos moradores da cidade.
Algumas cenas chamaram minha atenção.
A praça da cidade é, no inicio do filme, do povo e do louco, esse totalmente integrado à vida da comunidade. Essa mesma praça, no fim de filme, é toda ocupada por carros.
As viúvas que perderam o marido na guerra. Os filhos sem pais.
A simplicidade do cotidiano dos moradores.
A escola que segrega e castiga os atrasados.
O poder da igreja na censura dos filmes.
A mãe que descarrega em Totó suas dificuldades e frustrações.
O lugar privilegiado reservado para as autoridades ou os ricos no cinema.
A medida que Alfredo, depois Totó, projetam filmes assistismos não só a história do cinema, em diferentes tempos, como também a magia que o cinema que provoca nos expectadores.
A plateia é parte da narrativa com sua alegria, risos e choros.
A história é excelente, assim como sua trilha sonora.
Eu diria que Cinema Paradiso é um desses filmes que, sempre, vale a pena ver de novo.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Por um natal mais humano.


Dezembro é tempo de natal, época de luzes, flores e promessas de vida.
A cidade aonde moro já está toda enfeitada na orla e nos bairros por onde ando.
As tardes de verão convidam a um passeio no calçadão sentindo a brisa do mar.
O horário de verão, que retarda o anoitecer, nos engana e nos convida a vivermos mais um pouco a cada dia.
Foi, há alguns anos atrás, em uma dessas tardes lindas de dezembro, ao voltar do trabalho, que me deparei, pela primeira vez, com um homem puxando uma carroça. Ele catava papel, garrafa pet, vidros e outros materiais recicláveis nos lixos e saía, como um animal, puxando uma carroça lotada com o material que ele estava coletando.
Aquela cena me causou muito mal estar e indignação.
Aquele foi o primeiro desses catadores de papel que encontrei.
Muitos outros continuam pelas ruas da cidade durante todos os meses do ano. Eles passaram a fazer parte da paisagem urbana, que reflete as desigualdades sociais de nosso país.
Como o natal é tempo de esperanças e sonhos, um sonho recorrente sempre me retorna. É o sonho de um Brasil menos desigual, com trabalho digno para todos os brasileiros.
Nesse dia as tardes de dezembro serão mais iluminadas, a brisa do mar mais fresca e as flores serão mais coloridas e perfumadas.
Procuro fazer uma pequena parte para que um dia esse meu sonho se torne realidade. O que faço é um gota dágua no oceano.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Esfirra da Lúcia

Essa é outra receita da culinária árabe, que remonta as descendência de Roberto, meu marido.
Acho a comida árabe deliciosa e ter aprendido algumas receitas de Dona Maura, minha sogra, agradou a todos aqui de casa.
Essa esfirra quem me ensinou foi a Lúcia, minha cunhada, que aprendeu com a mãe, que aprendeu com a sogra, que nem sequer falava português,...
Só nessas duas frases acima citei quatro famílias nas quais essa receita já circulou. Para cada uma dessas familias multiplique pelos seus descendentes, só para termos uma idéia do quanto é fantástico trocarmos receitas. Trocar receitas significa trocar histórias, trocar sabores, costumes.
Cozinhar é isso! Agregada a determinada receita vai o modo de ser de um povo, de uma cultura. Cada receita é parte desse universo simbólico que antecede a cada bebê que nasce. Ele já nasce imerso em uma determinada cultura, língua, sentindo aromas de certos temperos, que já vai lhe despertando o paladar.
Sintam o cheiro e o sabor dessa esfirra!
ESFIRRA DA LÚCIA
INGREDIENTES DA MASSA
  • 1/2 kg de farinha de trigo branca
  • 1 ovo
  • 1 colher de sopa de açúcar
  • 1 colher de chá de sal
  • 2 colheres de sopa de manteiga
  • 2 colheres de sopa de óleo
  • 2 tabletes ou duas colheres de sopas de fermento de padaria
  • 1 xícara de leite morno
MODO DE FAZER
Desmanche o fermento em um pouco do leite morno e farinha. Deixe descansar cinco minutos. Acrescente os outros ingredientes até ficar no ponto de massa de pão. Sove a massa. Coloque uma bolinha de massa em um copo de água: quando ela subir a massa estará no ponto para ser aberta e recheada.
Abra a massa com um rolo de madeira - não a deixe fina demais senão o recheio vaza.
A esfirra pode ser feita aberta ou fechada.
Aberta ela é redondinha, como pequenas pizzas - com a borda alta, para o recheio não cair. Fechada ela é cortada em triângulos, que depois de recheados são fechados como pequenas trouxinhas.
RECHEIO
  • 700 gramas de carne moída
  • 1 cebola grande batidinha
  • salsa, cebolinha
  • 1 tomate - sem pele picadinho
  • sal a gosto
  • 1 limão.
Misturar tudo muito bem e rechear as esfirras.
Assar em forno quente. Assa rápido. Irei observar o tempo de depois acrescento aqui.
Guardar em uma vasilha tampada e forrada com um pano de prato para que ela fique bem macia.
É uma excelente opção para um lanche.
Deu água na boca?

sábado, 5 de dezembro de 2009

Dos filmes que eu vi: A Rosa Púrpura de Cairo

A Rosa Púrpura de Cairo é um filme dirigido por Woody Allen.
A história se passa em um lugarejo, no interior dos Estados Unidos, na época da grande depressão da economia americana.
Cecília, a personagem principal, é uma garçonete apaixonada por cinema.
Para sobreviver a um casamento no qual o marido a explora e maltrata Cecília se refugia na fantasia dos filmes românticos que assiste.
Tendo ido repetida vezes assistir ao mesmo filme em cartaz no pequeno cinema de sua cidade, ela é notada pelo personagem que faz o papel de um arqueólogo. Tom Baxter sai da tela para viver um romance com ela.
Tal atitude paralisa o filme e os demais personagens ficam sem saber o que fazer, já que as cenas se misturam, ficando impossível finalizar o filme.
A plateia pede o dinheiro de volta.
Acionados pelo dono do cinema, os executivos de Hollywood entram em pânico pelo prejuízo que poderão ter caso isso se repita em outros cinemas. Eles tentam, a todo custo, fazer o personagem voltar para a tela.
Essa nova situação deixa Tom Baxter feliz por se ver livre da repetição das mesmas cenas e por estar apaixonado.
Cecília, por sua vez, que está realizando sua fantasia de viver um romance com um cavalheiro apaixonado, delicado.
Como Tom Baxter é um personagem ele vive totalmente fora da realidade e age como se estivesse em um setting de filmagem. Ele está sempre aguardando a ordem do diretor para que a cena seja cortada, após um beijo, por exemplo.
Cecília que está desempregada e cansada de ser desprezada por seu marido, embarca nessa fantasia amorosa.
Incentivado pelos produtores e com medo de perder novos contratos, o ator que fez o papel do personagem apaixonado, viaja até o lugarejo e conquista Cecília com promessas falsas.
Entre viver a fantasia e a realidade Cecília opta pela realidade.
Tom Baxter desiludido volta para tela e o filme que estava paralisado pode continuar.

Esse filme é lindo! Woody Allen capta a função psíquica do cinema que é possibilitar que o sujeito realize suas fantasias sem gastar energia.
Ter um romance com um personagem de cinema: que ser humano, seja ele do sexo masculino ou feminino, já não viveu uma fantasia como essa???
Cecília realiza, em parte, essa fantasia. Digo em parte porque ela opta pelo amor do ator e não do personagem. Ela opta por viver a realidade e não a fantasia. Isso a salva da loucura, ainda que seja a custo de se ver desiludida ao se perceber abandonada por seu novo amor.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Dos filmes que eu vi: A vida no Paraíso

A Vida no Paraíso é um filme sueco de Kay Pollak.
É a história do maestro Daniel Daréus, que sonha em fazer uma música que abra os corações das pessoas.
Daniel é famoso e tem uma agenda lotada pelos próximos oito anos. Sua rotina é estressante. Em um de seus concertos ele tem um colapso, que o obriga a interromper sua carreira.
Para se recuperar do coração ele retorna ao povoado onde viveu sua infância e se oferece para ser o dirigente do coral da igreja.
Quer metáfora mais bonita que essa? Só trata do coração quem busca solucionar seus pontos de fixação infantis que fazem parte de suas formações sintomáticas.
Daniel volta para elaborar seus fantasmas.
Ele, que é todo travado em sua vida pessoal, aprende a andar de bicicleta, com a ajuda de Lena. Ela relembra que ninguém aprende a andar de bicicleta sozinho.
Para aprender a andar de bicicleta a pessoa tem que ter a ajuda de seu semelhante que o segura, o protege e o solta devagarinho, sem que o aprendiz perceba. Ou seja: só sendo amparado pelo outro, em quem se confia, que o sujeito acredita ser capaz de adquirir o equilíbrio necessário para andar de bicicleta. Para andar sózinho ele tem que perder o medo de cair. Só então ele pode descobrir o prazer de ver o mundo equilibrado em cima de duas rodas. Essa cena remete à dependência radical que temos para com nossos semelhantes. Que prazer Daniel demonstra ao vencer esse medo!
A chegada de Daniel ao povoado desagrada à antiga dirigente do coral que perdeu sua função, ao pastor e ao Conny, marido violento da Gabriela, integrante do coral.
Como dizia Guimarães Rosa quanto mais particular é uma história , mais universal ela se torna. Aquele coral é uma metáfora das relações pessoais e sociais. A medida em que o coral vai ensaiando e que as pessoas vão liberando seus recalques, a palavra vai circulando. Isso faz com que cada pessoa vá reconhecendo e elaborando sua própria história de vida, as relações que estabelece consigo mesma e com seus semelhantes.
Suas dificuldades e sofrimentos vão comparecendo ao mesmo tempo em que cantam e se encantam com a música e com a vida. Esse filme mostra, na vida dos diferentes personagens, os sintomas pessoais interferindo nos ensaios do coral.
Vou detalhar alguns recortes que fiz da história.
A realidade de medo de Gabriela, a mulher que apanha do marido e treme ao chegar em casa. A omissão de todos do coral que sabem de sua realidade e que fingem não saber.
O ciúme do pastor pelo sucesso do coral e pelo apreço que os coralistas tem para com o Daniel.
A moça mal falada na cidade por seu comportamento sexual e seu papel afetivo fundamental no coral e na vida de Daniel.
A discriminação e a integração do deficiente mental no coral.
A falsa moral do pastor que se excita com suas revistas eróticas femininas.
A discriminação de um gordo desde a sua infância por um colega do coral.
A vida do pastor e de sua mulher, que também é afetada pela participação dela no coral e por sua revolta, quando o maestro é destituído do cargo por seu marido.
Lena, Arne, Daniel, Olga, Amanda, Inger e todos os outros membros do coral são vozes que ganham vida. Ao falare e cantar eles aprendem a ouvir a si mesmos e ao outro. E percebem "que ficam bravos não com o outro, mas com o que o outro provoca em cada um deles".
A história nos mostra a inveja, o ciúme, a agressividade, a violência, a amor, a solidariedade, o medo, o sonho, a gratidão e tantos outros afetos, sentimentos, tão próprios da vida humana e que comparecem na relação que cada pessoa estabelece consigo mesma e com seus semelhantes.
Isso sem falar das músicas belíssimas e da alegria que os ensaios do coral nos transmitem. Só essas cenas já bastariam para tornar esse filme imperdível!

Pão Italiano de Tabuleiro da tia Tereza

Essa receita aprendi com Tia Tereza, irmã de minha mãe, que morou uns tempos lá na casa de meus pais.

Foi a primeira receita de pão que fiz e deu certo. Isso foi há muito tempo atrás. Hoje não sou nenhuma Babbeth ( vocês já viram esse filme ? É execelente!) mas arrisco bons pratos na minha cozinha doméstica.
Não tivesse eu com cinquenta e alguns anos, poderia dizer que me tornei uma cozinheira de mão cheia! Mas depois dessa idade tendemos mesmo a ficar de "barriga cheia", sejamos boas cozinheiras ou não! Nessa fase da vida é enorme a dificuldade de controlarmos o crescimento da região abdominal, com tudo que vem de acréscimo: colesterol, etc !!!

Bem, chega de conversa fiada. Vamos à receita do pão!


PÃO DE TABULEIRO DE TIA TEREZA
Bater no liquidificador:
  • 2 colheres de sopa de fermento de padaria
  • 3 ovos
  • 1/2 copo de óleo
  • 1 colher de manteiga
  • 2 copos de água norma.
  • 1 copo de leite morno
  • 1 pitada de acúçar
  • 1 colher de sobremesa de sal.

Despejar em uma vasilha.

Acrescentar 1 kg de trigo branco.

Misturar bem com uma colher de pau. A massa fica mole. Não dá para sovar.

