quarta-feira, 20 de abril de 2011

Conversa de elevador

Eram vizinhas e cordiais uma com a outra. Sempre trocavam algumas palavras quando se encontravam no elevador e nas áreas comuns do prédio aonde moravam. 
Outro dia ao se encontrarem no elevador uma perguntou a outra sobre uma tia, que morava com ela. Era uma Sra de 92 anos, doente. Essa tia ficara viúva e, como não tinha filhos, fora morar com a sobrinha.
- Titia? Ela deu um sorrisinho e continuou. 
- Ela está bem. Ela sempre foi doente. Sempre levou a vida gemendo. Sofria disso e daquilo e  o marido ali cuidando. Ele, o marido, nunca tinha tido nada até enfartar e morrer. Ano passado titia quebrou a clavícula operou e  está  aí andando de novo. Ela vai longe . Os meninos lá em casa a chamam de highlander!!
Tem gente assim mesmo. Passa a vida gemendo e vai levando, vai gozando a vida, ou da vida, sabe -se lá!. Outras pessoas, saúde perfeita, às vezes morrem sem nem mesmo ter tido tempo de gemer.
Melhor assim, penso cá com meus botões. Pudesse eu escolher um jeito de morrer seria assim: sem nem ter tempo de gemer. 
Mas da morte nada sabemos. Portanto é melhor deixarmos a morte em paz e nos ocuparmos de cuidar  de vivermos o melhor que pudermos com as pessoas que nos são queridas.
 

2 comentários:

  1. Maria Coelho Mancini21 de abril de 2011 às 16:06

    Ângela,que bom olhar suas crônicas outra vez.
    Adoro sua maneira de escrever.
    Devaqar vou colocando minha leitura em dia.
    Beijão

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  2. Maria é minha amiga de infância, lá de Cachoeiro. Dessas amigas que a gente fica um tempão sem se falar e quando se encontra parece que parou a conversa ontem. Bemvinda!!!!
    Beijinho carinhoso

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