quarta-feira, 10 de março de 2010

Oito de Março: Dia internacional da mulher

Ontem foi o dia internacional da mulher.
Ter um dia específico para a mulher é, ao mesmo tempo, um bom e um mau sinal.
É um mau sinal porque simboliza o não reconhecimento dos direitos sociais, políticos e econômicos para a população feminina. E também porque simboliza que as mulheres ainda não conquistaram a igualdade de oportunidade e de participação desejada. E ainda que esses direitos ainda não são garantidos para muitas mulheres nesse mundão de Deus.
É um bom sinal porque é um dia no qual são comemoradas, em todo mundo, as conquistas referentes aos direitos sociais, políticos e econômicos que foram sendo assegurados pela luta das mulheres.
Digo luta porque sabemos que direito não se ganha, se conquista. E conquista implica união, organização mobilização e ações efetivas na busca pelos direitos que se quer conquistar.
Na época da Constituinte, que aconteceu no fim a ditadura militar brasileira, os movimentos feministas organizaram o chamado Lobby do Baton, para forçar nossos parlamentares a fazerem constar na Constituição de 1988 os direitos das mulheres brasileiras. O lema desse Lobby foi: Constituinte para valer tem que ter os direitos da Mulher.
A coordenação nacional do movimento em favor dos direitos da mulher na constituição criou uma logomarca que achei genial. Era um adesivo de um baton vermelho aberto. O baton era o prédio do congresso nacional e a sua tampa formava as duas cúpulas do congresso. Essa logomarca fez com que esse movimento ficasse conhecido como lobby do baton. Tentei achar essa logomarca na internet mais não consegui, pena! Adorava aquele adesivo. Queríamos ser reconhecidas na nossa diferença e aquele batom-congresso, para mim, significava isso. Quer coisa mais feminina que um baton?
Essa luta liderada pelo movimento feminista possibilitou a inclusão na Constituição de 1988 de direitos sociais importantes para as mulheres, tais como : - a igualdade no casamento, o direito de ter uma propriedade rural, a licença maternidade, o direito da presa de amamentar seu filho, dentre outros.
Claro que da letra da Lei até a aplicação desses direitos na prática tem uma distância e muitas vezes esses direitos teem que ser garantidos na justiça.
Mas como é a Lei social que regula as relações entre os povos de uma determinada nação, ter direitos garantidos na Lei é outra coisa!
Agora como cada uma de nós mulheres subjetiva e vivencia em seu cotidiano essas conquistas só cada mulher, uma a uma, pode dizer.
Eu cá no meu canto fiquei meio sem rumo quando me tornei mulher casada e passei a ser reconhecida como mulher do Cheib. Depois com a maternidade como mãe de Marcelo e Carolina. Como ser isso tudo e continuar sendo eu mesma???
Ocupar esses novos espaços e me garantir como nome próprio não foi tão simples nem fácil. O casamento e a maternidade nos trazem a tal jornada dupla e isso é uma sobrecarga danada. Mesmo no Brasil onde temos, quando podemos, uma empregada doméstica, a responsabilidade da casa, que é muita, cai na maior parte em nossos ombros.
A casa é, desde sempre, o espaço da mulher e tem a cara de sua dona.
Como me identificar com uma mulher e dona de casa diferente de minha mãe, de minhas tias e avós, que viviam só para o lar? Essas e outras questões se colocavam para mim naquela época.
Até escrevi uma poesia que fala um pouco disso tudo, que vai fechando esse texto hoje.
ps: Lembrem-se do que o Fernando Pessoa nos ensinou:" o poeta é um fingidor"..



Sem Título


Ser mulher

é ser o quê?

É pensar e não dizer

ou nem pensar?


É ser sombra do macho

sem ter sombra?


É casar, ser mãe,

dona de casa,

ou não ser nada?


É lavar, passar , cozer ,

até emburrecer?



Ser mulher é ser o quê?

É ser ativa?

É ser passiva?

É não ser?


Ser mulher

é ser o quê?

2 comentários:

  1. Ângela
    Estou aqui em Alto Jatibocas, no interior do ES-município de Itarana,porém mais próximo de Sta Maria de Jetiba devido a topografia de montanhas e o frio delicado, aqui a maioria das mulheres trabalha duro na lavoura, na casa, e sempre me surpreendo com o jeito delas alegres,solidárias e com tempo de serem lideres na Igreja.Tiro o chapéu para elas e de quebra ganho como brinde uma paisagem exuberante, me mostrando que é possível ser feliz.Que bom poder ler seu blog daqui via internet.Chove lá fora, meu marido lembra cauteloso, se trovejar tem que desligar o computador.Ah, os homens ...Bjs Rachel

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  2. Que bom que chegou a internet ai Rachel. Melhor ainda é pensar que podemos ser felizes e ainda desfrutarmos de um bela paissagem.
    Ai a população é pomerana? Os agricultores no Brasil tem uma condição de vida e trabalho que não é fácil! Também admiro essa bravas mulheres que tem uma dupla jornada, pesada, e ainda tempo para fazerem algo pela comunidade.

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