Untar um tabuleiro grande com óleo. Despejar a massa .

Deixar descansar 40 minutos e colocar para assar em forno médio.

Esse pão é perfeito para acompanhar um cafezinho rodeado de pessoas queridas.









Frango ensopado à Indiana.

Essa receita de frango é muito apreciada em nossa casa e por nossos convidados. Ela já foi o menu de aniversários e de outras festas domésticas.
Foi Lúcia, minha cunhada, quem me passou essa receita. Gozado é que depois nem ela mesma se lembrava e tive que repassar a receita para ela.
O frango é temperado com curry, que fica divino com creme de leite que é acrescentado na hora de servir.
Sempre que faço essa receita gosto de fazer com o frango inteiro ( em pedaços, claro!), ou com coxas e contra coxas.
De modo geral prefiro as carnes escuras do frango ao peito. São mais molhadas e saborosas. Nessas receita, em especial, essa diferença fica ressaltada.

Frango ensopado à Indiana.
Ingredientes
  • 1 frango de mais ou menos um kilo e meio, limpo e cortado em pedaços.
  • 1 limão
  • 2 cebolas médias
  • sal, a gosto
  • curry a gosto ( aqui em casa a nós gostamos mais picante então eu coloco duas colheres de sopa rasas de um bom curry)
  • 1 maçã verde ( ácida)
  • um punhado de passas
  • 1 banana prata em pedaços.
  • 1 lata de creme de leite

Modo de Fazer

Temperar o frango com sal, limão e curry. Deixar marinar pelo menos duas horas.Dourar a cebola no azeite. Acrescentar o frango e mexer um pouco. Acrescentar os outros ingredientes e deixar cozinhar. Na hora de servir acrescentar o creme de leite.

Essa receita fica divina ! Acompanha muito bem um arroz branco ou integral, com uma salada.

Cabe uma observação: sempre que faço frango retiro toda a pele.

Faço isso por dois motivos. O primeiro é o fato de que, de acordo com o senso comum, os frangos, hoje em dia, crescem à base de hormônios e esses se concentram na pele da ave. O segundo motivo é o tal colesterol. Assim o frango fica mais magro.

Vocês devem estar dando risada pois como um frango com creme de leite pode ficar mais magro!!! Podem rir a vontade pois também acho graça dessas minhas compensações.

Bom apetite!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Dos filmes que eu vi: Simplesmente Martha

Para quem gosta de trocar receitas, assistir a um filme de uma obstinada chefe de cozinha de Hamburgo, Alemanha, pode ser um bom programa.
Simplesmente Martha é um filme da diretora Sandra Nettelbeck.
O filme é a história de uma mulher solteira que vive para o trabalho. Martha é uma chefe de cozinha reconhecida em sua cidade. Ela é perfeccionista e tem o que costumamos chamar de "um gênio difícil". Não suporta nenhuma crítica de seus clientes a seus pratos. Nem demonstra satisfação em ir receber os cumprimentos dos clientes que a bajulam.
Por imposição da dona do restaurante procura um terapeuta. Ela em nenhum momento se questiona sobre essa imposição. Simplesmente repete em seu tratamento as receitas e cardápios que executa em seu dia a dia. Chega até a levar alguns pratos para o terapeuta experimentar. Ao que ela assiste em sua cadeira.
Dois acontecimentos viram sua vida pelo avesso.
Ela se vê obrigada a cuidar de sua sobrinha Lina, de 8 anos, após a morte repentina da irmã. Ao mesmo tempo em que isso está acontecendo a dona do restaurante no qual ela trabalha, contrata Mário, um chefe de cozinha italiano, alegre, para trabalhar com ela.
Para poder se ligar afetivamente à sua tia, Lina precisa viver o luto da morte de sua mãe. Lina tem que vencer uma série de dificuldades para se adaptar a sua nova vida.
Ao se relacionar com Lina, Martha, tão acostumada a seguir receitas, se depara com uma situação para a qual não existe nenhuma receita a ser seguida. Sua sobrinha inclusive se recusa a comer, a despeito dos pratos elaborados que sua tia prepara.
A outra relação que mexe com sua vida é a forma irreverente e alegre como Mário trabalha. Essa alegria faz com que Lina volte a comer e aproxima Mário de Martha. Essa aproximação vai desarrumar não só sua vida como também a cozinha de sua casa, fazendo que ela, literalmente, perca o ar.
A relação afetiva com Mário e Lina possibilita a Martha romper a couraça e quebrar a distância que ela criou para se defender da aproximação das pessoas.
Justo quando eles conseguem superar algumas dificuldades de relacionamento surge o pai de Lina para levá-la para viver com ele na Itália.
Será que Martha vai deixar que a vida lhe roube a felicidade, sem receita, que ela provou e gostou?
Esse filme é o que poderíamos classificar no bordão "cinema é entretenimento".
A história é boa e leve. A diretora trata com delicadeza o tema da morte e o trabalho de luto que foi realizado por Martha e Lina, na busca de reconstruirem uma nova vida.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pão com granola


Descobrir fazendo pão que, com uma boa receita, podemos fazer variações que darão outro sabor ao pão de cada dia.

Foi a partir de um encontro fortuito com Eugênio, que conheço desde minha infãncia, que resolvi fazer o pão granola. Ele é casado com uma francesa e aprendeu a fazer esse pão com uma amiga que recebeu em sua casa.

Mandei email e ele me deu a receita. Era uma receita para uma fornada de seis pães,o que é muito para minha família. Decidi então utilizar a a receita de pão da Telma, uma das primeiras já postadas nesse blog, e fiz as seguintes modificações:

- 5 xícaras de trigo branco. Não use o integral. Com granola fica muito duro.

- Substitua 1 xícara de aveia e 1/2 xícara de farinha de soja ( que eu nunca coloco) da receita original por 2 xícaras de granola - doce ou não. Dependendo se você quer fazer um pão doce ou de sal.

Com essa simples mudança você irá experimentar um novo sabor em seu pão.

Já experimentei esse pão e foi aprovado.

Vai bem com um queijo cottage, geleia, atum...

Bom apetite!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Minha lista de blogs

Estou adicionando na minha lista o blog de Fabíola Cerqueira. Ela é uma profissional da educação da prefeitura municipal de minha cidade que discute a questão da violência na escola.
Vale a pena conferir!

