domingo, 13 de junho de 2010

Dos filmes que eu vi: Pecado da Carne

O filme israelense "O Pecado da Carne", dirigido por Haim Tabakman, é a história de um amor homossexual entre dois homens, de uma comunidade judaica ortodoxa de um bairro de Jerusalém.
Aaron Fleshman (Zohar Straus) é um açougueiro, casado e pai de quatro filhos. Ele segue todos os preceitos da religião judaica e a Torá, que é o livro sagrado dos judeus. Ao reabrir o açougue após a morte do pai e dar trabalho e acolhida ao jovem Ezri ( Ran Danker) vê sua vida e seus valores morais e religiosos virados pelo avesso.
Até a conhecer Ezri, Aaron vivia para a família, o trabalho e para religião. Ao descobrir que seu novo amigo e funcionário é homossexual ele tenta o "salvar" ensinando-o a controlar seus desejos sexuais. Para atingir seu objetivo ele leva o amigo para jantar com sua família e para rezar na sinagoga. Só que as coisas tomam outro rumo. Aaron acaba se apaixonando por Ezri e eles passam a viver uma relação homossexual ardente.
Para viver seu grande amor Aaron começa a chegar cada dia mais tarde em casa. Essa mudança em sua rotina de vida não passa despercebida por sua mulher e pelos seus companheiros fundamentalistas religiosos. Para eles Ezri é uma criatura maligna e representa a "sedução do mal". Por esse motivo ele é proibido de frequentar a sinagoga e o casal é vigiado e perseguido pelos jovens da Delegacia da Moral, religiosa.
Aaron tem seu açougue apedrejado. Cartazes acusando o comportamento dele e de seu parceiro são espalhados pelo bairro.
O que motiva Aaron insistir nessa paixão contra tudo e todos é o fato de o amor o fazer sentir-se vivo.
Em Freud o amor, a paixão, é sempre da ordem da pulsão de vida.
Cabe conferir o desfecho dessa história.

Esse filme vale a pena ser visto pois nos mostra que mesmo no seio de uma comunidade fundamentalista não é o corpo biológico que define o desejo sexual e a sexualidade de um indivíduo. A existência da homossexualidade desde épocas remotas da história atestam esse fato.
A identificação sexual ocorre ainda na primeira infância e vem a ser ratificada na adolescência. A escolha homossexual tem sempre relação com o lugar e a função do pai na história familiar de uma sujeito. Para a teoria psicanalítica o pai é sempre passado pelo discurso da mãe. Pais ausentes, "bananas", alcoolista e aqueles desqualificados por suas parceiras por alguns motivos podem possibilitar nos filhos uma identificação homossexual, seja ela feminina ou masculina.
A homossexualidade não é uma doença. É uma identificação narcísica na qual o sujeito homossexual busca amar seu parceiro ou parceira da mesma maneira que foi amado por sua mãe.
Talvez a homossexualidade assuste tanto por não possibilitar a reprodução da espécie ou talvez por escancarar que o amor, a paixão, foge aos preceitos morais, éticos ou religiosos.
Digo isso porque nesse mesmo filme um casal heterossexual é também discriminado e perseguido por viver um amor proibido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário