domingo, 2 de maio de 2010

Dos filmes que eu vi: As Mellhores Coisas da Vida

As Melhores Coisas da Vida é filme brasileiro dirigido por Laís Bodanzky (2010).
A história foi filmada em S. Paulo e narra a história de Mano, um adolescente estudante de uma escola secundária, que está vivendo os conflitos próprios a usa idade e é "atropelado" pela separação de seus pais. Digo atropelado porque é comum os filhos se decepcionarem quando os pais se separam e desejarem manter a família unida. Para piorar a situação Mano e seu irmão Pedro são comunicados pelo pai que ele saiu de casa para viver com um homem. Como elaborar essa questão de ter um pai que é gay, para eles próprios e frente aos amigos da escola?
Ser homossexual é um tabu que é visto com aversão e preconceito por nossa sociedade. Como evitar que seus amigos da escola venham a saber disso?
As relações que são estabelecidas entre os estudantes na escola reproduzem os modos de relação existentes na comunidade na qual a escola está inserida.
Copiando a mídia nacional e internacional os colegas de Pedro e Mano com seus celulares, câmaras digitais, emails, quadro de aviso, usam esses recursos para bisbilhotarem a vida alheia e espalharem fofocas maldosas pela escola.
Como elaborar os conflitos pessoais inerentes à adolescencia como a timidez de se aproximar da garota pela qual é apaixonado, aprender a tocar violão, ter a primeira relação sexual, além da separação de seus pais?
Frente a esses dilemas Pedro, que também perde a namorada, responde de maneira diferente de Mano, que consegue ter uma saída mais saudável do ponto de vista psíquico.
Pedro se isola em um blog suicida. Mano, ainda que isole por um período de tempo, logo se reagrupa na escola. As aulas de violão são fundamentais para ele se recolocar frente a vida.
Na escola Mano se junta com colegas e formam uma chapa para concorrer ao grêmio escolar denunciando os preconceitos e a difamação que rola solta na escola fazendo muitas vítimas.
Para retomar a confiança de sua melhor amiga, Carol, Mano passa um abaixo assinado para trazer de volta um professor de física que foi vitima dessas malidicências e foi demitido da escola.
Através dessas ações ele consegue se reinserir no grupo e voltar a se relacionar com seus pais e passa a enxergar o parceiro de seu pai com outros olhos.
Mano protagoniza algumas cenas bem bonitas e humanas. Citarei algumas:
A relação que ele estabelece com seu professor de violão.
A conversa que Mano tem com o irmão sobre sexo. Os dois ali constrangidos e tendo uma conversa respeitosa.
A forma como Mano defende sua amiga Carol das investidas de um amigo que só estava interessado em colocá-la em sua tabela de garotas com as quais já havia transado.
A forma como ele acolhe a dor da mãe que explode lançado ovos pela parede da cozinha.
O socorro que ele presta ao irmão.
O domínio que ele vai adquirindo no violão e na forma de abordar as meninas que o interessam.
A história nos mostram que Mano vai resolvendo seus conflitos e crescendo. Enfrentando suas dificuldades ele descobre que pode ser feliz na vida familiar, afetiva, no convívio com seus amigos e no amor. Que a felicidade não acontece só na infância, como seu pai dizia. Que na adolescencia e na vida adulta isso é um pouco mais complicado, mas não é impossível. Talvez esse seja uns dos motes que dá o título ao filme.
Não bastasse tudo isso o filme nos brinda com a música dos Beatles, Something, que Mano ensaia sem cansar no violão e no final canta para sua amada.
Quer coisa melhor do mundo que escutar o amado cantar: ".. something in the smiles shes knows, that I don't need no other love..." só mesmo um chocolate!
PS: Uma notinha sobre a plateia.
Roberto e eu éramos os mais velhos do cinema. Fora nós só havia uma garotada na plateia.
No nosso preconceituoso espírito aquela garotada que enchia a sala prenunciava bagunça e barulho na sessão que estava por iniciar. Ledo engano. O filme foi acompanhado em silencio, assim como a aula, sempre cheia da professor de física, retratada no filme.
Suponho que a garotada tenha se identificado com a boa história que acompanhou em silencio, sem gracejos ou piadinhas de mau gosto.

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