Histórias escritas: As 15 Lições da Pedagogia do Amor

O livro As 15 Lições da Pedagogia do Amor- A arte de construir cidadãos, da Editora Celebris é um livro autobiográfico. É o relato das memórias de um ex-interno da Febem, que passou a viver na rua para fugir do internato.
Roberto Carlos, nesse livro, conta como foi sua vida em um internato-prisão, que era o modelo educacional proposto pela ditadura militar brasileira para as crianças e adolescentes pobres.
Nesses internatos-prisões as crianças e os adolescentes eram privados do convívio familiar e comunitário e desenvolviam todas as atividades diárias no mesmo lugar, com um mesmo grupo de pessoas.
Os internos eram submetidos a uma rotina de castigos e punições. Em seu dia a dia eles eram vigiados, punidos e submetidos a uma rotina de humilhações ficando à mercê de funcionários despreparados que, em muitos casos, se tornavam seus algozes.
Roberto Carlos foi internado com seis anos de idade e sua vida sofreu uma mudança drástica.
A partir de sua internação ele experienciou uma vida de horrores que ele desconhecia e contra a qual se rebelava fugindo diversas vezes. Na instituição ele era taxado de irrecuperável.
Foi seu encontro com uma educadora francesa, Marguerite, que estava de férias no Brasil, que mudou sua vida.
Hoje Roberto Carlos é um famoso contador de história e Phd em pedagogia.
Esse livro vale a pena ser lido por vários motivos. Irei citar alguns deles.
Roberto Carlos conta a história de maneira emocionante. Ele nos faz rir, nos indignar, chorar e torcer para que ele acredite na aposta e no investimento positivo que Marguerite está fazendo nele.
Sua história nos mostra, principalmente, as consequências e os efeitos do trabalho de profissionais despreparados na vida subjetiva de Roberto Carlos.
Tantas outras crianças e adolescentes que vivem em situação de pobreza, abandono ou maltratos e que necessitam serem tutelados pelo Estado, passam pelo mesmo calvário que Roberto Carlos nos descreve. Todavia, nem todas dão a mesma sorte que ele teve de encontrar uma Marguerite, que foi sua fada madrinha, em suas vidas.






quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Dos Filmes que eu vi: Há Tanto Tempo que Te Amo

Um filme que vi, gostei bastante e vou partilhar com vocês é francês, do diretor Philippe Claudel, cujo título é, de saída, equivocante: Há muito Tempo que te Amo.
Não caia na armadilha que o título sugere pensando que a história é sobre uma relação erótica, afetiva, entre um casal. O filme trata do reencontro de duas irmãs, que não tiveram nenhum contato por 15 anos, e do retorno de uma delas ao convívio social e familiar.
Léa era uma criança quando Juliete, sua irmã mais velha, comete, por amor, um assassinato. Durante o seu julgamento Juliete permanece calada. Não se defende, não se justifica. Tal atitude faz com que seus pais e seu ex-marido a rejeitem. Léa fica proibida de ter qualquer contato com sua irmã.
A leitura que faço desse silêncio é que a personagem precisa se deixar prender, sem tentar reduzir sua pena, numa tentativa de aplacar sua culpa.
Juliete passa então 15 anos esquecida, rejeitada, na prisão. Tempo durante o qual que não recebe uma única visita.
Pouco antes do fim do cumprimento de sua pena, sua irmã Léa, é procurada pela Assistente Social e recebe sua irmã em sua casa.
É ai que começa a história que é contada de uma maneira delicada e bastante humana da retomada da relação afetiva e de convivência entre as duas irmãs.
Ao acolher Juliete em sua casa Léa traz de volta seu passado, gerando alguns conflitos com seu marido, que acolhe com desconfiança sua cunhada.
Voltar a conviver com sua irmã também provoca em ambas inúmeros conflitos subjetivos, com cada uma delas e com todos que a rodeiam.
A única pessoa com a qual ela se sente confortável, a princípio, é com o pai de seu cunhado. Ela se identifica ao seu silêncio. Ele perdeu a voz por motivos de saúde.
Juliete se vê olhada e olha a todos com desconfiança e preconceito. Frente a essa desconfiança mútua o filme mostra inúmeras dificuldades que Juliete terá que enfrentar para retornar ao convívio social. A dificuldade de ser reinserida no mercado de traballho é uma delas.
Restabelecer uma relação, bruscamente, interrompida entre as duas irmãs provoca inúmeros desconfortos entre os amigos da família. Eles se surpreendem com a chegada dessa irmã, que ninguém sabia sequer de sua existência. Michel é o amigo que acolhe Juliete de modo especial. Tendo trabalhado como professor em uma prisão durante poucos anos ele percebeu quão tênue é o mundo subjetivo que separa um detento de um cidadão livre.
Destaco a áspera-delicadeza com que as irmãs vão retomando a conversa e a relação afetiva interrompida. A relação que Juliete vai construindo com suas duas sobrinhas, filhas de Léa é outro ponto que destaco no filme. Penso que essas relações podem ser tomadas como um metáfora da relação de Juliete consigo mesma. Devargarinho ela vai saindo da sombra e deixando de ser prisioneira de seu silêncio e de suas lembranças.
Nesse filme podemos assistir a complexidades das relações humanas com seus emaranhados de dor, ressentimento, abandono, raiva, amor, acolhimento, tristeza, culpa, alegria, dúvida, laços de confiança e desconfiança.
É um filme que nos mostra, sobretudo, como sempre corremos o risco de nos equivocarmos quando julgamos um fato ou uma pessoa por sua aparência.
Fica o desafio: reparem a sutileza da cena da qual advém o título do filme.
Bom filme!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Violência sexual contra crianças e adolescentes

Hoje participei, na Câmara Municipal de Vitória (ES), de uma Audiência Pública. O objetivo dessa audiência era sensibilizar autoridades de diversas Secretarias do Município e do Estado para a criação de um centro integrado para o atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual.
Sei que esse assunto é um pouco indigesto para blog que começou falando de receitas, poesias e outras histórias.
Todavia entendo que enfrentar as questões que nos afligem, sejam essas individuais ou coletivas, é uma das melhores receitas em nossa busca por uma vida mais humana e, quem sabe, mais feliz.
Você sabia que é bem grande o número de crianças que são vítimas de violência intra familiar? E que na maioria dos casos o abusador é algum de seus familiares, vizinhos, parentes? Ou seja, alguém que a criança conhece e que frequenta sua casa?
A vitimização de crianças e adolescentes por violência sexual ou maus tratos trata-se, em grande números de casos, de uma morte anunciada. A criança comparece uma vez ao DML (Departamento Médico Legal ) e, meses depois, pode voltar morta.
Os médicos do DML/ES, liderados pelo Dr. Frasson, perceberam isso. Dr. Frasson começou tirando fotos dessas crianças. Essas fotos, sim, são indigestas! Elas mostram o lado obscuro de seres transgressores e perversos que se aproveitam do total desamparo de crianças e realizam, em seus corpos, suas fantasias perversas.
Dr. Frasson, participando de um encontro nacional para médicos legistas, conheceu um centro de referência que funciona em Porto Alegre. E sonhou em implantar esse serviço aqui.
Sabemos que sonho que se sonha junto pode se tornar realidade. Ao sonho de Dr. Frasson juntou-se a Andressa. Essa sonha forte! Ela foi logo marcando reunião, agregando pessoas comprometidas com a defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes. Esse sonho cresceu!
Todavia, além da mobilização social, para a implantação de serviços públicos, precisa haver decisão política. Na tentativa de sensibilizarmos as autoridades é que foi realizada essa audiência pública. Outra audiência já ficou acertada agora na Assembleia Estadual. Sinal de que nosso objetivo está sendo alcançado.
Mudar para melhor a vida de nossa coletividade não seria uma forma de fazermos poesia?
Um abraço.

sábado, 14 de novembro de 2009

Histórias escritas: Pedagogia do Cuidado.

Não gosto só de cozinhar. Cozinhar foi uma necessidade que se colocou em minha história após meu casamento. Tendo aprendido, fui tomando gosto.
Ouvir e contar histórias é uma coisa que gosto desde a minha infância. Quando pego um bom livro e me envolvo na leitura é difícil de tirar minha atenção. Na infância meus filhos, sabendo disso, se aproveitavam dessa minha concentração na leitura. Quando eu estava viajando em um livro, eles me interrompiam e pediam coisas que eu consentia sem ao menos os escutar. Terminada a leitura eu percebia a traquinagem que eles haviam feito com meu consentimento. Fazer o quê?
Adoro ler romances, contos, poesias, crônicas, biografias. Assim vou sendo lida e modificada a cada livro pelo qual me apaixono.
O livro, assim como um filme, uma obra de arte, também tem a função psíquica de possibilitar que o leitor, identificado aos personagens da história, seja lido por eles. O leitor identificado a um ou mais personagens da história sonha, chora, ri, luta, se apaixona, muda a realidade ou se desperta para a ela.
Vou inaugurar esse espaço com o livro Pedagogia do Cuidado, escrito por Celso Antunes e Dagmar Garroux (Editora Vozes). Esse livro conta histórias de vidas de crianças e adolescentes, que frequentam a Casa do Zézinho, situada no Jardim Ângela, na periferia de São Paulo. As histórias narradas nesse livro são o retrato sem retoques da vida de crianças e adolescentes, meninas e meninos, de 6 a 18 anos que vivem uma realidade bem distante da noss@.
Para além da dureza das histórias fica a beleza da forma como a Tia Dag escuta e acolhe a cada um dos Zézinhos. Dessa escuta resulta a construção, com a equipe de educadores da Casa, de estratégias para trabalharem a auto estima daquela população esquecida pelos poderes públicos. São incríveis as mudanças subjetivas decorrentes do trabalho que é desenvolvido ali.
A casa do Zézinho é uma escola que parte da realidade dos educandos, que leva o educando em consideração e que enxerga o saber e as dificuldades que eles portam.
Aqui em casa todos lemos esse livro. Ser Zézinho, em nossa linguagem familiar, se tornou um adjetivo elogioso.
Conhecemos esse livro e esse trabalho no programa Conexões Urbanas, comandado por José Júnior, Coordenador do movimento Afro Reggae, que é um programa que também merece ser visto.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Qual é o lugar do bebê na economia psíquica das mães?

O prédio onde tenho consultório de psicanálise tem uma clínica de pediatria e vários consultórios médicos.
Tal fato faz com que, volta e meia, no elevador, me depare com mães levando seus filhos ao médico.
Recortei três cenas desses encontros fortuitos no elevador, que me interrogam.Esclareço que nem ao menos conheço aquelas mães e seus bebês, que aparentam ter menos de um ano de idade.
A alguns desses encontros assisto calada. Outros são acompanhados de algumas trocas de palavras. Isso porque, em algumas situações, brinco com o bebê ou ajudo a mãe, segurando o elevador, apertando o andar para onde ela está se dirigindo.
Confesso que alguns daqueles encontros me levam a pensar na relação mãe-bebê, tão fundamental para a saúde mental da criança, que precisa receber afeto e limite, à medida em que vai crescendo e sendo educada.
Vou transformar alguns desses encontros em cenas, que descreverei a seguir.

Cena I: uma mãe, impecavelmente vestida, carrega a bolsa do bebê, visivelmente doentinho, que está no colo de uma babá.
Qual dessas relações é a transitória na vida da criança? Criança doente quer colo de quem??

Cena II: uma mãe com uma criança, que aparentava ter uns seis meses, comentou que estava levando a filha no neuropediatra. Eu perguntei a razão e ela me respondeu que a criança precisava de um calmante porque acordava muito à noite!
Será que uma mulher que vai ser mãe não sabe que uma criança acorda à noite???
Cena III: uma mãe com uma criança de, no máximo seis meses, ia levar a criança no gastro. Seria refluxo, tão na moda hoje em dia? Não sei!
Assim que ela saiu uma senhora, que também estava no elevador e aparentava ser uma avó, comentou comigo: hoje as mães tem preguiça até de fazer sopinha para os filhos. As crianças comem desde cedo alimentos industrializados e depois tem problema de estomago. As mães não querem ter trabalho.
Outro dia meu marido escutou uma avó falando para outra no elevador: "mal de mãe é não querer ter trabalho com filho".
Será que está faltando avó na vida das crianças? Dessas que sugerem um chazinho, que fazem massagem na barriga do nenê? Que são palpiteiras e participantes na vida dos netos? Que curtem e cuidam dos netos na ausência dos pais? Que fazem comidinhas especiais para os netinhos?
Não tenho resposta. Todavia essas e outras cenas me interrogam sobre qual é o lugar do bebê na economia psíquica de suas mães.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Bolo integral de chocolate delicioso da Lauri

