domingo, 28 de fevereiro de 2010

Dos filmes que eu vi: Julie & Júlia

Como esse blog é sobre receitas e eu já havia recebido alguns emails perguntando se eu já havia assistido o filme Julie e Júlia, não poderia deixar de comentá-lo.
Claro que aqui escrevo minhas impressões, nada mais.
Esse filme é baseado na história real de duas mulheres que nunca se encontraram.
A narrativa desse filme se passa em dois tempos diferentes.
A parte da história, que conta parte da vida de Júlia se passa na década de 60, principalmente em Paris.
A outra parte da história se passa em 2003, em um subúrbio de Nova York.
O ponto de ligação entre essas duas histórias é a culinária e a escrita.
Júlia, buscando ocupar seu tempo, enquanto seu marido trabalha na embaixada americana em Paris, se matricula no curso de culinária do famoso Cordon Blue. Ela é a única mulher da sala e tem que vencer o preconceito de todos no curso. Seu desejo e gosto pela boa cozinha são determinantes para que ela tenha persistência e conclua o curso.
Após conhecer duas outras americanas ela passa a dar aula de culinária e a escrever um livro com elas.
Júlia é uma pessoa alto astral, de bem com a vida e aberta a outras culturas. Ela é uma pessoa fora dos padrões de beleza feminina: é muito alta e fala muito esquisito, como se fosse uma caipira. Mesmo assim ela tem uma marido apaixonado e uma vida sexual muito ativa.
Esse talvez seja um dos pontos de sucesso do filme. Diferente da maioria dos filmes americanos nos quais a protagonista é glamourosa e linda, esse filme apresenta uma mulher diferente que é amada e desejada por seu marido.
Julie buscando uma motivação para sua vida, já que ela não se realiza em seu trabalho nem gosta do bairro para onde se mudou no subúrbio de Nova York, se recorda do prazer que sentiu, ainda na casa materna, ao provar uma receita do livro da Júlia, feita por sua mãe.
Na busca desse prazer já obtido e perdido, Júlia faz um projeto de testar todo o livro de receitas de Júlia e registrar sua experiência em um blog.
Claro que isso não se dá sem alguns atropelos e aborrecimentos.
Vale ressaltar que esse filme contextualiza a época em que essas mulheres viveram.
Júlia fez seu curso de culinária em Paris na época do Macartismo, que foi uma campanha feroz anticomunista desencadeada pelo senador McCarthy, que nos anos 60 acusou e investigou milhares de americanos de serem militantes comunistas.
Por ter trabalhado na embaixada americana na China, o marido de Júlia entrou na lista de suspeitos, tendo sido interrogado e absolvido.
Julie, por sua vez, trabalhava atendendo a pessoas que sofreram consequências em suas vidas do atentado de 11 de Setembro.
Para além de testar as receitas do livro de Júlia, Julie a tomou como modelo e desejava ser como ela. Essa idealização possibilitou a ela se descobrir e ter um projeto de vida seu.
Acredito ser esse outro ponto forte dessa história: essas duas mulheres através da culinária construiram um projeto de vida para elas próprias.
Na vida real muitas mulheres, depois do casamento, deixam de ter um projeto de vida independente de seus maridos e filhos. Isso muitas vezes as torna amargas e sem perspectivas. Tal apagamento não é sem consequências para elas próprias e para os que as rodeiam.
Esse filme foi dirigido por Nora Ephron.

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