quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Histórias dessa roçinha

Arraial d'Ajuda, distrito de Porto Seguro, Bahia, tem sempre boas histórias. O lugarejo por suas praias e magia tem , me foi dito, entre seus moradores , 17 nacionalidades.
Los hermanos argentinos encabeçam essa lista e parece que, depois da cidade de Buenos Aires, aqui deve ter a maior população de argentinos. Disputando, quem sabe, o segundo lugar com  Búzios, que é uma outra pátria Argentina no Brasil.
Italianos aqui tem muitos também. Tem hora que estando em alguns restaurantes deles, parece que estamos em algum lugar da Itália.
Soma-se a essa população os espanhóis, chilenos, uruguaios, mexicanos, suíços, portugueses, holandeses, israelitas, alemães e outros tantos que não estou me lembrando agora.
Outro dia soube  da existência de uma família afegã, também moradora daqui,  que parece estar em guerra constante com a vizinhança.  
Arraial é uma babel, onde  podemos escutar várias línguas em suas ruas e praias.
Além desses estrangeiros temos brasileiros de muitos estados, que migram  e se estabelecem por aqui em busca de uma melhor qualidade de vida.
Como é um vilarejo pequeno as diferenças e esquisitices de alguns de seus moradores são visíveis a olho nu. 
 De uns tempos pra cá aumentou muito o número de pessoas pobres moradores da região de Porto Seguro (Ba) e arredores. Muitas dessas pessoas e famílias eram agricultores que trabalhavam na lavoura de Cacau e chegaram na região  expulsas do campo pela praga , vassoura de bruxa, que acabou com grande parte da plantação de cacau do sul da Bahia. Essa parcela dos moradores chega procurando trabalho que lhes garanta a sobrevivência.
Outros tipos de pessoas, de diferentes nacionalidades, chegam e estabelecem suas moradias chegam por aqui.
Algumas delas chegam para passar alguns dias no verão e ficam deslumbrados com a paisagem e as praias quentinhas do lugar e voltam para trabalhar e ganhar a vida.  
Outros que, motivados pelo mesmo deslumbramento, compram casa ou terreno e esperam se aposentar para desfrutarem da aposentadoria por aqui. 
Outros que se metem com drogas e rock, que é o que não falta por essas bandas, e vão se degradando.
Tem uma camiseta que foi vendida há muitos anos atrás que retrata bem uma parcela excêntrica da população residente aqui. 
A camiseta dizia assim: "Arraial d'Ajuda se cobrir vira circo , se cercar vira hospício. "
 Outro dia fomos dar uma volta na rua do Mucugê , à noite, e ouvimos uma cantora de um bar dizer entre uma música e outra: "você  deve resistir a tudo, menos às tentações!"
 Um Sr. sentado na mesa ao lado da nossa, que parecia ser um turista novo por essas bandas, ria sem parar ao repetir  tal pérola.
Arraial é isso e não é só isso. Arraial é vida e morte. É céu e inferno. É música e silencio. É fantasia e realidade. É barulho de pássaros, de carros, de muitas motos  e de gente. É mar quentinho e terra. É chão batido e asfalto. Tudo junto  e separado. Coberto por muito verde. 
Tudo ali escancarado. Talvez por isso seja esse lugar apaixonante!
Ah, tem uma coisa que considero muito boa por essas bandas: as casas só podem ter a altura máxima de sete metros. Isso graças ao Brasil ter sido descoberto nessas bandas e as rigidas leis de proteção ambiental que existem por aqui.

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