Essa receita é para atender um pedido de Rachel. Ela comeu esse bolo aqui em casa e pediu a receita. Conheci Rachel na minha adolescência, no primeiro ano do curso científico, quando estudávamos no Liceu, em Cachoeiro, e ficamos amigas.
Ela também é dessas amigas que a gente fica tempos sem se encontrar e quando encontra a conversa flui de um jeito que nem parece que não foi interrompida. Nos reaproximamos via Internet, quando comecei meus emails de minhas receitas testadas e aprovadas, de onde originou a ideia desse blog.
A receita básica desse bolo de chocolate é da Lauri. Ela é nossa comadre. Roberto e eu somos padrinhos dos dois filhos dela: Caio e Janaína, que tem alegrado bastante nossa casa. Isso demonstra o quanto nos gostamos. Ela é minha professora de Yoga. Ela é também Massoterapeuta. Tome cuidado caso você a conheça e ela te ofereça uma massagem como presente de aniversário!
Lauri é uma estudiosa. Ela sabe muito sobre Yoga, alimentação natural, massagem, Tai Chi Chuan, Do In e outras práticas alternativas que fazem bem à saúde. Com ela aprendi a fazer algumas receitas diferentes e gostosas que depois irei passando para vocês.
Esse bolo de chocolate pode ser feito de três maneiras.
Com chocolate gengibre e coco ralado. O gosto do gengibre é forte e nem todo mundo gosta. Desse jeito ele não leva manteiga nem nenhum outro tipo de gordura, além da gordura do coco. Ou só com chocolate, ou com chocolate com nozes.
Nos três sabores esse bolo não leva leite, nem ovos e fica muito bom. Nem precisa de batedeira.
Eu acrescento um pouquinho de café, como vocês poderão ver na segunda receita. Li que um pouco de café forte e sem açúcar no bolo de chocolate deixa o bolo molhadinho. Fiz o teste e passei a acrescentar na minha receita.
Todas as duas são deliciosas e rápidas, como vocês poderão testar.
Receita 1: Bolo de chocolate com coco e gengibre ralado.
Ingredientes
- 1 copo (menos 2 dedos de água morna)

- 1 copo de açúcar mascavo

- 3 colheres de sopa de chocolate em pó amargo, ou cacau em pó

- 1 copo de trigo integral

- 1 colher de chá rasa de bicarbonato

- uma pitada de sal

- gengibre ralado à gosto ( eu coloco um pedaço de mais ou menos dois dedos)

- coco ralado natural( coloco só 3/4 do coco)

Modo de fazer
Colocar a água o açúcar, o coco em um recipiente. Misture com a colher de pau. Vá acrescentando os outros ingredientes. Acrescente por último o bicarbonato.
Unte uma forma furada ou uma pirex ( retangular) de tamanho médio com manteiga.
Deseje a massa . Levar para assar em formo quente, já pré aquecido por 25 a 30 minutos.

Receita 2: Bolo de chocolate da Lauri a minha moda.
- Você vai usar os mesmos ingredientes. Apenas tire o coco e o gengibre e acrescente;
- 1 colher de sopa de manteiga
- 2 dedos de café forte sem açúcar (fiz com nescafé duas colheres e dois dedinhos de água fervida)
Assim terá um bolo de chocolate simples. Se quizer incrementar seu bolo você pode acrescentar:
- 2 dedos ( do copo medida ) de nozes, ou castanhas ou amêndoas picadas.
O modo de fazer é o mesmo da primeira receita.
O modo que a Lauri faz esses bolos é um pouquinho diferente do meu. Ela usa duas vasilhas. Em uma ela coloca e mistura todos os ingredientes secos. Em outra ele coloca e mistura todos os ingredientes molhados. Depois ela junta tudo e mexe bem com uma colher de pau. Acho meu jeito de fazer mais mais simples e suja uma vasilha a menos.
Fique à vontade para escolher o seu jeito de fazer essas receitas.
Aqui em casa todos nós gostamos desses bolos. Espero que você também goste!
Um abraço

domingo, 8 de novembro de 2009

Minha lista de blogs

Hoje tomei coragem e incluí minha lista de blogs.
Estava resistindo em fazer essa coisa tão simples por alguns motivos. Primeiro por minha dificuldade em lidar com essa máquina, já que sou aprendiz de feiticeira. Outro motivo é por eu desconhecer o mundo do blogs.
Entretanto o motivo que penso ser o mais importante era o medo de ser taxada de reacionária. Ridículo isso não é? Mas já explico o porquê.
Adoro o blog de uma cubana chamada Yoani Sánchez. Ela escreve super bem e luta para ter um espaço de livre pensamento na ilha de Fidel.
Nós que vivemos uma ditadura de direita no Brasil, sabemos que seres pensantes ameaçam a qualquer ditadura, não é mesmo? Assim o blog dela é repleto de comentários com os quais não concordo.
Sou a favor do fim do bloqueio comercial/econômico contra Cuba e admiro muitas conquistas do povo e governo cubano. Todavia não sou a favor de nenhuma ditadura. Seja ela de esquerda ou de direita.
Bem vejam no blog da Yoani o que ela escreve. Ele fala de seu cotidiano.
Tem um texto chamado Final de Partida, sobre uma peça de Samuel Beckett, que ela assistiu que é lindíssimo!!
Por que não repartir a beleza e a audacia de uma jovem sonhadora?
Um abraço


sábado, 7 de novembro de 2009

Dos filmes que eu vi: Bem Vindo

Acabei de sair do cinema. Fui assistir a Bem Vindo, um filme de Philippe Lioret.

A história se passa em Calais, na França, cidade que é uma das portas de entrada para Inglaterra, país dos sonhos de milhares de imigrantes.

O filme trata de modo particular da saga dos imigrantes curdos e narra, de um modo poético, a história de um deles.

Toda a narrativa foi construída em torno de dois personagens. Um francês, professor de natação, e o jovem curdo. Esse é um rapazinho de 17 anos que tenta cruzar, a nado, o Canal da Mancha para se encontrar com a namorada, que também imigrou ilegalmente com sua família para Londres.

Quer metáfora mais grandiosa, mais bonita, e que melhor representa a saga de tantos imigrantes que tentam entrar, ilegalmente, em outros países, nos quais nem ao menos são bem vindos, do que alguém que vai ao encontro do amor?

Para além de um sonho, de uma utopia, tão necessária para que possamos reinventar e dar sentido às nossas vidas, esse filme retrata algumas situações de conflitos pessoais e políticos que são inerentes à raça humana.

Dentre os conflitos pessoais alguns chamaram minha atenção. O conflito entre os próprios imigrantes curdos. Entre a ex-mulher do professor e o segurança do supermercado que, no cumprimento de seu dever, impede aos imigrantes de entrarem no estabelecimento. Entre o professor de natação e seu vizinho que o denuncia à polícia. Entre o professor e sua ex-esposa. Entre a namorada do sonhador e seu pai, que arrumou para ela um casamento com um primo rico. E o conflito do professor ao ser confrontado com o desejo do jovem curdo.

Dentre os conflitos políticos destaco a decisão político-administrativa dos países de primeiro mundo de conter as milhares de pessoas, advindas de países pobres, que tentam cruzar, a qualquer custo e risco, suas fronteiras em busca de uma vida melhor. Tal decisão política transforma tantos os imigrantes, quanto seus simpatizantes e defensores em caso de polícia.

À medida que a história vai se desenrolando vemos também como a população da cidade assiste, em sua maioria, passivamente à situação de segregação a que estão submetidos os imigrantes.

É na tentativa de impressionar e reconquistar a ex-esposa, que é uma ativista que distribui alimentos para os imigrantes curdos, que o professor de natação passa a se interessar pela vida do jovem apaixonado.

Desse encontro advém o inesperado, tirando o professor de sua vida de aparente conforto. Como o encontro com um sonhador que busca realizar sua utopia é perigoso! Ele tem o poder de nos desalojar de nossa situação confortável e nos lançar no vazio.

Na busca de realizar seu sonho o sonhador relativiza os perigos da vida e desafia a morte, podendo até, em alguns casos, vir a encontrá-la.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Rosca Doce de Dona Paulina

Dona Paulina é minha mãe. Ela morreu já há alguns anos. Foi com ela que descobri o prazer de sentar em uma mesa farta, rodeada de familiares e amigos, para uma refeição saborosa.
Com ela aprendi também que não se coloca panela na mesa, que a mesa deve ser posta de uma forma bonita, que a comida deve ser servida quentinha.
Com minha mãe aprendi também a alegria e o gosto pela música e pela política. Ela vivia cantarolando marchinhas de carnaval que ainda hoje fazem parte de minha memória musical.
No que diz respeito a política me chamava a atenção o fato de meus pais sempre votarem em candidatos de partidos diferentes. Achava incrível que ela, que era uma dona de casa à moda antiga, submissa ao marido, tivesse, ao mesmo tempo, opinião própria e palpitasse em assuntos considerados, na época, masculinos, como a política.
Comecei a me dar conta do interesse dela por política na campanha dos candidatos Jânio Quadros e Marechal Lott à presidência da república. Naquele pleito saiu vencedor Jânio Quadros, candidato de meu pai, que ela dizia que tinha cara de doido. A renúncia de Jânio, sete meses depois de sua posse, nos mostrou que ela tinha um certa razão: algo não ia muito bem com aquele senhor.
Com minha mãe aprendi também a dividir, não só o alimento, como também outros bens. Sempre que ganhávamos algo novo dávamos algo que já não usávamos mais para os mais pobres. Isso poderia ser brinquedo, roupa, calçado.
Aprendi também a pedir desculpas, a conversar fiado e a rir de algumas coisas da vida.
Muito do que aprendi com ela procurei transmitir para os meus filhos.
Eu gostava muito da receita de rosca doce que ela fazia. Confesso que a minha não fica igual a dela. Mãe é mãe.
Rosca Doce de Dona Paulina
Ingredientes
- 2 copos de água morna
- 1 xícara de açúcar
- 2 tabletes colheres fermento de padaria
- Uma pitada de sal
_ 2 colheres de sopa de óleo
- 3 ovos
- 1 colher de sopa de manteiga
- trigo até o ponto de enrolar (= ou - 1 kg)
- Modo de Fazer.
Dissolva o fermento em 1 copo de água norma e deixe descansar 15 minutos + ou -
Misture 1 copo de água com açúcar com água norma.
Misture com o fermento. Acrescente os ovos, manteiga.
Vá acrescentando o trigo e o sal. O trigo você vai acrescentando aos poucos até o ponto de enrolar. Sove bem. Deixe a massa crescer. Para isso faça uma bolinha com a massa e coloque em um copo de água. Quando ela subir a massa está no ponto para ir ao forno. Divida a massa faça rolos e depois faça tranças - não muito finas e coloque para assar no forno quente. Não é em forno pré aquecido. Não deixe dourar demais pois fica ressecada. Se quiser após tirar do forno umideça e passe no açúcar cristal.
Eu estou aqui sentindo o sabor da rosca doce.
Espero que você também goste.
Um abraço

domingo, 1 de novembro de 2009

Dos filmes que eu vi: A Partida

Alguns temas são difíceis e delicados para serem abordados e se transformarem em uma boa história. A morte é um deles. A relação com o pai também. A Partida, filme japonês do diretor Yôjirô Takita, consegue abordar esses dois temas em um filme belíssimo, que tem boa música, lindas paisagens em uma delicada história.
Um violoncelista, Daigo, jovem e casado, após perder o emprego em uma orquestra na cidade de Tóquio, se vê obrigado a vender o violoncelo profissional e caríssimo que havia comprado e a voltar para a sua cidade natal. Lá não iria pagar aluguel pois havia herdado a casa que fora de seus pais.
Daigo consegue um emprego em uma agência funerária que faz um ritual denominado acondicionamento de corpos. Esse ritual é realizado para pacificar o morto em sua última partida.
Para se manter nesse emprego ele tem que vencer o preconceito de sua mulher e de um amigo. De um modo muito singelo a história vai sendo contada.
Ora nos fazendo rir de algumas situações hilárias, que o personagem é obrigado a se deparar nesse trabalho tão diferente.
Ora nos fazendo chorar, não só pela delicadeza da história, como também pelos pontos que são comuns a todos os seres humanos, independente de sua língua ou cultura, que é a dificuldade emocional, afetiva, que temos de nos separarmos de nossos entes queridos.
Essa dificuldade de lidarmos com a separação se mostra inicialmente no próprio exercício do trabalho do rapaz. Ao acondicionar os mortos ele tem que assistir as despedidas familiares dos que se foram. Em algumas situações essas despedidas trazem consigo alguns conflitos que estavam latentes na família.
Outro sofrimento causado pela dificuldade de nos separarmos de nossos entes queridos advém da dificuldade do rapaz de lidar com o abandono paterno. Elaborar o abandono paterno ou materno é uma das maiores dificuldades que o ser humano tem que enfrentar. Ainda mais quando, como é o caso da história narrada, o abandono ocorre na primeira infância, época em que a criança é totalmente dependente do amor e dos cuidados parentais.
Outra forma de abandono que trata no filme é o abandono às tradições. A cultura japonesa vai mudando e perdendo algumas de suas marcas de diferença como a casa de banho, que está para ser fechada, e mesmo esse ritual de acondicionamento que, pelo visto, não é sempre que é realizado. Seu pai, por exemplo, não iria ter esse ritual.
E na diferença de uma outra cultura, em seu cotidiano, o personagem vai reescrevendo a sua história e resgatando sua relação com seu pai.
Termino mandando uma carta pedra para tod@s leitores. É uma pedra bem lisinha a que eu escolho nesse momento. E vocês?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Bolo integral de banana ou maça da Valéria

Gosto de testar receitas que usam ingredientes integrais. Todavia só repito as que achamos saborosas e que passam pelo crivo de meus familiares e amigos.
Assim tento sempre unir, ao escolher os cardápios daqui de casa, essas duas coisas: sabor e ingredientes que façam bem à saúde. Nesse sentido venho trocando, já há algum tempo, receitas com várias pessoas, e assim vamos experimentando sabores e receitas diferentes.
O que não quer dizer que eu e meus familiares sejamos chiitas e que só comamos ingredientes integrais. Comemos também ingredientes integrais. Aqui em casa todos apreciamos a boa comida independente de ser integral ou não.
Hoje vou dividir com vocês um bolo integral que nós gostamos muito.
Ele pode ser feito com banana d´água , também chamada de nanica ( não sei porque esse nome já que ela é enorme!) ou caturra; ou maçã.
Eu particularmente, assim como todos daqui de casa preferimos esse bolo com banana. Fica mais molhadinho e saboroso.
Esse bolo não leva leite vindo a ser uma boa opção para todos os alérgicos aos produtos de laticínios.
Outra vantagem que esse bolo tem é o fato de ser muito fácil e rápido de fazer. Além de ser dessas receitas que não tem muito como dar errado.
Essa receita quem me deu foi a Valéria, que é uma excelente esteticista com quem faço limpeza de pele.
Bolo de banana ou maçã da Valéria
- 1 xícara de açúcar mascavo
- 1/2 xícara de óleo ( se achar muito pode diminuir 1 dedo)
- 3 bananas dáguas ( ou 3 maçãs)
- 2 ovos
Bater todos os ingredientes acima no liquificador.
Jogar em um recipiente, no qual você costuma fazer seus bolos, e acrescentar aos poucos, mexendo sempre com uma colher de pau:
- 1 xícara de trigo integral
- 2 xícaras de aveia
- 1 colher de sopa de canela
- 1 colher de sopa de pó royal
- 1 banana ( ou 1 maçã) picadinha.
- Passas a gosto.
Untar uma forma furada ao meio. Se a forma for muito grande o bolo fica muito baixinho e menos gostoso.
Assar em forno pré-aquecido por 40 minutos.
Essa receita vai muito bem para um cafézinho.
A água já está no fogo?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A questão do envelhecimento na atualidade

A questão do envelhecimento, principalmente o feminino, na atualidade tem chamado minha atenção.
Nós mulheres nos encontramos atualmente escravizadas a eternizarmos a juventude através de vários apelos que nos chegam de todas as direções. Seja pelo padrão global que domina nosso país, através da rede globo. Seja pelo processo de globalização mundial, que nos impõe uma ditadura das top models, cuja magreza beira a anorexia. Seja pela profusão cada vez maior de produtos de beleza que surgem a cada dia e prometem acabar com todas as rugas a preços estratosféricos. Seja pela gama de ofertas de cirurgias plásticas e de procedimentos médicos ambulatoriais de aplicação de ácidos, botox, dentre outras coisas. Se juntarmos tudo isso parece que encontraremos o paraíso.
Claro que não é muito agradável acordarmos a cada dia e atestarmos a existência da lei da gravidade. Todo ser humano tem, dentre uma de suas fontes de sofrimento, a dificuldade de lidar com seu corpo que envelhece, adoece e morre. E o surgimento das rugas, da flacidez em nosso corpos, nos aponta para nossa finitude vindo a ser, consequentemente, fonte de sofrimento para cada pessoa.
Chama minha atenção como, especialmente, o discurso médico lida com tudo isso.
Estou a procura de um médico dermatologista e tenho sentido uma certa dificuldade de encontrar um profissional que não ofereça já na primeira consulta, essa profusão de procedimentos milagrosos que prometem te remoçar alguns bons anos. Confesso que as ofertas são tentadoras. Entretanto o preço e a repetição quase que semestral de tais tratamentos, além de serem proibitivos para meu padrão econômico, implicariam em cortes para mim e para os meus familiares de férias, viagens, compras de livros, discos, filmes, etc.
Soma-se a isso o fato de que tais procedimentos são acompanhados por duras restrições que, para mim, equivalem a deixar de viver, uma vez que adoro praia. Estou falando de ir à praia para nadar, mergulhar, andar de caiaque, jogar frescobol, caminhar e tudo mais que a vida perto do mar pode nos oferecer de lazer. Claro que tomo alguns cuidados como o uso do filtro solar, viseira, ficar na sombra, na medida do possível.
Todavia ao somar, dividir e multiplicar as perdas e os ganhos que teria ao me submeter a tais procedimentos médicos concluo que, no meu caso, não valeria à pena. Gosto muito de viver e minha vida iria ficar muito reduzida e eu, mal humorada.
Todavia as rugas estão presentes, marcando meu rosto e alterando meu sorriso, que já nem mais mostrava os dentes. Mal sinal. Fazer o quê?
Redescobri por acaso, através de minha filha, que viu na TV, uma matéria sobre a ginástica facial. Eu já tinha colado alguns desses exercícios que haviam sido publicados já há algum tempo em um jornal de Vitória, na porta de meu armário. Incentivada pelos filhos passei a fazê-los diariamente. Não é que meu tônus muscular está voltando?? Meu sorriso já mostra os dentes. E eu estou até bem felizinha.
O que mais me agrada nesses exercícios é a concepção que está embutida neles que o corpo, como é um organismo vivo, pode se regenerar. Claro que com esses exercícios você não irá engrossar as fileiras do exército de Barbie que a cosmeatria e a medicina estão ajudando a proliferar. Mas você pode até voltar a sorrir mais bonito.
Vai de brinde uma série desses exercícios para você. Faço uma dessas caretas e conto até 60 e passo para outra. É bem rápido.
Teste, se assim o desejar, durante pelo menos três meses e depois me diga se você também não vai sorrir mais bonito.